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Por dentro do IFRN: entrevista com o pró-reitor de Administração

Juscelino Medeiros exerce a função desde 2011

Publicada em 14/08/2017 Atualizada há 1 ano

"Nosso trabalho é dar as condições para que as coisas aconteçam"

Pró-reitor de Administração desde 2011, Juscelino Cardoso de Medeiros é contador de formação, mestre em administração e já foi coordenador de Finanças, coordenador de Contabilidade, gerente de Manutenção, diretor de Administração e assessor de Planejamento no Instituto Federal do Rio Grande do Norte.  De uma família de 11 irmãos, todos nascidos em Marcelino Vieira, Alto-Oeste Potiguar, Juscelino chegou a Natal há quase 40 anos, para estudar e trabalhar. No IFRN desde de 1984, ingressou no serviço público federal através de concurso público na antiga Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte - EFTN, para a função agente administrativo.

Para saber mais sobre as atividades da Proad, conversamos com o Pró-reitor. Na entrevista, publicada abaixo, Juscelino falou sobre dedicação à instituição, desafios da gestão atual e sobre a situação orçamentária e financeira do Instituto.

Como definiria o papel da Pró-Reitoria de Administração

A Pró-Reitoria de Administração (Proad) tem um o papel indispensável no sucesso nas organizações: é de fundamental importância na elaboração e execução orçamentária da Instituição. No IFRN, somos atividade-meio, é de nossa responsabilidade institucional dar todas as condições necessárias para que o Ensino, a Pesquisa e a Extensão possam executar suas atividades no tempo certo e, assim, manter a Instituição como a referência nacional que é. As funções administrativas que executamos são complexas e contínuas, precisamos observar as legislações e cumpri-las. Enfrentamos muitos entraves, percalços e dificuldades no dia a dia, por isso é desafio diário manter a qualidade que temos em relação à execução dos nossos processos, considerando que já temos uma marca registrada de uma instituição célere, transparente e organizada em tudo o que faz. Este sucesso que acredito termos é fruto de muito trabalho e dedicação de todos que fazem a Instituição e a Pró-Reitoria de Administração.

A Proad tem o respeito de todos que fazem o IFRN. Motivar, qualificar e manter uma equipe do porte da Proad e Diretorias de Administrações dos Campi é uma tarefa desafiadora que procuramos cumprir com muita serenidade, humildade, determinação e colaboração de todos. Considero que somos verdadeiramente uma equipe, sei também que tenho as minhas limitações, mas sempre peço ao Senhor que me ilumine nas minhas decisões, afinal, nosso trabalho é dar as condições para que as coisas aconteçam.

Quanto tempo coordena a Administração                       

O meu ingresso na instituição se deu em 1º de agosto de 1984, completamos 33 anos de trabalho só no IFRN. Ao me apresentar para o trabalho, fui selecionado para trabalhar com o professor Mariz, com quem aprendi muito e ainda continuo aprendendo. Na época, a ETFRN estava admitindo cinco novos funcionários e foi um momento importante de nomeação de muitos servidores. Fui, então, trabalhar na área de planejamento como agente administrativo, mas como eu era estudante de contabilidade na UFRN, com essa condição, busquei mudar de setor e logo estava trabalhando na área de contabilidade da administração, na qual estou há anos. O IFRN sempre deu as condições para que eu e outros colegas pudéssemos nos capacitar e aproveitei muito bem isso. Concluí a graduação, fiz especialização e mestrado ao longo desse tempo. Assumi várias responsabilidades de coordenar pessoas para trocar experiências, aprendermos juntos e ao mesmo tempo cumprirmos as nossas responsabilidades. Tenho como objetivo e prática dividir as responsabilidades e valorizar a colaboração de todos, ou seja, procuro que cada um se sinta muito bem no ambiente que trabalha.

