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Dia do estudante: levantamento revela condições dos alunos do Campus durante a pandemia

Dificuldade de acesso a internet e fatores ambientais são desafios a serem transpostos pelos estudantes e pela instituição

Publicada em 11/08/2020 Atualizada há 1 ano

Aulas presenciais foram suspensas no mês de março por causa do risco de contágio pelo novo coronavírus no ambiente escolar

Há quatro meses com o calendário acadêmico suspenso, em razão da pandemia do novo coronavírus, o dia do estudante deste ano ganhou contornos diferentes. Com corredores e salas de aula vazias e sem condições sanitárias para garantir um retorno presencial seguro as atividades acadêmicas, gestores, docentes e técnicos do Campus estudam formas de garantir um retorno as atividades remotas, sem deixar ninguém para trás.  

A preocupação da equipe do Campus nasce do conhecimento sobre a realidade de boa parte dos alunos, que já se encontrava em situação de vulnerabilidade antes do começo da pandemia, e, ainda, dos números apresentados após o levantamento realizado com os estudantes sobre o acesso às tecnologias educacionais e condições de estudo em suas casas.

A pesquisa, que tem como objetivo o acesso a todos os 917 estudantes regularmente matriculados no Campus São Paulo do Potengi do IFRN, conseguiu até o dia 30 de julho contactar cerca de 80% dos estudantes e segue em andamento. “Seguimos trabalhando para conseguir acessar os 20% que ainda não responderam. A maior parte desses alunos, reside na zona rural, em regiões que não tem internet e muitas vezes, sem sinal de telefonia móvel de qualidade”, destaca o diretor acadêmico do Campus São Paulo do Potengi, Ricardo Marques.  

Mesmo com a pesquisa não finalizada, os dados coletados até agora já evidenciam as dificuldades que precisarão ser resolvidas antes de um retorno remoto dos alunos, para que a população mais vulnerável não seja ainda mais penalizada. Cerca de 10% dos respondentes afirmaram que não possuem internet em casa. Dos que possuem internet em casa, 15% acredita que a internet que possuem não permita um acesso adequado a vídeos e plataformas de aprendizagem.

Além disso, menos de 30% dos estudantes contam com um computador, notebook ou netbook. A maioria, 60%, conta somente com o smartphone ou tablet para acessar a internet. Somam-se aos desafios, as condições ambientais para os estudantes, já que mais de 50% dos respondentes alegou que não possui um espaço silencioso, individual ou específico para o estudo. “Um ambiente silencioso sem possibilidades de distração sonora ou visual é de extrema importância na execução de um plano de estudo individual. A concentração nesse processo é algo fundamental para a realização das atividades acadêmicas” explica Geraldo Generoso, técnico em assuntos educacionais do Campus.

Outra questão que preocupa é como se dará o atendimento aos estudantes com necessidades especificas do Campus. Atualmente, cerca de 24 estudantes são acompanhados por possuírem condições transitórias ou definitivas que impactam em seus processos de aprendizagem, como deficiências físicas, visuais ou transtornos de aprendizagem. Neste contexto, os desafios que precisam ser assumidos para o retorno passam pela promoção das condições de acesso aos alunos. “Até hoje, a Pró-reitoria de Ensino não apresentou nenhuma proposta para a retomada do ano letivo. Estamos trabalhando sem orientações sistêmicas e sem conseguir avançar em pontos como a assistência que deverá ser prestada aos cerca de 10% dos estudantes que não tem acesso a internet em casa e ainda, a grupos como os estudantes que residem em zonas onde não existe sinal de internet e celular e os estudantes que possuem algum tipo de deficiência”, destacou o Diretor Acadêmico do Campus.

A falta de diretrizes e soluções para os problemas dos estudantes do IFRN, preocupa também os alunos. Mara Sales, estudante do primeiro ano da licenciatura em matemática, explica que está incluída no percentual de estudantes que possuem acesso a internet em casa, contudo ela ainda acredita que não tem boas condições para estudar. “Eu me coloco como exemplo, eu tenho acesso à internet em casa, mas ela é muito instável. As vezes não consigo acessar nem aplicativos de mensagens. Além disso, não tenho um ambiente propicio ao estudo. Sinto dificuldade de concentração, tem muita gente dentro de casa e acabo me desconcentrando. E os meus colegas que não tem nem isso, como farão para acompanhar as aulas?”, questiona.

Apoio será fundamental para a retomada

O destaque positivo no levantamento das informações é o percentual de alunos que afirmou que tem apoio familiar ou de amigos para estudar em casa que passa dos 70% e dos estudantes que afirmaram que contam com pelo menos quatro horas disponíveis para estudar, que são aproximadamente 60% dos respondentes. “Nosso compromisso com a comunidade acadêmica é muito sério. Precisamos tomar decisões e promover as condições para que todos os nossos alunos tenham condições de acompanhar, independente do formato, a retomada do ano letivo”, destacou o Diretor-Geral do Campus, Prof. Renato Dantas.

Palavras-chave:
ensino

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