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Estudante do IFRN é selecionado para bolsa em Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior

Kleiton Cassemiro do Nascimento é o primeiro aluno do Instituto aprovado no Programa

Publicada em 15/07/2021 Atualizada há 1 ano

Kleiton é o primeiro estudante do IFRN a ser aprovado no Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior

O estudante e professor do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Kleiton Cassemiro do Nascimento, de 40 anos, foi selecionado para bolsa no Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior (PDSE), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Com a bolsa, Kleiton passará quatro meses em solos franceses, dando continuidade à sua pesquisa na Educação Profissional sobre Cursos Superiores de Tecnologia.

Formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Kleiton leciona, desde 2014, a disciplina de Topografia no Campus Natal-Central do IFRN. Ainda em 2011, quando cursou a Licenciatura de Letras Francês, o interesse pela área da educação passou a atrair a atenção do pesquisador.  

O reitor do Instituto Federal, professor José Arnóbio, classifica a conquista de Kleiton como “emblemática”. O reitor relembra a época em que foi professor do agora doutorando, ainda na época de transição da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN) para o Centro Federal de Educação Tecnológica do RN (Cefet): “Sou professor de Educação Física e Kleiton era da equipe de atletismo. Ele fazia o salto em altura. Fazendo uma analogia, é como se ele começasse com um salto de 1,50m e hoje batesse o record mundial, 2,45 m. Ele começou no ensino médio integrado, depois foi fazer sua graduação na UFRN. Em seguida, fez seu mestrado e voltou ao IFRN, como professor. Hoje, faz aqui também o seu doutorado. Isso mostra a força desta Instituição, do processo de verticalização da educação e o quanto o investimento nos institutos federais, que modificam a vida das pessoas, é importante para que a gente possa pensar em um país forte, com a educação sendo instrumento de transformação social”, declarou.

Realizar uma pós-graduação no exterior está nos planos de Kleiton deste 2005, quando concluiu a graduação. A oportunidade surgiu quinze anos depois, quando ingressou no doutorado, por meio do Programa de Pós-graduação em Educação Profissional do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (PPGEP-IFRN). O Programa possui parcerias com instituições estrangeiras, incluindo francesas, o que animou mais ainda o professor. “Imaginei que talvez tivesse essa possibilidade dentro do Programa”, contou Kleiton, que já havia feito teste de proficiência de francês, como também realizado curso na Aliança Francesa.

A coordenadora do Programa de Pós-graduação em Educação Profissional do IFRN (PPGEP-IFRN), professora Ana Lúcia Sarmento Henrique, comemora a aprovação do pesquisador. Ela destaca que a bolsa de doutorado-sanduíche é importante tanto para  Kleiton quanto para o PPGEP e o IFRN.  “Para o Instituto, representa materialização da internacionalização das ações. A participação de um dos nossos estudantes em um evento fora do país dá visibilidade à Instituição. Para o PPGEP, essa internacionalização é um fator primordial, esse intercâmbio que vai haver entre os dois países. É uma ampliação da rede internacional de Pesquisa. Para Kleiton, é uma vivência de quatro meses que ele vai ter com outra cultura, com um outro espaço de Pesquisa, o que vai agregar muito, tanto na sua vida acadêmica, como pesquisador, quanto na pessoal”.

Em 2020, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) divulgou edital para bolsas no Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior (PDSE) aos cursos de Doutorado reconhecidos pela Coordenação. Kleiton realizou o processo seletivo e se tornou o primeiro estudante do IFRN aprovado no Programa.

Para a coordenadora de pós-graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (Propi/IFRN), professora Francinaide de Lima, a concessão da bolsa para doutorado no exterior a Kleiton é “o símbolo do empenho de um grupo de servidores do IFRN que trabalham incansavelmente dia a dia para fazer da Instituição reconhecida também pela Pesquisa stricto sensu. É mais uma etapa na sucessão de tantas outras, como o alcance de um bom conceito pelo Programa, os fomentos e as bolsas de mestrado e doutorado”. Francinaide destaca que “a qualidade da formação que temos imprimido também é expressão no perfil dos ingressantes, tais como Kleiton, que chega ao PPGEP com excelente experiência profissional e cultural. É, sem dúvida, um marco para o IFRN, a partir do PPGEP. Certamente essa oportunidade coaduna-se ao nosso plano estratégico de internacionalização dos grupos de investigação e das pesquisas por meio da pós-graduação”.

