Internacionalização
Estudante do IFRN conquista vaga em escola internacional de excelência em Hong Kong
Lucas Lima, aluno do Campus São Paulo do Potengi, foi selecionado para estudar no UWC Li Po Chun, instituição de referência na Ásia
Publicada por Max Praxedes em 10/06/2025 ― Atualizada em 10 de Junho de 2025 às 16:00
Aos 17 anos, Lucas Lima, estudante do curso técnico integrado em Informática para Internet no Campus São Paulo do Potengi do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), acaba de conquistar uma vaga em uma das escolas mais renomadas da Ásia: o colégio UWC Li Po Chun, localizado em Hong Kong. Natural de São Paulo do Potengi e morador de Bom Jesus, Lucas se prepara para viver uma experiência acadêmica e cultural que promete transformar sua vida — e, com ela, inspirar a de muitos outros jovens brasileiros.
A seleção para o colégio internacional foi altamente competitiva, com etapas que testaram habilidades acadêmicas, intelectuais e sociais dos candidatos. Lucas foi um dos apenas seis jovens brasileiros aprovados neste ciclo, sendo o único entre eles destinado à unidade de Hong Kong. A conquista, além de refletir seu esforço individual, evidencia o compromisso do IFRN com a promoção de oportunidades internacionais e com a formação de cidadãos globais.
“Parecia irreal"
Lucas descobriu a oportunidade por meio de um amigo, que lhe disse que a vaga “tinha a sua cara”. A partir disso, decidiu enfrentar o desafio. A seleção foi dividida em cinco etapas. Na primeira, os candidatos precisaram redigir redações com temas específicos e enviar documentos tanto próprios quanto de seus responsáveis. A segunda fase consistiu em uma prova online com 70 questões, divididas entre Português, Matemática, Conhecimentos Gerais e Lógica.
Na terceira etapa, Lucas passou por uma entrevista virtual, com foco nas atividades extracurriculares apresentadas anteriormente. Já a quarta fase foi presencial, em São Paulo: três dias de convivência entre os finalistas em uma residência estudantil. A quinta e última etapa envolveu uma prova surpresa online, com sistema de vigilância por câmera, garantindo a lisura do processo. Ao ser aprovado, Lucas descreveu sua reação com uma palavra: descrença. “Parecia irreal”, contou.

Formação multicultural
O UWC Li Po Chun integra o movimento United World Colleges, uma rede global de escolas internacionais presente em diversos países, com foco na formação ética, sustentável e multicultural. A unidade localizada em Hong Kong adota princípios como liderança ética, engajamento social, sustentabilidade ambiental, cultura de paz e responsabilidade global. Os estudantes recebem formação por meio do IB Diploma (Bacharelado Internacional), que articula excelência acadêmica com desenvolvimento pessoal e coletivo.
Mais do que adquirir novos conhecimentos, Lucas disse que pretende utilizar a experiência internacional como plataforma para criar mudanças. Seu objetivo é ousado: desenvolver um projeto em escala nacional que leve interculturalidade e internacionalização a escolas públicas de todo o Brasil: “muitos jovens desanimam porque não sabem que essas oportunidades existem. Acham que só é possível com dinheiro. Eu também pensava assim. Mas é possível sim, a partir do meio acadêmico. Quero ajudar a mudar essa realidade”, afirmou.
Superações e sonho coletivo
A trajetória de Lucas no IFRN é marcada por protagonismo e envolvimento com projetos que dialogam diretamente com os temas da Internacionalização. Em 2024, ele participou de um intercâmbio de 15 dias na Colômbia, fruto do edital Passaporte IFRN. O projeto apresentado na seleção, inclusive, foi o mesmo que já havia desenvolvido: “Internacionalizando a Região do Potengi”, iniciativa que busca levar informações sobre intercâmbio e oportunidades internacionais a escolas públicas do entorno do IFRN e ao próprio campus.
Lucas também recebeu apoio fundamental ao longo do processo seletivo. Sua coordenadora, Maraisa Alves, teve papel decisivo em sua formação: “sou uma pessoa diferente depois de passar por ela. Ela mudou minha vida”, disse. Já na etapa presencial em São Paulo, quando não conseguiu arrecadar recursos suficientes por meio de uma vaquinha, uma colega — hoje sua namorada — ofereceu hospedagem, e sua mãe comprou uma das passagens, viabilizando a participação na penúltima fase: “foi a última luz no fim do túnel. Eu já pensava em desistir”, relembrou.

Valorizar o caminho...
Lucas não esconde sua paixão pela tecnologia, mas seus planos para o futuro ultrapassam a área técnica. Seu sonho é construir pontes entre jovens de diferentes realidades e possibilidades, oferecendo a eles a chance de se conectarem ao mundo por meio do conhecimento: “quero criar um projeto nacional que leve oportunidades a quem nunca imaginou sair da sua cidade. É preciso mostrar que o impossível não existe para quem tem apoio e acesso à informação”, disse.
Em sua fala aos colegas, o estudante do IFRN compartilha uma mensagem de esperança e perseverança: “quero que todas e todos pensem um pouco, respirem, curtam o caminho. Errar não é o fim do mundo. Às vezes estamos tão focados no resultado que esquecemos de estar presentes. Tá tudo bem se não der certo de primeira, de segunda, de terceira. O importante é tentar, aproveitar a jornada”.

... como uma porta para o mundo
A história de Lucas reforça o papel da educação pública como agente transformador. Por meio de políticas institucionais de internacionalização, como o programa Passaporte IFRN, e do estímulo ao protagonismo estudantil, o IFRN amplia horizontes e reafirma seu compromisso com a formação cidadã.
Para o reitor do IFRN, professor José Arnóbio, a conquista de Lucas representa mais do que uma vitória individual: se trata uma realização coletiva, fruto da confiança no potencial da juventude e do investimento em uma educação pública de qualidade: “Lucas é um exemplo vivo de como o IFRN transforma vidas. Seu sonho agora alcança novos continentes, mas começou aqui, no interior do Rio Grande do Norte, com uma escola pública, gratuita e comprometida com o futuro de seus estudantes. Que sua história inspire outras e que o IFRN continue sendo ponte entre o saber e o mundo”.