A estrutura da Proad e das Diretorias de Administração é complexa, numerosa e operacional, afinal, somos 21 unidades administrativas. O desafio é manter toda essa equipe entrosada para que os processos possam tramitar com a transparência, lisura e celeridade que citei antes, e acredito que temos obtido sucesso. Ao longo desse tempo como gestor público, sempre executamos 100% do nosso orçamento anual com responsabilidade e economicidade. A prova disso é que não temos nenhuma denúncia de corrupção, de desvio, de proteção ou de perseguição a alguém. Assim, nesses 12 anos, o que construí, junto com meus colegas, foi uma boa base e estrutura sólida para dar suporte às demandas de Ensino, Pesquisa e Extensão.

Quais os principais desafios                       

Um planejamento flexível com uma equipe motivada e capacitada são condições necessárias para o sucesso organizacional e é isso que buscamos fazer sempre, é o nosso desafio diário: planejar e replanejar bem, dividir os recursos orçamentários de uma forma que possa atender às necessidades de cada unidade de ensino e dos setores administrativos envolvidos.

A nossa política administrativa vigente é de trabalharmos de forma descentralizada, o que nos permite autonomia e celeridade em cada unidade de ensino. Por outro lado, essa adoção exige mais servidores em cada unidade, para tocar as ações inerentes à execução orçamentária, financeira e patrimonial. Atualmente estamos superando essas limitações com o compartilhamento da realização dos certames licitatórios; com relação à parte orçamentária, a utilização de restos a pagartem sido importantíssima para cumprir todos os nossos contratos de prestação de serviços continuados.

O nosso maior desafio atual é tentar fazer o mesmo ou mais com os mesmos recursos orçamentários recebidos anualmente. Para isso, estamos elaborando estudos para racionalizar despesas com a adequação dos nossos contratos à realidade orçamentária, uma ação que vem recebendo atenção especial sob a perspectiva da diminuição das despesas com energia elétrica, por exemplo: a implantação de usinas fotovoltaicas em todos Campi tem reduzido despesas na área em aproximadamente 30%. Além disso, há a readequação dos contratos continuados. Assim, teremos condições de honrar todos os nossos compromissos com os nossos prestadores de serviços em dia e com a instituição funcionando.

O maior prazer em desenvolver essa atividade                       

Trabalhar no IFRN foi, e sempre será, um orgulho para mim, considerando que ingressei na instituição com apenas 22 anos e ao longo desse tempo aprendi muito, tanto como profissional, como cidadão. Desde a chegada na ETFRN, na época, uma instituição de apenas uma unidade, temos vivido muitas fases e, em particular, essa da grande expansão de suas atividades para todo o Rio Grande do Norte. Foram momentos de grandes desafios e felicidade para todos nós. Implantar e consolidar todas as unidades não foi nada fácil, foram muitos esforços do grupo gestor e de todos os funcionários, mas, fazendo uma retrospectiva, verificamos que valeu a pena todo o esforço, dedicação e persistência: interiorizamos nossa instituição. Hoje é-nos dada a certeza de que muitos filhos de trabalhadores poderão ter acesso a uma instituição pública, gratuita e de qualidade e, assim, mudarão sua condição social e econômica. Essa é uma das maiores satisfações como servidor público. Acredito que o tempo é quem trará as histórias de sucessos de pessoas e famílias que tiveram o IFRN como sua instituição de ensino.

Todas as nossas unidades de ensino estão em suas sedes próprias, situação incomum para os demais institutos. Com uma estrutura quase ideal, essa expansão se deve às políticas adotadas nos últimos governos. No entanto, a atual situação nos preocupa e muito: será que iremos nos manter com a mesma qualidade?

Em suma, fazer com que o IFRN chegue ao maior número de filhos de trabalhadores é possível, e ofertando um excelente ensino profissional. A nossa instituição é um orgulho, tanto para quem trabalha como para quem estuda, e ainda para o povo deste estado. Acho que como gestor público tenho uma pequena parcela nesse processo, afinal, nós fazemos parte deste case de sucesso, sendo instituição de renome e credibilidade nacional com a qualidade que nós temos, como a vocação para formação dos nossos alunos para o mundo do trabalho, para o empreendedorismo e etc, a determinação e a vontade de fazer as coisas acontecerem é o nosso objetivo.