Com a aprovação, Kleiton passará quatro meses na Université Paris 8 - Saint-Denis. Como ele mesmo conta, “essa ida é só o primeiro passo. A ideia é estender essa colaboração, não apenas para a França, mas, também, para outros países que tenham estudos voltados para a educação profissional”. A instituição francesa na qual Kleiton dará continuidade a sua pesquisa não possui parceria com o Programa, porém, o estudante não descarta a possibilidade de, futuramente, a Université Paris 8 unir-se à lista de acordos internacionais do IFRN.

Os pró-reitores de Ensino e de Pesquisa e Inovação do Instituto Federal comemoram a homologação do projeto de Pesquisa de Kleiton, submetido a partir de um programa tão jovem, como o PPGEP.

“O Programa de Pós-graduação em Educação Profissional é um programa recente. Ele começou suas atividades em 2013 e começou o doutorado em 2019. Hoje, estamos praticamente no segundo ano do doutorado, e no primeiro edital no qual submetemos para o Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior, que só pode ser submetida uma proposta por Programa, nossa primeira proposta já foi aprovada. Isso significa que o Programa está caminhando na direção correta”, comentou o professor Dante Henrique Moura, que está a frente da Pró-Reitoria de Ensino (Proen/IFRN).

Para o professor Avelino de Lima Neto, pró-reitor de Pesquisa e Inovação, embora a pós-graduação stricto sensu no IFRN seja recente, “ela demonstra uma potência significativa, mesmo diante dos desafios atualmente enfrentados. Nas instituições de Educação Profissional e Tecnológica, a verticalização até o doutorado permite aos estudantes um sólido processo formativo imbuído da formação humana integral, que baliza pedagogicamente todas as ofertas institucionais."

Entenda o Doutorado-sanduíche no Exterior

Embora a nomenclatura lembre a área alimentícia, o Programa não está relacionado com comida. Esta é uma modalidade de intercâmbio, no qual estudantes podem passar um período de sua pós-graduação em uma instituição do exterior. Possui o termo “sanduíche” pelo fato de ser realizado no meio do doutorado.

Como Kleiton explica, o objetivo principal é, “além da colaboração interinstitucional, propiciar a internacionalização dos programas de pós-graduação, das pesquisas que são feitas no Brasil, principalmente em áreas não muito estudadas, como é o caso da Educação Profissional e Tecnológica de nível superior”.

Problemas com o visto francês

Em razão da pandemia da Covid-19, desde abril deste ano, a Embaixada da França no Brasil suspendeu a emissão de vistos para estudantes e pesquisadores brasileiros. Como reação, foi criado o movimento #étudierestimperieux (estudar é imperioso) nas redes sociais, para chamar atenção do governo francês. Além disso, um grupo de estudantes, incluindo Kleiton, como forma de sensibilizar a Embaixada Francesa, enviou uma carta ao governo de Emmanuel Macron, pedindo o retorno da emissão de vistos e a permissão para a entrada no país. O caso será levado pelo reitor do instituto Federal do Rio Grande do Norte, professor José Arnóbio, para o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif).

No último sábado, 17 de julho, a França passou a permitir a entrada de turistas vacinados com imunizantes contra o coronavírus reconhecidos pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), como os da Pfizer, da AstraZeneca, da Janssen e da Moderna. Os produzidos pela Coronavac ainda estão sob análise. 

Centenas de estudantes brasileiros ainda aguardam a permissão para desembarcar no país. Por conta dos contratempos, Kleiton, que embarcaria em setembro deste ano, adiou sua ida para o início de outubro.