Reconhecimento
Egressa do IFRN é premiada por dissertação sobre trajetórias escolares de professoras trans
Dissertação de Erikah Souza se destacou na 2ª edição do Prêmio LGBTI+ Pesquisa
Publicada por Habyner Lima em 16/02/2024 ― Atualizada há 9 meses
A professora Erikah Souza Alcântara, egressa do Programa de Pós-Graduação em Ensino (Posensino) do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), foi premiada, em primeiro lugar na categoria mestrado, na 2ª edição do prêmio LGBTI+ Pesquisa, por sua dissertação defendida durante o programa. O evento tem como propósito incentivar e dar visibilidade à produção de monografias de graduação e dissertações de mestrado que abordam a temática da diversidade e inclusão LGBTQIA+ nos ambientes educacionais ou de trabalho.
Com o tema “Quando a gente consegue aquilo que colocamos como objetivo, acabamos revolucionando: trajetórias de êxito escolar de professoras trans e travestis em Fortaleza-CE”, o principal objetivo da pesquisa de Erikah foi investigar como três docentes trans e travestis, de diferentes áreas do ensino, na cidade de Fortaleza, narrando suas experiências escolares e como essas trajetórias de êxito estão conectadas às práticas pedagógicas dessas profissionais da educação, assim como às mudanças sociais que elas oportunizaram no ambiente escolar.
Vivências e aprendizados
De acordo com Erikah, a vivência da pandemia durante o mestrado limitou o acesso completo às estruturas da instituição, mas isso não a desencorajou. A egressa destaca que o compartilhamento de conhecimento foi fundamental para sua formação: "No início do mestrado, em 2020, tive a oportunidade de vivenciar o IFRN através do Campus Mossoró, que possui uma estrutura excelente e me proporcionou ótimos momentos de aprendizagem. Embora, devido à pandemia, não tenhamos conseguido usar plenamente todas as instalações que o IFRN oferece, compartilhar conhecimentos com professores e professoras da instituição, bem como com os de outras instituições associadas ao programa Posensino (Uern/Ufersa), foi de grande valia para minha formação profissional. O programa me permitiu acreditar que poderia sonhar ainda mais e alcançar muitos outros objetivos, como o doutorado", disse a pesquisadora.
Resistência
O Brasil é um dos países do mundo que mais registra assassinatos de pessoas LGBTQIA+, conforme dados do Grupo Gay Bahia (GGB), a mais antiga Organização Não Governamental (ONG) voltada à temática na América Latina. Somente em 2023, foram registradas 257 mortes violentas de pessoas LGBTQIA+. Erikah relata que vivenciar essa realidade foi doloroso e serviu de estímulo para sua produção científica. Segundo ela, o processo de construção do texto da dissertação foi desafiador, e ser premiada consagra seu esforço: "A pandemia também dificultou ainda mais esse processo, somando-se a outras razões históricas, em um momento em que o mundo inteiro estava abalado com tudo o que estava acontecendo. Apesar de todas as adversidades, eu estava determinada a fazer ecoar a voz da minha comunidade, das pessoas trans e travestis, e documentar isso por meio de uma pesquisa era fazer com que isso acontecesse de forma eficaz. Acredito que ser premiada é entender o impacto positivo que a pesquisa trouxe para a sociedade", refletiu.
Representação LGBTQIA+
Ocupar todos os espaços é crucial para a representação, conforme destacado por Erikah, que também ressalta a necessidade de oportunidades para grupos historicamente marginalizados na sociedade: "Visibilidade é a palavra-chave. Precisamos promover cada vez mais pesquisas com temáticas emergentes, como a Travestilidade/transexualidade. Por meio dessa possibilidade de divulgação de prêmios e mídias, podemos disseminar informações para todas as pessoas, especialmente aquelas na academia, embora ainda seja um espaço pouco acessado por pessoas trans e travestis, devido a todo o contexto de exclusão que vem sendo debatido e combatido diariamente por meio da expressão das intelectualidades de nossa comunidade, que não aceita mais ser excluída de todos os processos sociais, inclusive na produção de conhecimento científico", destacou.