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Aprovado em 1° lugar em Engenharia Cívil realiza sonho da família

O estudante Diego Gomes será o primeiro membro de sua família a entrar em uma Universidade Federal

Publicada em 28/04/2021 Atualizada há 1 ano

"Eu sou muito grato ao IFRN por ter me mostrado que a gente pode chegar mais longe, tanto na área acadêmica quanto no mercado de trabalho"

Por Luciano Vagno

Ir para a melhor universidade pública do Estado. Era esse o objetivo de Diego Gomes Alves da Cunha, de 19 anos. O jovem, que acabou de concluir o curso de Edificações, no Campus São Gonçalo do Amarante, conquistou o primeiro lugar na graduação de Engenharia Civil na UFRN e vai ser o primeiro membro de sua família a entrar em uma universidade federal.

Apoio da família

Diego conta que sua família sempre zelou pela sua educação. Ele explica que, durante seu ensino fundamental, seus pais se esforçaram para mantê-lo em uma escola particular. Foi lá que Diego ouviu falar do IFRN, que tornou-se seu primeiro objetivo. “Sou grato por meus pais terem me colocado no ensino particular, mas quando eu cheguei no IF, entendi muito mais. Entendi que existe um mercado de trabalho, entendi que eu posso realizar Pesquisa, que posso realizar Extensão. Entendi que eu posso ajudar minha comunidade com os meus conhecimentos”.

Sobre seus pais, o jovem diz: “Eles sempre me apoiaram, sempre falaram que eu podia escolher a universidade que fosse, que eles iriam me apoiar, iriam me ajudar”. Emocionado, Diego ainda acrescenta: “E é muito bom ver que meus pais estão do meu lado para o que eu precisar. É muito bom ver a felicidade deles quando o filho conquista o que eles nunca tiveram acesso ou nunca imaginaram. Então, é incrível para mim, conseguir chegar onde meus pais nunca imaginaram e conseguir orgulhar eles”.

Escolha do curso

O estudante, morador de Novo Amarante, tem, desde pequeno, facilidade com os números. Por isso, a Engenharia sempre esteve por perto, seja por meio dos conteúdos escolares ou por conta do pai, eletricista, e do avô, que foi servente de pedreiro.

Apesar da relação quase íntima com a área, Diego conta que, no começo, recusava a ideia de ser engenheiro civil, pois queria seguir uma carreira diferente da dos homens de sua família. No entanto, ao ingressar no IFRN, o jovem optou pelo curso técnico de Edificações. “Era uma área que eu já conhecia, por conta do meu pai e do meu avô. Mas quando entrei no curso, ao longo dos anos, foram surgindo matérias com as quais me identifiquei muito e os professores foram mostrando a grandiosidade daquele curso”, disse Diego, que ainda acrescentou: “Com o passar do tempo, eu vi que era aquilo que eu queria, era aquilo que me fazia sentar e passar horas e horas projetando”.

Foi no decorrer do curso que Diego teve a certeza que estava no caminho certo sobre qual carreira seguir, sobre a qual o jovem comenta: “Percebi esses dias que eu estudava para não ir para onde meu pai estava, mas, graças a Deus, ao IFRN, aos meus professores e aos meus amigos, eu estou indo para onde meu pai trabalhava. Mas eu vou em uma posição diferente. Eu vou na posição de alguém que estudou e teve oportunidades, graças ao IFRN”.

Gratidão aos mestres

Ao recordar sua trajetória no Instituto, Diego deixa transparecer sua gratidão pelos docentes: “Os professores são muito importantes na nossa caminhada. E os do IFRN são incríveis, porque eles acreditam e insistem na gente. Se nós temos uma ideia e levamos para eles, eles fazem acontecer junto com a gente”. Em seu terceiro ano de curso, o jovem passou a compor o projeto de Extensão Núcleo de Práticas em Projetos de Edificações (Nuppe), cuja experiência ele afirma levar pelo resto da vida, assim como as amizades geradas pelo IFRN.

Desigualdade racial

A desigualdade racial é um assunto que Diego entende bem. Negro e morador de periferia, o estudante afirma que, se concorresse nas mesmas condições com uma pessoa branca de bairro nobre, ainda assim ele seria a segunda opção. “Nós enfrentamos muitos desafios. Desafios que, se a gente se encontrasse em outro ambiente, em outro contexto social, não enfrentaríamos. Mas, com todas as dificuldades que vamos enfrentando, nós vamos vencendo e, no final, a conquista se torna muito mais prazerosa por isso. O garoto negro de periferia vai vencer, ele vai chegar onde ele almeja”, declara Diego, que vê em sua frente o desafio de conciliar os estudos com o emprego.

Contexto pandêmico

Durante a pandemia do novo coronavírus, estudar para o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) foi uma tarefa difícil para Diego, que revela não ter mantido o foco e a motivação em todos os momentos. Porém, as aulas do IFRN tiveram um papel fundamental em sua caminhada rumo à graduação: “Eu não precisei estudar tudo, porque o IFRN me deu uma base do ensino médio maravilhosa, ao ponto de não ter precisado estudar algumas matérias para o Enem por eu já saber aquele conteúdo das aulas do IF”.

Primeiro lugar

A notícia da aprovação e do primeiro lugar, na cota de alunos de escolas públicas e autodeclarados negros, foi, segundo Diego, uma das melhores notícias que ele recebeu, e recebeu um significado mais especial por, no momento, ele estar ao lado de seus pais. “Eu lembrei da sensação que tive quando entrei no IF”. Para o jovem, alcançar o primeiro lugar foi uma honra, mas o mais importante foi ingressar na universidade e no curso dos sonhos.

Acreditar no sonho

Para o futuro, Diego almeja realizar mais Pesquisas e ingressar no mercado de trabalho. O jovem, que nutre o desejo de abrir seu próprio negócio, deixa um recado a todos os meninos e meninas que, assim como ele, possuem sonhos: “Acreditem. Corram atrás deles. Ainda que muita gente diga que não, diga que não é para você, diga que ninguém na sua família foi, acreditem. Eu acredito muito no que a gente trabalha para conseguir. Cada um faz sua história e uma hora todo mundo consegue”.

Palavras-chave:
ensino

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