Faleceu na manhã desta sexta (21) o Sr. Eufrásio Trindade da Silva, de 87 anos, que ingressou no antigo Liceu Industrial de Natal no dia 22 de janeiro de 1937, poucos dias após a lei que transformou as Escolas de Aprendizes Artífices em Liceus Industriais. 

A notícia da morte foi dada à Comunicação Social do Campus Natal Central do IFRN pelo professor Mário Tavares, da Diretoria de Recursos Naturais, que era amigo da família. 

Na época em que entrou na instituição, Eufrásio tinha 12 anos, morava na rua Voluntários da Pátria, Cidade Alta, cursou a oficina de Alfaiataria. Dentre os alunos que foram seus contemporâneos, havia quatro que, posteriormente, ingressaram no quadro docente da Escola Industrial: Pedro Martins de Lima, Paulo Nobre Barreto, José de Góes Vasconcelos e Joaquim Inocêncio Ferreira Filho (Mestre Brinco).

Seu Eufrásio, como o chamávamos, foi um dos primeiros entrevistados do projeto “CEFET-RN a caminho do centenário”, coordenado, entre 2003-2009, pelo setor de Comunicação Social do Campus Central. Na ocasião, revelou que, durante o curso no Liceu Industrial, se destacou nas aulas de desenho, habilidade que lhe garantiu uma vaga de emprego na Estrada de Ferro Sampaio Correia. Revelou, ainda, que desenhou muitas das plantas das casas da sua atual vizinhança, no Barro Vermelho. 

Dentre os episódios marcantes de sua época de aluno, ele se recordava bastante do teste de canto orfeônico realizado pela professora Lourdes Guilherme: “Ela disse: ‘ Venha cá, você. Sente aqui na frente’. Ela era muito alta, então ela pegou um banco alto, a batuta e o diapasão e disse pra eu cantar alguma coisa. Eu disse a ela que nunca tinha cantado nada na minha vida. Ela ficou insistindo e eu dizendo que não, professora, pelo amor de Deus. Mande outra pessoa cantar, que depois eu canto. Então, ela ouviu todo mundo, quando terminou disse: ‘Agora, cante!’. Então, eu comecei a cantar um samba de Orlando Silva”. 

Seu Eufrásio adorava praticar esportes, por isso aproveitou bastante as práticas educativas de educação física proporcionadas pela Escola e pela Natal da década de 40: “Joguei voleibol, futebol, basquete, remei, nadei. Com 18 anos, eu estava quase com setenta quilos”. 

O ex-aluno teve dois filhos que também estudaram na Escola, na época da ETFRN. Esteve presente na reinauguração do prédio da Avenida Rio Branco e em algumas das edições da Festa do Ex-aluno.