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Pesquisa e Inovação

IFRN realiza mesa-redonda sobre mulheres na Pesquisa

Evento fez parte do II Encontro do Comitê de Pesquisa e Inovação do IFRN

Publicada em 15/03/2021 Atualizada há 1 ano

Encontro está disponível do canal do IFRN Oficial no YouTube

A Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação do IFRN (Propi) promoveu, nos dias 8, 9 e 10 de março, o II Encontro do Comitê de Pesquisa e Inovação (Copi) do IFRN. O evento foi realizado de forma online, em detrimento da pandemia do vírus SARS-CoV-2, e transmitido pelo canal do YouTube IFRN Oficial.

Durante a abertura, a mestre de cerimônias e assessora de Comunicação Social e Eventos da Reitoria, Clara Bezerra, dirigiu uma fala a todas as mulheres: “Destacamos o dia como um momento de relembrar e de reforçar a necessidade de luta para que nós, mulheres, possamos ocupar os nossos espaços de existência e de trabalho com liberdade, desejo, autonomia e reconhecimento, a fim de transformar as bases da sociedade e das nossas relações profissionais e pessoais em experiências de respeito, democracia e realização”. Na oportunidade, estiveram o reitor do Instituto, professor José Arnóbio, e o pró-reitor de Pesquisa e Inovação, professor Avelino Neto.

No dia 8 de março foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. Diante disso, o professor Avelino Neto apresentou alguns dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), referentes ao Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro: “Apesar de os números de mulheres com bolsa de Iniciação Científica, e também com as de Mestrado e Doutorado, seres superiores aos dos homens, as mulheres representam, apenas, 33% de bolsistas, do total de produtividade em Pesquisa do CNPq”. O pró-reitor trouxe ainda a informação de que, nas áreas de Ciências Exatas, Engenharia e Computação, essa desigualdade é ainda maior, pois 75% dos artigos em áreas como Computação e Matemática são assinados por nomes masculinos.

Ainda segundo o professor Avelino, embasado em informações da Unesco - agência da Organização das Nações Unidas (ONU) voltada à Educação, à Ciência e à Cultura - estima-se que somente 30% do total de cientistas do mundo todo sejam do sexo feminino. "Esse dado atua como reflexo de que entre o total de estudantes com matrícula em cursos de Ciências Exatas, Tecnologia, Engenharias e Matemática, apenas 35% são mulheres", disse.

O relatório do CNPq, apresentado pelo pró-reitor de Pesquisa e Inovação, explica que a pesquisa sobre gêneros, envolvendo as desigualdades nas áreas citadas acima, destacou que a busca por equilíbrio entre a carreira profissional e a vida pessoal interfere na produtividade de publicações e no avanço das mulheres. Segundo o relatório, elas, ao contrário dos homens, estão sujeitas a uma maior probabilidade de abandonar o caminho acadêmico, por motivos como a licença-maternidade, a rotina doméstica (geralmente mais pesada para a mulher) e a maternidade, onde, não raramente, empresas rejeitam candidatas que sejam mães.

Participação e  Divulgação Científica

O pró-reitor de Pesquisa e Inovação ressaltou ainda que, embora os fatores que geram os dados apresentados sejam uma construção histórica e social, o CNPq vem, desde 2005, atuando no Brasil para ampliar a participação feminina em carreiras cientificas e tecnológicas, como ações de Divulgação Científica que apoiem a entrada e permanência de meninas nas áreas de Ciências Exatas, Engenharia e Computação, prorrogação de bolsas para mães bolsistas e inserção da data de nascimento de filhos no Currículo Lattes, o que resultou na suplementação de cerca de dois milhões de meninas nas áreas apresentadas. Outros 35 projetos serão implementados ainda neste ano de 2021. “Temos ainda um longo caminho a percorrer pela igualdade de gênero na Pesquisa e Inovação Tecnológica e na produção científica brasileira. Nossos parabéns não são parabéns românticos, mas, sim, parabéns de luta. Parabéns que precisam de transformação social, que precisam de iniciativa. É isso que estamos tentamos fazer hoje com a iniciativa desta mesa-redonda”, destacou Avelino Neto.

O reitor do IFRN, professor José Arnóbio de Araújo Filho, em sua fala, reforçou a importância de trazer o tema “Mulheres na Ciência” para o centro do debate e, ao parabenizar as mulheres pelo dia 8 de março, compartilhou das palavras do professor Avelino Neto. “Não é numa perspectiva de alegoria, mas, em uma perspectiva de luta, porque as desigualdades são imensas. Se num país como o nosso, em que a desigualdade social impera (segundo a Síntese de Indicadores Sociais, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE –, o Brasil é o nono país mais desigual do mundo), para o universo feminino, essa desigualdade é ainda maior. Então, é preciso que a gente saia dessa perspectiva romântica e entre em uma outra, um outro olhar para o universo feminino, nas universidades, nos institutos federais, nas escolas e na sociedade como um todo”, declarou o reitor.

