Reitor e diretores-gerais pro-tempores discutem funcionamento da Instituição
Diretores destacaram a realidade socioeconômica dos estudantes e questionaram sobre equipe gestora da Reitoria
Publicada em 05/05/2020 ― Atualizada há 1 ano, 8 meses
O Colégio de Dirigentes do IFRN (Codir) se reuniu hoje (5), de forma online, com a presidência do reitor-pro tempore do Instituto, professor Josué Moreira. Na pauta, a discussão de temas relevantes para a comunidade acadêmica do IFRN, como a repartição de recursos oriundos de emendas parlamentares (recursos destinados ao Instituto por deputados, senadores e bancada parlamentar).
Uma das proposições para votação era a distribuição do recurso de R$ 400 mil reais, destinado à assistência estudantil do Campus Natal-Central do IFRN, pela deputada federal Natália Bonavides, entre todos os campi. A distribuição seria feita conforme a distribuição de matrículas, procedimento padrão na Instituição. No entanto, o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional (Prodes), professor José Ribeiro, comentou que não tinha conhecimento sobre o teor da pauta e solicitou as vistas de processo. O diretor-geral pro-tempore do Campus Currais Novos, professor Andreilson Oliveira, explicou que as informações são responsabilidade da Pró-Reitoria pela qual ele responde e da Pró-Reitoria de Administração.
Os diretores-gerais alertaram sobre a necessidade da tomada de decisão de forma urgente, uma vez que os recursos têm um prazo de até 28 de junho para serem empenhados (ação administrativa que garante o pagamento às empresas ou serviços contratados).
Diante do impasse, foi solicitada a participação do procurador jurídico do IFRN, Thiago Nóbrega. O procurador explicou que o Codir é um órgão colegiado consultivo. Como tal, os seus componentes são conselheiros, mas as decisões tomadas são de inteira responsabilidade do presidente, neste caso, o reitor pro-tempore.
A diretora-geral pro-tempore do Campus São Gonçalo do Amarante, Marilac de Castro, destacou que o Codir sempre atuou em regime de colaboração. "Colocamos na mesa todas as informações, trazidas pelas Pró-Reitorias de Administração e de Planejamento, respeitando as especificidades e necessidades de cada campus para a tomada de decisão. Gostaria de sensibilizá-lo sobre os riscos desse ponto ficar travado e não conseguirmos executar o recurso, precisando devolvê-lo. Destaco que isso nunca aconteceu nesta Instituição", afirmou a diretora. A decisão foi adiada para uma data futura.
Os pontos 2 e 3, "Apresentação da nova divisão do recurso da emenda de bancada" e "Plano de ação 2020: recursos da Assistência Estudantil", respectivamente, também foram encaminhados para vistas de processo.
Outro tema debatido na reunião foi a aquisição de alimentos não perecíveis para serem doados aos estudantes em vulnerabilidade social. O diretor-geral pro-tempore do Campus São Paulo do Potengi, professor Renato Dantas, solicitou agilidade nas descentralizações de recursos para os campi e o envio de esclarecimentos sobre outras ações pelo Diretor de Gestão de Atividades Estudantis, professor Samuel Gomes, que integra o Codir, mas não participou nem enviou representante à reunião.
NOMEAÇÃO E EQUIPE
Sobre o ponto 5, "Situação da nomeação do reitor eleito", o diretor Andreilson questionou se o Ofício deferido pelo Consup havia sido enviado à comissão de sindicância da qual participa o professor José de Arnóbio de Araújo Filho, com o pedido de reabertura do processo, como também a resposta da Reitoria ao MPF sobre o pedido de informações sobre a nomeação do reitor eleito. Josué solicitou que o diretor enviasse a solicitação à Procuradoria Jurídica. O reitor pro-tempore explicou que poderia solicitar uma reunião ao MEC para esclarecimentos sobre a situação do IFRN. “Sou uma peça desse processo, mas não respondo por ele”, declarou.
Em relação ao ponto 6, "Equipe de gestão atual da Reitoria", Josué comentou que já tem a equipe completa, mas não nomeou ainda por estar buscando calma nas suas ações. Ele citou que os servidores antes nomeados solicitaram exoneração em razão da pressão sofrida e pela turbulência institucional. O professor declarou que está aguardando a chegada de reforços de Brasília, Tocantins e uma pessoa da Aeronáutica para conduzir a Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (Propi).
O diretor-geral pro-tempore do Campus Parnamirim, Paulo Vitor Silva, informou que circula entre a sociedade mais de 150 notas de repúdio contra a nomeação pro-tempore pelo MEC. “Não é uma briga de Arnóbio. É uma reivindicação de estudantes, servidores e entidades que estão se indignando com essa situação temporária. Esperamos que se resolva logo”, frisou.
Um dos questionamentos do reitor pro-tempore na reunião disse respeito à publicação de notícia no site do IFRN sobre a última reunião realizada pelo Conselho Superior (Consup). O diretor-geral pro-tempore do Campus Canguaretama, Flávio Ferreira, que também ocupa o cargo de conselheiro no Consup, explicou: "os servidores estão trabalhando para dar publicidade aos atos institucionais".
Questionado sobre o funcionamento da Instituição, que no momento encontra-se com cargos vazios em 4 das 5 pró-reitorias existentes e em 1 das 3 diretorias sistêmicas, somando cerca de 30 cargos de gestão vagos nos setores vinculados, o professor Josué citou que o IFRN funciona como uma máquina, de forma praticamente automática e que as solicitações enviadas pelos campi estão sendo analisadas e encaminhadas por ele e pelo pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional.
RETORNO ÀS AULAS
O reitor pro-tempore demonstrou preocupação com o atendimento aos estudantes e com as medidas de retorno às atividades presenciais e às aulas. Ele declarou sua intenção de buscar o retorno de forma online, através das Tecnologias de Informação e Comunicação. Os diretores-gerais lembraram a realidade socioeconômica dos estudantes, que impede a aplicação de tais Tecnologias. De acordo com o questionário socioeconômico respondido pelos estudantes no momento da matrícula, aproximadamente 64% afirmam não possuir computador de mesa (desktop) em casa, enquanto 43% afirmam que não possuem notebook. Além disso, 36% deles afirmam não ter acesso à internet diariamente.
O reitor pro-tempore informou que está fazendo um levantamento, junto com a equipe da Diretoria de Gestão de Tecnologia da Informação (DIGTI), para apresentar uma proposta de retorno online. “Sinceramente, do fundo do meu coração, a minha preocupação é que nossos alunos não tenham um prejuízo tão grande”, declarou Josué. O diretor-geral pro-tempore do Campus Natal-Zona Leste, José Roberto, explicou ainda que, para implementar aulas dessa forma, são necessárias capacitação de servidores e elaboração de material didático próprio, o que leva tempo.