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Instrumento criado por professor do IFRN é desenvolvido na Universidade do Minho

Papirofone é composto por tubos de alumínio cobertos por uma membrana de papel

Publicada em 11/08/2021 Atualizada há 1 ano

O professor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Arlindo Ricarte Júnior, completou, em janeiro deste ano, o programa doutoral em Engenharia Mecânica na Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM). Durante sua estadia na instituição, ele foi pesquisador do Centro de Engenharia Mecânica e Sustentabilidade de Recursos (MEtRICs), onde desenvolveu o papirofone, instrumento musical da família das marimbas e dos xilofones.

Após quatro anos na instituição portuguesa, o professor voltou ao Brasil para dar continuidade à “aventura musical” iniciada com a criação de um instrumento que funcionasse como “veículo de educação musical para jovens alunos”. “Havia duas formas distintas de trabalhar a educação com o instrumento. Uma delas na vertente pedagógica, através das oficinas de construção e dos aspetos matemáticos e físicos do próprio instrumento, e outra na vertente da educação musical, associada a um componente mais profissional”, explica Arlindo Ricarte.

A ligação com a Universidade do Minho (UMinho) começou em 2013, através de um convênio com o Instituto de Educação, unidade orgânica da UMinho. Arlindo iniciou, em formato de Ensino a Distância, o estudo de algumas disciplinas e criou pontes para que se desenvolvesse uma proposta artístico-cultural, em solo português, que envolvesse pesquisa. Dada a sua formação em Engenharia Elétrica, o professor aprofundou seu conhecimento em torno do instrumento, mais concretamente em acústica, na EEUM.

Tendo como orientadores da tese José Meireles, professor auxiliar do Departamento de Engenharia Mecânica da EEUM, e Octávio Inácio, diretor da InAcoustics, criou-se uma nova abordagem para o tema. A derivação para a área da mecânica fez surgir novas exigências ao estudo, que, em ambiente laboratorial, captou e observou a vibração dos tubos, da membrana e dos dois componentes acoplados no instrumento. Arlindo não tem dúvidas ao afirmar que a sua presença nos laboratórios “despertou outras possibilidades". O pesquisador acredita que o estudo “tenha aberto a porta a outros estudos na área”.

Como nasceu o instrumento

Arlindo explica que, certa vez, havia um instrumento na chuva. Foi aí que ele percebeu que, quando molhadas, as teclas perdiam o “teor metálico”. A partir daí, o professor passou a realizar experimentos, molhando as teclas, adicionando guardanapos úmidos, para que a água permanecesse por mais tempo sobre o instrumento.

Em certo momento, Arlindo decidiu substituir os guardanapos por uma folha de papel, abrangendo, dessa forma, mais teclas. Ao tocar o instrumento com baquetas, na região coberta pela membrana de papel, o professor concluiu que o timbre era alterado e seu volume tornava-se mais agudo. “Foi a partir dos laboratórios da UMinho que se procurou investigar o que provocava a alteração de timbre, a ampliação do som e a definição da percepção da nota musical”, contou.

Papirofone entregue à ministra da Cultura do Brasil

“Constituído por tubos de alumínio cobertos por uma membrana, como se fosse um telhado”, é o que garante ao papirofone a diferença dos demais instrumentos da família dos idiofones de lâmina. A membrana confere-lhe uma “alteração significativa do timbre (torna-o menos 'agressivo' e mais 'aveludado'), uma amplificação do som produzido e uma melhoria da definição da percepção da nota musical associada”.

O instrumento cativou, em agosto de 2011, a então ministra da Cultura, Ana de Hollanda, em visita ao IFRN para conhecer os projetos culturais desenvolvidos. A governante recebeu das mãos do professor um exemplar do instrumento e viu o trabalho realizado nas oficinas onde os participantes aprendem a fabricar e tocar o papirofone. Arlindo lembra que, naquela época, “havia no Brasil uma aposta na cultura muito forte, com a expansão da estrutura de apoio e a criação de uma área de produção cultural e de extensão à comunidade. Foi nesse contexto que conseguimos dar expressão ao projeto do papirofone e o que me deixou muito orgulhoso”.

Comercialização e grande concerto no horizonte

Arlindo Ricarte quer agora “reestruturar o caminho do instrumento", para que auxilie educadores e músicos de uma forma mais consolidada. Com baixo custo de produção associado, a ideia do seu criador é “colocar o papirofone ao serviço da sociedade”. “O objetivo é otimizá-lo de acordo com o que estudei na UMinho, trabalhá-lo em função das disciplinas que leciono atualmente e depois comercializá-lo”, sublinha.

O professor admite a existência de dois tipos de papirofones: “Uns mais pequenos, com o objetivo de ajudar no componente educativo, e outros maiores, para utilizar em bandas de música, por exemplo”. Estes últimos abrem outras perspectivas, como, segundo o pesquisador, a produção de um espetáculo com vários papirofones usados ao mesmo tempo. “Seria um orgulho enorme e algo que me emocionaria, sem dúvida”, diz, revelando ainda que o projeto, a médio prazo, é ambicioso e envolve “a gravação simultânea de um álbum que junte o instrumento a vários estilos musicais”.

Com informações do Jornal Online UMinho.

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