Mesa-redonda

As professoras Francinaide Nascimento (coordenadora de Pós-Graduação do Instituto) e Gabriela Raulino (coordenadora da Editora do IFRN) mediaram a mesa-redonda “Pesquisa, Inovação e Gênero na Rede Federal: desafios e possibilidades”, na manhã do dia 8. Na oportunidade, marcaram presença o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), André Romero, que também é o presidente do Fórum de Dirigentes de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da Rede Federal (Forpog), e a pró-reitora de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação do Instituto Federal do Pará (IFPA), Ana Paula Palheta.

Palheta destacou a desigualdade de gênero que persiste na sociedade, na política e na ciência e levantou a questão sobre de que modo os institutos federais estão agindo para que a reprodução de um imaginário que coloca a mulher em uma situação de inferioridade no campo cientifico se torne uma superação da humanidade, com relações horizontais, e não verticais, em relação à igualdade de gênero.

Ana Paula exibiu para os que acompanhavam a transmissão do evento dados sobre a área de Pesquisa no âmbito da Rede Federal. Foi mostrado que há 41 instituições, 13 polos de Inovação, mais de 9 mil projetos de Pesquisas, mais de 37 mil grupos de Pesquisa e 65 programas de Pós-Graduação stricto sensu. A professora explicou que, em meio a toda essa estrutura da Rede Federal, existem o que ela classificou de desafios contemporâneos, relacionados a gênero e Pesquisa, sendo eles: a invisibilidade acadêmica; a construção de ambiente acadêmico; e a participação na gestão.

Após discutir sobre cada um dos desafios contemporâneos, Ana Paula Palheta expôs algumas estratégias para a diminuição da desigualdade de gênero, sobretudo da participação feminina na Pesquisa. Segundo ela, a primeira estratégia para que haja mais mulheres em postos de gestão e atividade de Pesquisa é a atuação em rede: “Não é mais possível falarmos de presença feminina de modo individual. É necessário pensarmos de forma ampliada”. A professora ainda comemorou a participação masculina na mesa-redonda, afirmando a importância do diálogo, sendo a igualdade de gênero um assunto de interesse democrático.

O segundo ponto estratégico abordado foi a compreensão das estruturas científicas. “Precisamos compreender que, de modo algum, teremos uma mudança significativa sem que possamos operar, por exemplo, na Rede Federal, orientando, para que nossas meninas e mulheres, sejam elas discentes ou servidoras, tenham condições de atuar em Pesquisa e Inovação”.

A pró-reitora de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação do IFPA revelou a terceira estratégia para elevar o número de pesquisadoras: a criação de indicadores de acompanhamento. “Não podemos nos manter invisíveis por mais tempo. Hoje, a forma de estarmos visíveis no mundo é sermos traduzidas em números. Quantas mulheres são líderes de grupos de Pesquisa? Minha Instituição possui esse número? Quantas mulheres publicaram no último ano? Esses indicadores da participação feminina precisam ser muito bem observados e cuidados.

Foram apresentados, ainda, projetos e prêmios destinados a mulheres na área das Ciências Exatas, Tecnologia, Computação e Engenharia: o Projeto Construindo a Igualdade de gênero (2006), o Programa Meninas Digitais (2011), o Projeto Pioneiras da Ciência no Brasil (2013), a chamada pública Meninas e Jovens fazendo Ciências Exatas, Engenharias e Computação (2013) e o Prêmio Carolina Bori (2019), além de iniciativas isoladas de institutos e universidades federais.

Dando continuidade à mesa-redonda, o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), André Romero, contextualizou a produção de medicamentos, feitos sob anos de pesquisas. O pró-reitor ainda partilhou com os espectadores os feitos do Ifes, como sua evolução no período de 11 anos no número de estudantes (de 13.886 para 33.112), em cursos técnicos (de 57 para 126), em cursos de Graduação (de 15 para 60) e cursos EaD (de 1 para 19), além do número de especializações, Mestrado e Doutorado.

O pró-reitor expôs um gráfico sobre os gêneros de docentes e servidores do Instituto Federal do Espírito Santo, entre 2017 e 2019, e destacou que, entre bolsistas e voluntário, a porcentagem de igualdade entre a participação masculina e feminina é próxima aos 50%. Realidade diferente, comparada aos números de coordenadores e orientadores, onde a maioria mostra-se masculina. “Essa disparidade acaba refletindo que há a necessidade de se pensar, até mesmo nos processos de concursos públicos, para que possamos reduzir essa desigualdade”, disse André Romero.

Em um momento de responder perguntas feitas pelo público que estava acompanhando o evento, o professor André Romero falou sobre a importância de oportunidades de formação acadêmica para as mulheres: “A qualificação de mais mulheres em áreas científicas é importante, porque, se não houver a formação em certas áreas, vamos continuar tendo a mesma situação. Não muda. Não vamos conseguir mudar um cenário que é calcado em um machismo terrível”, disse.

A abertura do II Encontro do Comitê de Pesquisa e Inovação do IFRN está disponível do canal do YouTube IFRN Oficial.

Palavras-chave:
pesquisa
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