Dados sobre o IFRN hoje: recursos e contingenciamento                       

A nossa instituição, como as demais instituições de ensino no país inteiro, teve um momento de muita expansão e crescimento: passamos de duas unidades para 21. Somos, inclusive, o único Instituto do Brasil que aproveitou e cumpriu todas as etapas de expansão das unidades físicas. Houve um momento no qual construímos, ao mesmo tempo, seis campi no Rio Grande do Norte. Isso na época em que havia muitos recursos orçamentários e poucos recursos humanos para tocar essa expansão. Hoje, a realidade orçamentária é outra. Se analisarmos os números dos nossos orçamentos de 2014 a 2017, é possível verificar que 2014 o orçamento de custeio e capital para a nossa unidade foi de R$ 85.359.939,00 (oitenta e cinco milhões, trezentos e cinquenta e nove mil e novecentos e trinta e nove reais), para o ano de 2015, tivemos um montante de R$ 108.205.482,00 (cento e oito milhões, duzentos e cinco mil e quatrocentos e dois reais), um crescimento de R$ 22.845.543,00 (vinte e dois milhões, oitocentos e quarenta e cinco mil e quinhentos e quarenta e três reais), para o ano 2016, tivemos o montante de R$ 98.953.719,00 (noventa e oito milhões, novecentos e cinquenta e três mil e setecentos e dezenove reais), uma redução da ordem de R$ 9.251.763,00 (nove milhões, duzentos e cinquenta e um mil e setecentos e sessenta e três reais) e para o ano de 2017, tivemos o montante de R$ 96.023.788,00 (noventa e três milhões, vinte e três mil e setecentos e oitenta e oito reais), mais uma redução de R$ 2.929.931,00 (dois milhões, novecentos e vinte e nove mil e novecentos e trinta e um real), ou seja, estamos com o orçamento praticamente de 2014, se aplicarmos apenas a redução da inflação, considerando que nossas atividades, despesas e números de contratos cresceram bastante, considerando ainda que em 2014 tínhamos apenas 16 unidades.

Essa é mais uma dificuldade a ser enfrentada como gestor público do IFRN. Precisamos administrar e dar respostas as nossas comunidades acadêmicas e de servidores, e para complicar ainda mais do orçamento anual aprovado na Lei Orçamentaria Anual – LOA, fomos surpreendidos com um contingenciamento imposto pelo Governo Federal de 15% do nosso orçamento de custeio e de 40% do nosso orçamento de capital que totaliza um montante de R$ 18.572.080,00 (dezoito milhões, quinhentos e setenta e dois mil e oitenta reais). Além disso, do orçamento que dispomos, só foram liberados 70%. A notícia dos 5% a mais do Governo Federal para as instituições federais de ensino não afeta o contingenciamento. Quer dizer apenas que, do orçamento que nos foi reservado para este ano, ao invés de 70%, podemos trabalhar agora com a cota de 75%.

Considerando que as coisas são cíclicas, aproveitamos muito bem o tempo da bonança orçamentária, efetuamos nossa expansão física e agora estamos preparados para atravessar essa nova realidade nas finanças, contando com uma boa equipe gestora para vencer esses desafios. A realidade orçamentária é grave e as expectativas para os exercícios futuros é preocupante. Iremos, contudo, retrabalhar nosso planejamento para que não sejam sacrificadas as partes principais do fazer institucional. Para isso, teremos de diminuir e até deixar de fazer algumas atividades que seriam importantes, em função da redução no orçamento e desse contingenciamento imposto. 

Face a todo o quadro de restrições exposto, acreditamos que a gestão do IFRN, em conjunto com seus servidores, alunos e prestadores de serviços, encontrará saídas que permitam-no continuar sendo um órgão que oferece o ensino público gratuito e de qualidade para todos os nossos alunos, mantendo o status de instituição referência nacional e orgulho estadual.