Na tarde da terça-feira (16/12), o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) formalizaram o início da entrega de 1.272 maquinários agrícolas, em Brasília. A ação, fruto do projeto "Mecaniza+: Modernização da Agricultura Familiar" e do Programa "Arroz da Gente", é viabilizada por um Termo de Execução Descentralizada (TED) assinado com o IFRN, totalizando um investimento de R$ 13 milhões. O projeto, coordenado pelo professor Paulo Vitor – do Campus Parnamirim – tem como objetivo promover a inclusão produtiva e a segurança alimentar de oito mil famílias de agricultores em todo o país.

Inovação tecnológica

O IFRN atua como o braço tecnológico estratégico da parceria, sendo responsável pelo desenvolvimento do sistema de monitoramento integrado presente em todas as máquinas. O sistema permite acompanhar localização, tempo e forma de uso dos equipamentos em tempo real. Para o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional do IFRN, Raphael Fontes, o projeto consolida a educação pública como motor de desenvolvimento.

"A instituição tem saído de seus muros para auxiliar o Estado brasileiro na aplicação direta de políticas públicas na ponta. A gente está, além de entregar o maquinário, embutindo tecnologia neles. Uma tecnologia nossa, desenvolvida pelo IFRN, pelos nossos professores e estudantes, contribuindo para a modernização da agricultura", destacou o pró-reitor. O dispositivo tecnológico citado por Raphael é o MTA: Monitoramento de Tarefas Agrícolas.

Impacto social

A modernização liderada pelo IFRN e pela Conab busca transformar a realidade de produtores que ainda dependem de ferramentas manuais. Durante a solenidade, o presidente da Conab, Edegar Pretto, definiu a iniciativa como um marco histórico. “É um grande passo. Eu costumo falar que é como se fosse a aposentadoria da enxada. Com estas máquinas, melhoram as condições de trabalho e aumenta a produção”, afirmou.

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, reforçou que o avanço da mecanização é vital para a soberania alimentar. Segundo o ministro, o fortalecimento institucional e o suporte tecnológico são fundamentais para "fortalecer a renda rural e impulsionar a transição para uma agricultura mais sustentável e baseada na agroecologia".

Alcance e monitoramento

Raphael Fontes contextualizou que a chegada das máquinas representa um "acalanto na lida diária" do homem e da mulher do campo, permitindo um trabalho de maior qualidade. Ao todo, serão distribuídos 150 kits multifunção e 72 colheitadeiras de arroz para associações de 17 unidades federativas – com 83 agentes treinados pelo projeto em 36 territórios – até março de 2026.

De acordo com o pró-reitor, o monitoramento desenvolvido pelo IFRN garante que a política pública seja acompanhada com precisão. "São estudantes que estão sendo um grãozinho transformando a agricultura desse país", pontuou Raphael, destacando o papel dos agentes territoriais que atuarão na assistência técnica direta aos agricultores beneficiados.

Saiba mais: a tecnologia por trás do monitoramento

O sistema de monitoramento desenvolvido pelo IFRN, integrado aos 1.272 equipamentos, funciona como o "cérebro" da operação. Confira os detalhes técnicos:

• Dispositivo "MTA": hardware de baixo custo (aproximadamente R$ 800,00) desenvolvido por pesquisadores e alunos do IFRN;
• Funcionalidades: o aparelho capta dados de geolocalização (GPS), horas de motor trabalhado, temperatura e humidade;
• Conectividade: projetado para a realidade do campo, o dispositivo armazena as informações e as transmite via satélite ou rede móvel assim que detecta sinal, permitindo a gestão em áreas remotas; e
• Transparência: os dados alimentam um painel de controlo da Companhia Nacional de Abastecimento e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, permitindo verificar se as máquinas estão a ser utilizadas para os fins sociais previstos nos programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e de Venda em Balcão (ProVB).