O Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) lançou, na última segunda-feira (02), um projeto voltado para a Educação de 60 apenados do sistema penitenciário do Rio Grande do Norte. A ação pedagógica permitirá a redução da pena por meio de atividades de leitura e de escrita. O projeto será realizado em parceria com o Tribunal de Justiça do RN (TJRN), a Fundação de Apoio ao IFRN (Funcern) e a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap).

Com o objetivo de promover a cidadania e garantir os direitos das pessoas privadas de liberdade, o projeto “Círculos de Leitura e Escrita: contribuindo para a transformação de vidas por meio da educação“, irá ofertar atividades educacionais de leitura e de produção de textos, utilizando literatura nacional e internacional. 

Entre as atividades oferecidas aos apenados, destacam-se: oficinas de redação, com sensibilização e realização de leitura e escrita focadas nos gêneros textuais resumo e resenha;  e oficinas de produção de texto, com a realização de círculos de leitura, baseados em obras literárias pré-estabelecidas, trabalhadas por meio de diversos recursos, como música, pintura, poesia e teatro, com a escrita de uma redação sobre a obra literária lida. 

O Círculo de Leitura e Escrita já tem o calendário de atividades definido até janeiro de 2022. Por meio de encontros virtuais, que acontecerão a cada 10 dias, cada obra lida será acompanhada por um professor-formador. O projeto acontece em três etapas para cada obra: o primeiro momento é a leitura, então é realizada uma discussão em sala de aula e, por fim, a produção escrita acerca da obra. Os 60 alunos envolvidos estão distribuídos entre a Penitenciária Agrícola Dr. Mário Negócio, em Mossoró; o Presídio Estadual do Seridó, em Caicó; e a Cadeia Pública de Caraúbas. 

O lançamento do projeto aconteceu de forma virtual e contou com a participação do diretor-geral do Campus Natal - Zona Leste do IFRN, professor José Roberto Oliveira dos Santos; da professora Edneide da Conceição Bezerra, coordenadora da Universidade Aberta do Brasil no IFRN; da desembargadora Zeneide Bezerra, vice-presidente do TJRN e presidente do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF /TJRN); da juíza da Vara de Execuções Penais de Mossoró, Cínthia Cibele; do juiz Fábio Ataíde, representante do programa Novos Rumos; de Emerson Cortez, coordenador geral de projetos da Funcern; além de participantes do projeto e dos magistrados responsáveis pela Execução Penal nas Comarcas de Caicó e Caraúbas.

Educação nos presídios 

De acordo com a professora do IFRN e coordenadora do projeto, Edneide Bezerra, desde 2017 a Instituição vem desenvolvendo projetos de educação junto ao sistema prisional do estado: “Hoje somos uma das poucas instituições no Brasil e a única no estado que faz a tríade de ensino, pesquisa e extensão no sistema prisional. É uma experiência pequena e pontual, mas nós entendemos que são projetos pilotos que vão nos ajudando a construir um grande projeto de educação para o sistema prisional”, explicou.

A coordenadora ressaltou a importância do momento e agradeceu aos envolvidos no projeto: “Não existe um novo rumo sem reflexão e não existe reflexão sem educação. As pessoas que estão no sistema prisional precisam sim de disciplina, mas também de educação, para que eles pensem em novos projetos de vida. Quero agradecer aos diretores dos presídios e aos agentes que fazem esse trabalho acontecer. É uma grande rede de colaboração para que esse projeto seja viabilizado. Quero também dizer para os alunos da importância deles, existem muitas trocas e aprendemos muito a fazer educação prisional também com eles. Nós que fazemos educação não vemos presos, vemos alunos e entendemos que toda pessoa vale mais do que o que ela já fez. Entendemos que podemos transformar vidas e podemos sim construir novos projetos de vida com essas pessoas”, finalizou Edneide.

Representando o reitor do IFRN, professor José Arnóbio, o assessor de Extensão e de Relações Internacionais do IFRN, Samuel Lima, parabenizou as instituições pelas parcerias realizadas: “Temos a certeza que o projeto contribuirá significativamente para a transformação de vidas, para processos de ressocialização por meio da Educação, e para a promoção das novas Ciências Humanas para o Século XXI. O IFRN se encontra sempre aberto ao diálogo e à disposição para colaborar com esse projeto de excelência que está sendo lançado hoje”, declarou.

Sobre os Círculos de Leitura e Escrita

O Projeto "Círculos de Leitura e Escrita" é uma idealização do IFRN e uma iniciativa do TJRN, por meio do "Programa Novos Rumos", do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF/TJRN) e da Vara de Execução Penal da Comarca de Mossoró, desde 2019. 

O projeto apresenta, desde o seu início, atividades de leitura e escrita que promovem a remição das penas, ao longo de seis meses, através de oficinas mensais. A iniciativa surgiu a partir de uma professora de Mossoró (RN) que preparava, de maneira voluntária, pessoas privadas de liberdade para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), obtendo êxito na aprovação de dois apenados, que cumpriam pena em regime fechado, em cursos no IFRN. 

Com informações do Campus Natal - Zona Leste do IFRN.