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Campus Santa Cruz

Estudante do IFRN narra experiência como Jovem Embaixadora

Rarielly passou 22 dias nos EUA, sendo ponte entre a cultura americana e a brasileira

Publicada em 07/02/2017 Atualizada há 1 ano

Rarielly Virgínia Medeiros é aluna do 4° ano do Curso Técnico Integrado em Mecânica do Campus Santa Cruz do IFRN. Em 2016, ela foi selecionada como Jovem Embaixadora do Brasil nos EUA. Para exercer a missão para a qual foi escolhida, passou 22 dias em diferentes cidades americanas. Rarielly voltou para o Brasil neste domingo, 5 de fevereiro, e contou para gente como foi a experiência.

Qual o período em que você esteve nos EUA e em quais cidades?

Antes de chegar nos Estados Unidos, ficamos 5 dias em Brasília, fomos à embaixada americana participar de uma entrevista para pegar o visto e conhecermos alguns pontos turísticos. Nos outros dias, participamos de várias palestras que nos prepararam para o “choque cultural” que estava a nossa espera. Todas as atividades foram realizadas na casa Thomas Jefferson, em Brasília. Quase todas as noites, íamos a restaurantes com o perfil americano, já para nos preparar para mudança do hábito alimentar. Viajamos aos EUA na madrugada do dia 14 de janeiro e só voltei dia 5 de fevereiro. Na verdade, ainda me sinto lá... Preciso voltar ao Brasil, a minha realidade. Acho que ainda estou em êxtase.

Passei por várias cidades americanas, começando por São Francisco/Califórnia, Lake Tahoe em Nevada, Pensacola/Flórida, Nova Orleans/Louisiana, e, por último, em Washington DC.

Quais atividades desenvolveu lá?  

Foram várias atividades, todas de inclusão.  Participei de trabalhos voluntários, como o banco de comidas, que é a organização e distribuição de comida enlatada para as famílias de baixa renda – onde as pessoas vão até a casa pegar suas caixas de alimento. Fui a uma casa que acolhe pais de crianças que ficam internadas em um hospital próximo dali, na verdade, acolhe as famílias dessas crianças. A casa é patrocinada pelo McDonald's - Ronald McDonald House Charities of Northwest Florida - lá fizemos kits de brinquedos para distribuir com as crianças que ficam na casa.

Participamos de vários workshops, através dos quais, de fato, desenvolvíamos trabalhos, como mapas de conceito, gráficos que possibilitam identificar e solucionar problemas da comunidade.  Cada jovem embaixador tem a responsabilidade de desenvolver um projeto de inclusão para colocar em prática no Brasil. 

Os dias eram bem cheios, repletos de palestras, visitas a escolas, a universidade, fomos a pontos turísticos e em alguns núcleos de inclusão como o ARC GATEWAY, que ajuda pessoas com transtornos mentais/psiquiátricos, e um reformatório, onde foi possível fazer uma apresentação sobre o Brasil/IFRN/NAPNE. 

Como foi a experiência?

Incrível, inesquecível. Só em falar já me emociono. Foi maravilhosa! Aprendemos bastante, não só sobre um outro “mundo”, mas muito mais sobre conhecer a si mesmo, como ser um ser humano melhor. Aqui no Brasil eu nunca saí sozinha, para onde vou é com os meus pais, e de repente tive que me virar sozinha, tanto em Brasília como nos EUA. Aprendi a cuidar de mim. 

O que mais te marcou durante a viajem?

As amizades que construí, tanto com brasileiros como com americanos, tudo que conheci, aprendi e vivenciei. Não há o que mais marcou, tudo me marcou, não sou capaz de esquecer cada segundo vivido nesse último mês, nunca esquecerei de nada. Todo dia era algo diferente, nada se repetia, apesar de estarmos sempre no mesmo grupo, sempre conhecíamos pessoas novas.

Posso dizer que uma coisa me chamou muita atenção: fui a várias instituições que ajudam o próximo sem interesse e sem fins lucrativos, bem diferente da realidade que vivencio aqui em Santa Cruz. O único lugar que vi um pouco desse “humanismo” foi no Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) do IFRN.

Como foi o processo de seleção?

Cansativo, extenso, na verdade, desesperador, conheci várias pessoas que já tinham passado por isso mais de uma vez e não tinham conseguido passar, pessoas com mais “experiência” que eu e estavam sendo reprovadas.  Este ano foram quase 19 mil inscritos, então o desafio foi gigantesco, e a cada etapa aprovada, ao invés de eu me tranquilizar eu ficava mais nervosa e ainda mais ansiosa. Eu não acreditava que poderia.  O que me deu confiança, além da minha fé, porque eu rezava muito, muito mesmo, foi principalmente o apoio que recebi do IFRN, especialmente o apoio de Andreza Luna, a coordenadora do NAPNE, as diversas palavras de fé e encorajamento que ela me dava me fizeram acreditar que eu poderia ser uma Jovem Embaixadora. Eu tinha medo de comentar com as pessoas que eu estava na seleção, eu pensava que elas me diriam palavras negativas que iriam me desmotivar, e eu acreditaria nelas, também não gosto de criar expectativas nos outros, porque depois ficam nos pressionando a dar um bom resultado, eu tenho muito medo de decepcionar as pessoas.

O ensino e os projetos que você teve acesso no IFRN ajudaram de alguma forma a ser selecionada?

Totalmente. As aulas de inglês com a professora Valeska Rocha da Silva sempre foram maravilhosas e produtivas. Mas, o que mais me deixou confiante, que me fez ver que eu era capaz de conversar em inglês sem medo foi o contato que tive com a professora Patrícia Tenório, cidadã americana, filha de um diplomata da ONU, que esteve por três meses como voluntária do NAPNE Santa Cruz. Ela me mostrou um pouco da cultura americana e como eu poderia melhorar o meu Inglês. Quanto aos projetos, posso dizer sem dúvida alguma, que se não fosse a Capacitação básica em LIBRAS, projeto de inclusão do NAPNE, eu não teria sido uma Jovem Embaixadora.   

Posso dizer que as aulas de História que tive aqui no IF não foram apenas aulas, estavam nos ensinando a sermos seres humanos melhores. Assim como todos os nossos professores que não ministram só aulas acadêmicas, eles nos formam como seres humanos.   E eu só pude perceber isso, ter a certeza, depois que estive em um país de "primeiro mundo".

Participar do Núcleo de Inclusão e do projeto de Libras me mudou como ser humano, foi quando eu passei a ter um olhar para o “outro” e também passei a me conhecer melhor, entendi que é importante dedicar um pouco do meu tempo aos outros e não só a mim mesma.

O Programa Jovens Embaixadores mudou de alguma forma os seus planos para o futuro? Se sim, como?                        

Com certeza. Eu cito o que Simon, um dos primeiros jovens embaixadores do programa, que hoje trabalha na Universidade de Chicago, disse em Brasília: “nós só sonhamos com o que conhecemos". Com a experiência, acabamos conhecendo coisas novas que entram em nossos planos para o futuro. A gente conheceu melhor algumas profissões como a diplomacia, que eu não conhecia tão bem, como outras profissões que se encaixam no perfil de um Jovem Embaixador. Com isso, acabamos tendo uma visão diferente do que queremos seguir no futuro. Ideias começam a aparecer a partir da vontade de mudar a nossa realidade, pois o que nos torna o que somos é a capacidade de olhar cada coisa boa de um lugar diferente e querer levar para a nossa comunidade. Tenho também o plano de voltar a viajar e rever todos aqueles que deixamos não só nos Estados Unidos, mas em cada estado brasileiro.