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Das salinas ao sindicato: a trajetória da utopia salineira

Publicada em 23 de Novembro de 2023 às 15:46 Atualizada em 23 de Novembro de 2023 às 11:07

A história da sociedade brasileira exprime as particularidades e as contradições da implantação e do desenvolvimento das relações sociais de produção típicas do capitalismo moderno. Desde os seus primórdios, a nossa formação social sofreu os efeitos do caráter desigual e combinado do desenvolvimento capitalista. Nos diferentes momentos da nossa história, desde o período colonial aos nossos dias, o avanço das relações sociais de produção capitalistas nunca foi acompanhado de um processo simétrico e homogêneo de expansão e afirmação da modernização capitalista sobre o conjunto das várias regiões e dos diversos grupos e classes sociais que compõem a sociedade brasileira.

Essa lógica passiva no desenvolvimento e na difusão das relações sociais de produção capitalistas é reproduzida em escala quase exponencial no Rio Grande do Norte. A inserção da nossa sociedade nos circuitos de circulação e produção capitalista ocorreu através da produção da cana-de-açúcar, da pecuária, da produção algodoeira, da indústria salineira e da mineração. O processo de industrialização era rarefeito e estava circunscrito às pequenas indústrias de beneficiamento dessas matérias-primas. A indústria salineira despontava como exceção porque, apesar de ser composta por grandes, médias e pequenas salinas, era liderada por grandes empresas capitalistas, sediadas no sudeste do país. No processo de produção, colheita e transporte do sal, as grandes empresas salineiras adotavam uma complexa divisão de trabalho, com a contratação temporária de milhares de trabalhadores assalariados, numa condição tipicamente operária.

O livro "Das salinas ao sindicato: a trajetória da utopia salineira" é uma contribuição imprescindível para quem quer conhecer esse inesquecível capítulo da história das nossas classes subalternas. O professor Francisco Carlos demonstra grande e promissora competência intelectual, e sua vocação para a historiografia social, conjugando sua formação de historiador e seu conhecimento sociológico. O livro, que o público leitor agora tem a oportunidade de conhecer, é o resultado de uma investigação científica que combina, com equilíbrio, a serenidade e o distanciamento do pesquisador e a paixão e o arrebatamento do intelectual comprometido com a democracia e a justiça social. Representa, ainda, algo de importante significação: um justo e necessário resgate histórico das nossas próprias origens macauenses.

Autor:
Francisco Carlos Oliveira de Sousa
ISBN:
978-85-89571-29-7

Acesse o livro no Memoria: