Saberes tradicionais
Encontro de Educação Escolar Quilombola discute equidade, currículo e formação docente
Evento, realizado em Salvador, reforçou compromissos da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola
Publicada por Jose Nascimento em 26/09/2025 ― Atualizada em 26 de Setembro de 2025 às 12:50
De 24 a 26 de setembro de 2025, o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), por meio da Assessoria em Educação Étnico-Racial (Aseabi), da Coordenação de Educação para Diversidade e Inclusão Humana (Coedih) e da Pró-Reitoria de Ensino (Proen), participou do I Encontro de Educação Escolar Quilombola do Nordeste, realizado em Salvador (BA). O evento reuniu cerca de 300 participantes dos nove estados nordestinos, além de representantes de outras regiões, para debater estratégias e construir um plano de ação para os próximos dez anos da modalidade.
A presença do IFRN foi liderada por Gilson José Rodrigues Júnior, assessor em Educação Étnico-Racial da Instituição, que representou o Instituto nos debates sobre políticas de equidade, currículo, formação docente, saberes tradicionais e incidência política.
Desafios e compromissos
Com o tema “Educação Escolar Quilombola é direito! Planejar e resistir para os próximos 10 anos”, o encontro colocou em pauta os principais desafios da Educação Escolar Quilombola (EEQ) no país, como: ausência de diagnóstico oficial; baixa formação de profissionais; falta de institucionalização e monitoramento das ações; inexistência de protocolos de prevenção e resposta a práticas racistas; desigualdades nas trajetórias escolares; baixa implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais da EEQ; e carências estruturais e de insumos pedagógicos.
Para Gilson Júnior, “a participação do IFRN neste encontro reafirma nosso compromisso em contribuir para superar esses desafios, construindo soluções que dialoguem com os territórios e com as realidades das comunidades quilombolas”.

Nesse contexto, ainda segundo Gilson, foram reforçados os compromissos da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ), entre eles: definição de metas e monitoramento, formação de profissionais, superação do racismo na educação, construção de capacidades institucionais e consolidação da modalidade como política pública.
Eixos e desdobramentos
Durante o encontro, os eixos estratégicos foram discutidos em conferências, mesas de diálogo e grupos de trabalho. Entre os destaques, estiveram: fortalecimento de redes; diagnóstico e monitoramento; formação de professores; produção de material didático e instrucional; criação de protocolos contra o racismo; afirmação das trajetórias negras e quilombolas; e difusão de saberes, com menção especial à Escola Nacional Nego Bispo de Saberes Tradicionais, iniciativa da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (Secadi/MEC) voltada à integração dos saberes tradicionais ao currículo das licenciaturas e da Educação Profissional e Tecnológica.
Para o assessor do IFRN, “o encontro nos ajuda a pensar não apenas as políticas, mas também os currículos e as formações docentes de forma integrada com os saberes tradicionais, fortalecendo redes e consolidando a Educação Escolar Quilombola como um direito efetivo”.

Gilson ainda afirmou que a participação do IFRN no encontro sinaliza desdobramentos que incluem a revisão e ampliação do currículo, a oferta de formação específica para docentes que atuam junto a comunidades quilombolas, o reconhecimento dos saberes tradicionais e o fortalecimento do papel da Instituição na incidência política em defesa da equidade e da diversidade.
Política nacional
A Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola, criada em 2024, tem como objetivo implementar ações e programas educacionais voltados à superação das desigualdades étnico-raciais e do racismo nos ambientes de ensino, bem como à promoção da política educacional para a população quilombola. Seu público-alvo é formado por gestores, professores, funcionários, alunos, abrangendo toda a comunidade escolar.
Com informações da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão
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