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NAPNE

Núcleo do IFRN oferece suporte a alunos com necessidades educacionais específicas

O núcleo de apoio foi criado em 2012.

Publicada em 30/03/2022 Atualizada há 12 meses

Os campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte oferecem apoio às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades) e Pessoas com Transtornos Funcionais Específicos (pessoas com dislalia, discalculia, dislexia e disgrafia).

O suporte acontece através do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Napne), que foi criado por intermédio do Programa TECNEP – Educação, Tecnologia e Profissionalização para Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais e institucionalizado pela Portaria nº. 1533, de 21 de maio de 2012.

Campus São Gonçalo do Amarante

No Campus São Gonçalo do Amarante, o Napne atualmente é coordenado pela técnica em assuntos educacionais Aurizete de Macedo, e acompanha cerca de 26 alunos com necessidades educacionais específicas. Aurizete explana que o núcleo auxilia esses alunos desde sua entrada na instituição. Já na acolhida, as famílias desses alunos são convidadas a participar de entrevistas para que seja possível conhecer a dinâmica e rotina de cada uma.

A servidora diz que, durante todo o ano letivo, a equipe multiprofissional (ledora, psicopedagoga, intérprete de Libras) passa a acompanhar os estudantes de acordo com a necessidade de cada um. Além disso, o diálogo com professores é constante, visando uma melhoria no desempenho dos discentes, promovendo assim a construção do processo de ensino-aprendizagem.

Atualmente o Napne do Campus é composto por uma pedagoga, uma técnica em assuntos educacionais, uma assistente social, uma ledora/transcritora, uma intérprete de Libras, além de docentes, um discente e um membro da sociedade civil. Recentemente, foi solicitada a contratação de mais dois psicopedagogos e um intérprete de Libras.

“Os profissionais especializados acompanham diretamente os alunos em suas atividades acadêmicas diárias.  Até o final de 2021, tínhamos a psicopedagoga, que realizava atendimentos semanais com os alunos visando trabalhar a autonomia dos estudantes, amenizando as dificuldades de aprendizagem, favorecendo, dessa forma, as condições necessárias para a permanência e êxito dos alunos com necessidades educacionais específicas”, complementa a coordenadora.

Discentes assistidas

Quem sentiu na pele essa dificuldade foi Rebeca Pessoa, deficiente visual e primeira aluna cega do Campus São Gonçalo do Amarante. Quando ela ingressou no curso técnico integrado em Logística, em 2018, ainda não havia um suporte tão presente em sua trajetória escolar. Segundo a egressa, uma das maiores dificuldades foi a adaptação de material didático, já que em algumas disciplinas práticas do curso era necessário tatear o material para facilitar o aprendizado. Apesar disso, Rebeca reconhece que alguns professores se empenhavam em ajudá-la.

“Quando cheguei, foi bastante desafiador. Acredito que já existia o Napne, mas era um núcleo quase invisível pra mim. O suporte que tive foi a ledora, que chegou quando eu estava iniciando o terceiro ano. Porém, infelizmente só tive um mês de aula presencial com apoio dela, devido a pandemia”, comenta a estudante. Rebeca seguiu sendo acompanhada pela ledora, mesmo remotamente, até concluir o curso, em dezembro de 2021.

Apesar das dificuldades, Rebeca diz que no seu dia a dia tenta manter a autoestima elevada, embora sinta preconceito vindo de algumas pessoas. Sobre sua experiência no IFRN, ela avalia como boa, por se tratar de uma instituição federal e que oferta uma melhor qualidade de ensino. Além disso, a estudante fala que foi contemplada com um notebook com leitor NVDA (Plataforma para leitura de tela), ferramenta à qual não tinha acesso em outras escolas, o que facilitou bastante no aprendizado. O item foi adquirido em outubro de 2020, com o auxílio emergencial de inclusão digital ofertado pelo IFRN durante o ensino remoto.

Tázia Riedja Costa é aluna do terceiro ano do curso técnico integrado em Edificações, tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). O TEA se refere a uma série de condições caracterizadas por algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem. Por isso, Tázia relata que sente algumas dificuldades com a socialização (para entender o que as outras pessoas estão falando), com a sensibilidade sensorial (incômodo com barulhos, alguns cheiros, toque de pessoas, algumas comidas), além da ansiedade.

A aluna conta que já teve apoio do Napne na figura de Aurizete de Macedo e da pedagoga Daniela Fonseca. Hoje, ela tem maior contato com o núcleo, pois está desenvolvendo um projeto sobre mulheres com deficiência no IFRN com o intuito de melhorar a acessibilidade delas no Campus São Gonçalo do Amarante.

Para Tázia, estudar no IFRN é uma experiência ótima. “O IF é ótimo pra mim, apesar de do desafio no ensino online, porque tenho dificuldade com a internet e de local para estudar, pois não moro sozinha e é difícil o pessoal da minha casa fazer silêncio. Mas agora que tá presencial, é ótimo, porque consigo ver os amigos e acompanhar as matérias. Vou sentir saudades”, finaliza a aluna.

Desafios

Makesia Mayra de Gois é graduada em Letras Espanhol, graduanda em Pedagogia, pós-graduada em Tecnologia Assistiva e Educação Especial (UFGD) e aluna especial de mestrado em Educação Especial. Faz parte da equipe de apoio do núcleo como ledora/transcritora desde o início de 2020, e chegou a acompanhar dois discentes simultaneamente. 

A colaboradora explica que essa atividade acontece em ambiente escolar ou avaliativo com objetivo de facilitar o acesso à informação nas atividades de ensino, aprendizagem e/ou avaliação, sendo função essencial para auxiliar os professores na sala de aula, para que ocorra a mediação entre eles e os alunos. “O papel do profissional de apoio na educação inclusiva contribui com a superação de barreiras por parte do aluno. Além disso, deve ajudá-los nas suas atividades básicas do dia a dia escolar, fornecendo uma grande possibilidade para o desenvolvimento de todas as suas competências”, relata. 

Nesse contexto, Makesia acredita que o Napne é essencial, pois é preciso garantir uma educação de qualidade e eficiente para que os alunos com deficiência possam superar as dificuldades e ser incluídos no processo de ensino. E acrescenta sobre a importância de uma equipe multiprofissional que trabalhe em conjunto com a parte pedagógica, já que as possibilidades de superação desses estudantes são infindáveis e precisa ser um trabalho contínuo junto à comunidade e às famílias para buscar ações e atividades que tenham resultados desenvolvendo potencialidades necessárias para sua vida profissional e pessoal.

Apesar disso, o núcleo também enfrenta vários desafios. Segundo Makesia, o déficit de profissionais especializados em educação inclusiva, a pouca visibilidade dada a pessoas com deficiência e a falta de informação referente aos assuntos educacionais inclusivos são alguns deles. Ela ainda lembra que não há profissionais efetivos com o cargo de ledor na Instituição, por exemplo, e que existe muita burocracia para ser feita licitação de contratos.

“Só conhecer os desafios da educação inclusiva não é suficiente. É necessário também conhecer maneiras de contornar esses desafios e, assim, incluir alunos especiais em instituições públicas e privadas. E a única maneira de vencer as barreiras é a partir do contato com o outro que é diferente e com o desenvolvimento do respeito, por meio da aplicação das competências socioemocionais no dia-a-dia escolar”, conclui a ledora.

 Acesse

Portaria nº. 1533/2012-RE/IFRN

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Palavras-chave:
ensino

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