Campus Canguaretama
Com apoio do IFRN, Herdeiros de Zumbi lança CD com músicas do Coco de Zambê
Projeto de Extensão desenvolvido em comunidade quilombola de Sibaúma contou com apoio da UFRN
Publicada em 22/02/2019 ― Atualizada há 1 ano, 8 meses
A capoeira é uma das manifestações da cultura africana mais difundidas e conhecidas mundialmente. E o Coco de Zambê? Já ouviu falar? Na comunidade quilombola de Sibaúma, no município de Tibau do Sul, o grupo Herdeiros de Zumbi mantem viva a memória de seus antepassados, reconstruindo os sentidos da dança, da música e da resistência negra em apresentações locais e fora da cidade.
Foi com o intuito de apoiar o grupo e promover a difusão do trabalho que o professor Isaac Melo, do Campus Canguaretama do IFRN, coordenou o projeto de Extensão junto à comunidade. Graças às ações do projeto, o grupo lança neste sábado, 23 de fevereiro, o CD Herdeiros de Zumbi – Praia de Sibaúma. O lançamento acontece durante as festividades da 9ª Noite dos Tambores, em Sibaúma, com início às 18h, na praça principal da praia.
O CD
O trabalho faz o registro de 21 músicas, a maioria de autoria própria, como “É história, é história do Quilombo que eu vou falar”. São reproduzidas ainda sete canções de domínio público, como “Quero tomar banho, quero me banhar”. O grupo Herdeiros de Zumbi é formado por Sérgio Marques Caetano, Laelson Marques Caetano, Josinaldo Rosa da Silva e Evandeilson Leandro Barbosa, todos de Sibaúma. Sérgio explica que o grupo se apresenta desde a década de 1990. Em 2011, passou a se chamar Herdeiros de Zumbi. “A gente tinha vontade, mas não tinha condições de gravar. Em 2017 conhecemos os professores do IFRN na Noite dos Tambores. Tem sido muito bom e tem feito com que a gente tenha confiança na Instituição”, declara.
O PROJETO
Coordenado pelo professor Isaac Melo, da área de música, a ideia começou durante uma disciplina da Licenciatura em Educação do Campo, ofertada pelo Campus Canguaretama. Ao visitar a comunidade quilombola Sibaúma, o professor percebeu a necessidade do registro das manifestações culturais realizadas ali. “A visita se tornou projeto de pesquisa e depois de Extensão, com a meta de gravarmos o CD, que vai ser lançado neste sábado. Para isso, tivemos a parceria da Escola de Música da UFRN (EMUFRN), através do diretor, Jean Joubert. O CD foi gravado no estúdio da EMUFRN. A pesquisa ainda vai render um documentário, que faremos junto com a UFRN, e um livro, que será submetido à edital de seleção da Editora IFRN”.
O projeto conta ainda com a participação dos professores Nilton Xavier, Flávio Ferreira, Clarissa Honda, Ivickson Ricardo e da aluna Giceli de Souza, do Campus Canguaretama do IFRN. “O projeto é vinculado às ações do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas, do Núcleo de Arte e da Licenciatura em Educação do Campo do Campus Canguaretama. Atuamos em permanente diálogo com as comunidades que formam os sujeitos da diversidade da microrregião do litoral sul. Inclusive o organizador do grupo 'Herdeiros de Zumbi', Sergio Caetano, representa a comunidade externa enquanto membro do NEABI – IFRN”, destacou o professor Flávio.
O COCO DE ZAMBÊ
Poucos sabem, mas o Coco de Zambê está intimamente relacionado à história do Rio Grande do Norte. Parecido com a capoeira, é mais focado na dança, acompanhado por canto e o ritmo de tambores chamados “zambê”, "pau oco" e “chama”, feitos com pau furado e cobertos com couro de animais. As danças começaram a ser realizadas no Brasil nos engenhos de açúcar, com registros principalmente na praia de Tibau do Sul. Sérgio, um Herdeiros de Zumbi, além de participar do grupo, organiza eventos culturais na cidade, produz e vende os tambores como artesanato. A Noite dos Tambores, principal festa da comunidade quilombola de Sibaúma, tem início às 18h e segue noite à dentro, com capoeira, coco de zambê e celebração à cultura negra do estado.