Entre os dias 28 de abril e 6 de maio deste ano, pesquisadores e estudantes do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires (UBA), na Argentina, realizaram uma série de atividades conjuntas no âmbito de um projeto de pesquisa internacional. A iniciativa investiga as trajetórias de acesso, permanência e êxito acadêmico de pessoas trans negras e indígenas na pós-graduação brasileira, com ênfase nos programas de mestrado e doutorado da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.

A equipe é composta por professores, mestrandos e doutorandos vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional (PPGEP) do IFRN e ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED) da UFRN. Participaram da missão à Argentina o professor do IFRN, Avelino Neto; a doutoranda Carolina Costa (PPGEP); o professor da UFRN, Azemar Soares; e o mestrando João Sol (PPGED). O grupo foi recebido pela professora Anahí Ghelman, da UBA, que esteve em Natal no início de abril para participar de eventos científicos promovidos pelo PPGEP, incluindo o III Simpósio Práticas Pedagógicas e Formação Docente na Educação Profissional e a II Jornada Internacional “Diversidade em Contextos Educativos”.

Durante a estadia em Buenos Aires, o grupo realizou reuniões no Instituto de Ciências da Educação da UBA com pesquisadores, gestores e estudantes. Também visitaram instituições de Educação Profissional e Tecnológica da capital argentina, aprofundando o intercâmbio acadêmico e a análise comparativa entre os sistemas educacionais dos dois países.

De acordo com o professor Avelino Neto, o objetivo da pesquisa é contribuir com a elaboração de políticas públicas mais inclusivas: “Dar visibilidade às histórias de pessoas trans no ensino superior é essencial para garantir condições de permanência e êxito acadêmico”, afirmou. O professor Azemar Soares Júnior destacou que os resultados poderão colaborar diretamente com instituições e com o Ministério da Educação (MEC).

Segundo Carolina Costa, o projeto já realizou um levantamento do estado do conhecimento sobre o tema no Brasil e na Argentina e mapeou os programas de pós-graduação que adotam cotas para pessoas trans: “Agora entraremos com o projeto no Comitê de Ética em Pesquisa do IFRN, e na sequência iniciaremos as entrevistas com estudantes e egressos trans desses programas”, explicou.

Com financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio do Edital nº 16/2023 do Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento, o projeto viabilizou a mobilidade de duas doutorandas do PPGEP e um mestrando do PPGED, além de missões técnicas de professores e coordenadores da proposta. Um novo edital de seleção para estágios na UBA será publicado ainda em maio, conforme anunciado pelo professor Avelino Neto. Entre os bolsistas já beneficiados, a doutoranda Larissa Souza (PPGEP) relatou os impactos da experiência internacional. “A oportunidade de viver uma experiência acadêmica e cultural na América Latina fez toda a diferença na minha formação”, afirmou.

O IFRN mantém acordo de cooperação com a Faculdade de Filosofia e Letras da UBA desde 2022, e a parceria se insere nas ações de internacionalização da instituição. “Iniciativas como essa reforçam nosso compromisso com a integração acadêmica latino-americana”, destacou o professor Samuel Lima, diretor de Relações Internacionais do IFRN.

A pesquisa é desenvolvida pelos grupos de estudo Observatório da Diversidade (IFRN/CNPq) e Observatório das Heterotopias (UFRN/CNPq), que promovem investigações voltadas aos processos de exclusão e resistência de populações vulneráveis no contexto educacional e social.