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Resultados Censo

Comissão local divulga resultados do censo da saúde no Campus

Percentual muito pequeno da comunidade acadêmica testou positivo para covid-19

Publicada em 24/09/2020 Atualizada há 1 ano

Em meio às discussões sobre a retomada das aulas presenciais no Rio Grande do Norte, muitas iniciativas têm sido realizadas para identificar melhor o perfil dos públicos e, assim, subsidiar as decisões quanto a um possível caminho. O Comitê de Enfrentamento à Covid-19, que orienta o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), lançou-se nessa empreitada: decidiu que precisava compreender melhor qual o perfil da sua comunidade e investigar qual percentual já havia tido contato com o novo coronavírus. Os resultados encontrados envolvem dados de estudantes, servidores e trabalhadores de empresas terceirizadas em 22 campi, distribuídos em 18 municípios do RN, totalizando mais de 40 mil pessoas.

No Campus São Paulo do Potengi, a adesão a pesquisa foi considerada satisfatória. Cerca de 63% da comunidade acadêmica (estudantes, servidores e trabalhadores terceirizados), respondeu a pesquisa e informou sobre contato com o novo coronavírus e sobre aspectos relacionados a sua situação socioeconômica, que poderiam gerar implicações num cenário de retomada de atividades presenciais. “Apesar de não existirem ainda, estudos conclusivos sobre a questão das reinfecções ou da imunidade ao vírus, compreender qual percentual da comunidade acadêmica já havia sido exposto seria fundamental para definirmos quais estratégias seriam adotadas no âmbito do Campus”, destaca Renato Dantas, Diretor-geral.

Resultados

Os resultados da pesquisa apontaram para um percentual de incidência de casos muito pequeno. Apenas 1,16% da comunidade acadêmica do Campus foi infectado e diagnosticado com covid-19. Contudo, levando-se em consideração a dificuldade de acesso aos serviços de saúde e aos testes no interior do estado, a pesquisa buscou identificar também, o percentual de indivíduos que apresentaram sintomas sugestivos para a covid-19. Nesse caso, o percentual chegou a 9,5% da comunidade acadêmica. “Esse resultado poderia indicar que a prevalência de indivíduos com síndrome gripal, ou seja, de possíveis casos sintomáticos, foi de quase 10% dos respondentes à pesquisa”, destaca Daniel Oliveira, Médico doCampus.

Outros questionamentos presentes no inquérito versavam sobre o enquadramento da comunidade acadêmica dentro dos critérios para definição dos grupos de risco[1] para a covid-19. Neste quesito, encontramos a informação de que aproximadamente 6,6% dos respondentes são do grupo de risco para a doença. Estratificando os percentuais, temos que 20% dos servidores, 4,3% dos estudantes e 4,76% dos terceirizados são considerados como grupo de risco. “Tais dados chamam a atenção para a necessidade de adequação e ajuste das rotinas dos Campi, privilegiando a manutenção dos indivíduos que compõe o grupo de risco em atividades não presenciais, com vistas à mitigação das chances de contato, tendo em vista as características do ambiente escolar”, ressalta Patrícia Mesquita, servidora e componente da comissão local de enfrentamento à covid-19.  

Outro dado investigado, relacionou-se a identificação das comorbidades mais frequentes entre os respondentes. Os resultados evidenciam que a hipertensão (26,5%) é a principal comorbidade, seguida das doenças pulmonares obstrutivas (23,5%) e da obesidade (20,6%). Além disso, a pesquisa buscou investigar a situação dos respondentes com relação a residência com pessoas que compõe o grupo de risco, levando-se em consideração a alta transmissibilidade do vírus também no ambiente doméstico. Os resultados, demonstraram que aproximadamente 63,2% dos respondentes do Campus São Paulo do Potengi do IFRN residem com pessoas que são consideradas como grupo de risco. Considerando-se os percentuais por tipo de vínculo, 38% dos terceirizados, 57% dos servidores e 65,2% dos estudantes afirmaram residir com alguém que componha algum grupo de risco.

Laura e Maurício são representantes desses mais de 60% de estudantes que residem com pessoas do grupo de risco. Aluna do curso de Meio Ambiente, Laura Viana conta que o pai é portador de uma doença degenerativa e diabético. “Me sentiria responsável por qualquer coisa que acontecesse com ele, principalmente se ele contraísse a covid-19”, afirma ela. Para Maurício Tinoco, aluno do curso de informática para internet, a situação é ainda mais complexa. Residindo em Natal e estudando no Campus, ele se reveza entre a casa dos pais e da avó em São Paulo do Potengi. “Meu pai mora em Natal e é idoso e minha avó é hipertensa e diabética. Me sentiria no mínimo preocupado tendo que ir a São Paulo do Potengi todos os dias, porque colocaria meu pai e minha avó em risco”, destaca ele.

Dados socioeconômicos revelam percentual considerável de deslocamentos

No caso do Campus São Paulo do Potengi, 73,8% da comunidade acadêmica circula entre municípios diferentes para frequentar a unidade. “Com a possibilidade de servidores e estudantes residirem em municípios diferente dos quais estudam/trabalham, entendemos que o uso do transporte público é um problema em potencial, bem como a existência de municípios numa mesma região com situações epidemiológicas diferentes”, destaca Thiago Raulino, presidente do Comitê de Enfrentamento à covid-19 do IFRN.

 

Quando são avaliados os números por vínculo, os resultados demonstram que 96% dos servidores, 72,1% dos estudantes e 14,2% dos terceirizados se deslocam diária ou semanalmente entre municípios distintos. Além disso, 95,2% da comunidade acadêmica se desloca diariamente entre municípios para frequentar o Campus. “Tal dado, demonstra a complexidade do ambiente escolar no qual estamos inseridos, considerando-se as especificidades da pandemia nos diferentes municípios do estado”, afirma Agnaldo França, enfermeiro do Campus.

Sobre o Censo da saúde

O censo da saúde foi uma iniciativa pioneira no estado, realizada em parceria com o Núcleo Avançado de Inovação Tecnológica (Navi) do IFRN, que desenvolveu um sistema para a coleta dos dados entre os públicos e, ainda, uma plataforma para notificação de novos casos. A análise da situação da saúde do Instituto foi planejada para ocorrer em duas etapas. A primeira, já finalizada, levantou os dados de pouco mais de 40% da comunidade acadêmica do Instituto. Esses dados agora estão sendo analisados pelo Comitê – e pelas comissões constituídas nos campi da Instituição – e vão orientar elaboração dos planos de contingenciamento locais nas 22 unidades e na Reitoria, seguindo diretrizes do Plano de Contingência do IFRN, aprovado no mês de junho pelo Conselho Superior (Consup) da Instituição. A segunda etapa está em andamento com o acompanhamento e registro de casos confirmados e sintomáticos da doença. Numa outra fase, a pesquisa deve ser reaberta a respostas quando houver sinalização de condições para um retorno presencial das atividades escolares, ainda sem data prevista. 

 

 



[1] Compõe o grupo de risco para covid-19: idosos, crianças menores de 5 anos de idade, gestantes, portadores de doença imunossupressora, portadores de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, obesos, portadores de doenças pulmonares, neoplasias e alterações cromossômicas.

Palavras-chave:
servidores

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