Nesta segunda-feira, 15, o curso "RN Antirracista" teve o seu primeiro dia de programação no Hotel Holiday, em Natal. O evento é uma iniciativa do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) e da Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e do Lazer do Rio Grande do Norte (Seec), e objetiva uma formação continuada de 90h para fortalecer a Educação para as Relações Étnico-Raciais nas redes de ensino estaduais.

O assessor em Educação Étnico-Racial do IFRN, professor Gilson Junior, ressaltou a importância de cursos como esses para a manutenção e desenvolvimento da educação brasileira: “eu falo como um professor potiguar, que todo Brasil é constituído em cima do machismo e racismo, entretanto o Rio Grande do Norte tem alguns aspectos específicos que tomam os desafios ainda maiores. O fato é que pessoas negras e indígenas tiveram a existência negada. Por isso, oferecer um curso chamado RN Antirracista fala de um caminho que a gente quer saber. É uma iniciativa que vem da demanda e uma carência do Estado”.

Da mesma forma, o reitor do Instituto, professor José Arnóbio, destacou a importância da instituição estar presente no debate antirracista: ”o IFRN foi a primeira instituição do Brasil a trabalhar com o sistema de cotas sociais, isso ainda em 1994. Então é uma temática que é fundamental para a nossa instituição”.

A representante do Ministério da Educação (Mec), Lara Vilela, explicou que vem acontecendo um trabalho árduo para a implantação das leis que se comprometem com uma educação inclusiva e acessível para estudantes negros e indígenas.

Programação

A abertura do evento foi marcada por uma mesa que trazia representantes das instituições que articulam o curso. Dentre os participantes, estavam representando o IFRN o professor Gilson Júnior, o reitor José Arnóbio e o diretor-geral do Campus Natal Zona-Norte, Edmilson Barbalho.

Após a mesa de abertura, foi efetuado uma conferência com Petronilha Beatriz, roda de conversa com o Cacique Dioclécio Mendonça e momento cultural com Jô Bay. Além das atividades, durante todo o evento, ocorreu uma exposição fotográfica do projeto "Trevo de Quatro Folhas Negro".

Um destaque é para a participação da professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, referência nacional na luta pela educação antirracista. Em sua fala, a professora explicou como o ensino brasileiro excluía ou ignorava os estudos sobre a população e a história das pessoas negras e indígenas.

As disciplinas, segundo ela, necessitam de um olhar, pertencimento e representações para educar de maneira étnico-racial. “Nós estamos construindo um projeto de nação, pois os preconceitos são ensinados, mas do mesmo jeito nós podemos ensinar que existem diferentes maneiras de ser uma pessoa, todas igualmente valiosas”, ressaltou Petronilha.

O segundo dia promete uma programação variada, com mesas-redondas, oficinas, intervenções culturais e debates com especialistas.

O curso

A iniciativa trata de uma formação interdisciplinar em Educação para as Relações Étnico-Raciais, fruto da parceria entre o IFRN, Seec, a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação (MEC), no âmbito da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (Pneerq).

Segundo Gildon, o principal objetivo é implementar ações e programas educacionais voltados à superação das desigualdades étnico-raciais e do racismo nos ambientes de ensino, bem como à promoção da política educacional para a população quilombola. O público prioritário é formado por gestores, professores, funcionários e estudantes.