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Educação Inclusiva

Colóquio reúne servidores e estudantes

Evento aconteceu nos dias 29 e 30 de setembro, com palestras e mesas de debate

Publicada em 02/10/2020 Atualizada há 1 ano

Colóquio foi transmitido ao vivo pelo Youtube

Aconteceu nos dias 29 (terça-feira) e 30 (quarta-feira) de setembro o I Colóquio de Educação Inclusiva do IFRN. Com a temática Setembro Multicor: Políticas e práticas na Educação Inclusiva, o evento – iniciativa do Campus Zona Leste do IFRN – foi transmitido ao vivo pelo Youtube e contou com palestras e mesas de debate. O “Setembro Multicor” do título faz referência às cores verde, azul e amarelo. Como se fossem bandeiras, a intenção era de que o evento desse voz à conscientização, ao esclarecimento e divulgação de informação: o verde representando a luta pela inclusão social; o azul representando a valorização dos surdos e da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e o amarelo representando a prevenção ao suicídio.

29 de setembro – 1º dia do evento

A mesa de abertura trouxe os “Aspectos políticos e sociais da inclusão: barreiras facilitadores”, apresentada por Márcia França, coordenadora do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais (Napne) – Campus Zona Leste do IFRN. Márcia, que é interprete da Linguagem Sinais, apresentou as políticas da instituição e os trabalhos que vêm sendo feitos na área. Logo após sua participação, Elisangela Castelo Branco, coordenadora da Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos – Secretaria de Modalidades Especializadas do Ministério da Educação falou sobre as realizações feitas no contexto de pandemia como novas portarias de educação Bilíngue de Surdos a distância.

Após o primeiro momento de debates, aconteceu a participação da professora Luciana Protásio de Melo. A docente comentou sobre barreiras e facilitadores atitudinais de inclusão sobre a ótica da Classificação Internacional de Incapacidade e Saúde (CIF), que tem como objetivo proporcionar linguagem unificada e padronizada nas áreas da saúde, trabalho e justiça, entre outros. A professora explicou que além de reparos de estrutura física e de funcionalidade, um dos fatores mais importantes para inclusão são as atitudes do meio social. Na sequência, Marco Antônio Pellegrini, tetraplégico e professor da Universidade de São Paulo (USP), trouxe relatos para o público sobre história de vida e superação, como a sua, desde que passou a viver em condições de deficiência física, obstáculos e avanços de políticas públicas e tecnologias através de um recorte de 30 anos

Na última mesa do dia, “Trabalho multidisciplinar no acompanhamento dos alunos do Napne” foi o tema trazido por Vanessa Gosson, coordenadora do Napne no Campus Natal-Central. A professora apresentou ações e descreveu as medidas de acompanhamento no Campus: intérpretes em sala de aula, centro de aprendizagem, monitorias, diálogos com equipes pedagógicas e psicológicas, orientações à docentes, produção de material adaptado com manuais de orientação a adequações, entre outros. “Nosso objetivo é garantir a possibilidade de ingresso, permanência e conclusão com êxito”, disse.

30 de setembro – 2º dia do evento

A segunda etapa do evento trouxe como mote uma homenagem ao Dia Nacional da Pessoa Surda e ao Dia Internacional da Linguagem de Sinais (comemorados em 26 de setembro). A professora Renata Garcia, da Universidade Federal de Goiás, dialogou sobre as lutas e conquistas do ensino surdo e através da sua história - surda desde que nasceu, ela graduou-se em artes visuais e em Libras – essa última junto à f primeira turma de Libras do Brasil. Renata construiu uma linha do tempo sobre como era o ensino nas escolas na sua infância até o seu período de formação em Libras, em 2020. Além disso a professora explicou sobre a importância da língua de sinais e o ensino bilíngue para a autonomia da pessoa surda.

Logo após essa apresentação, foi aberta a mesa de relatos de vivências no contexto de inclusão no IFRN; a mesa foi composta por Cícero Tavares, membro do comitê de acessibilidade, por Luciana Nascimento e Carlos Daniel, que estudam no IFRN, e por Sidney Trindade, estudante egresso do Instituto. Luciana, que é deficiente visual, foi a primeira a dar o seu relato: falou sobre sua trajetória e sobre ser a primeira aluna cega do curso de Letras Espanhol (modalidade EaD), ofertado pelo Campus Zona-Leste. “Muitas foram as dificuldades, mas consegui superar todas elas. Os profissionais e professores me auxiliaram muito com todas as adaptações didático-pedagógicas necessárias e isso me permitiu chegar até aqui”, disse Luciana, que se prepara para apresentar seu Trabalho de Conclusão de Curso.

Em seguida, Sidney Trindade – também deficiente visual – relembrou sua história e as barreiras encontradas durante todo percurso no IFRN, iniciado em 2005, quando fez vestibular para Tecnologia em Desenvolvimento de Software. “Muitos achavam impossível um deficiente visual conseguir a formação nesse curso. Cheguei a ser convidado a mudar de curso. Tudo fruto da falta de conhecimento sobre a deficiência”, disse. Sidney, contudo, não desistiu: ele, que foi o primeiro deficiente visual de todo o IFRN, explicou quais adaptações seriam necessárias e caminhou junto com professores e servidores para ultrapassar todas as barreiras encontradas. Em sua fala, recordou atitudes dos profissionais do Instituto que julgou memoráveis. Ainda houve oportunidade de ele fazer algumas críticas a algumas dificuldades presentes no sistema de ensino do Brasil.

Carlos Daniel, que cursa o Técnico Integrado em Informática do Campus Currais Novos, descreveu seu percurso até ensino fundamental e quando passou no IFRN. Portador da Deficiência Artrogripose Múltipla Congênita – doença que se caracteriza pela atrofia muscular dos membros –, Carlos lembrou a visita recebida pela equipe do IFRN a sua casa, “querendo saber tudo o que seria necessário para minha permanência, acesso e aprendizagem”, destacou. “Foi nessa visita que pude perceber que o aluno deve ter o autoconhecimento para dar a sugestões necessárias de adaptação, que no meu caso foi uma maca para o acesso de espaços físicos e locomoção. Fui visitar o IFRN antes das sugestões e quando voltei lá eles já tinham feito todas as adaptações necessárias” relatou o aluno, que também explicou como vem sendo sua vivência na instituição e a participação em todas as aulas como as de natação e a boa convivência com outros alunos e seus colegas de sala de aula.

Encerramento

Para finalizar o evento, a mesa de encerramento teve como tema “O trabalho multidisciplinar na prevenção e cuidado na saúde mental dos servidores e estudantes”, composta pelo psiquiatra Luiz José, a psicóloga Elaine Macêdo e a assistente social Valéria Regina. O psiquiatra Luiz José tratou de tabus, mitos e verdades sobre o suicídio, trazendo dados atualizados e medidas de atenção e prevenção que devem ser dadas a servidores e estudantes. Valéria Regina discorreu sobre o trabalho que a Coordenação de Atenção à Saúde do Servidor (Coass) exerce no Instituto: atenção voltada às relações de saúde e trabalho. “Tratamos o trabalho como uma forma mais profunda da expressão humana e não apenas sobrevivência. Levamos em conta as condições de trabalhos, desgastes físicos e psicológicos e as medidas de prevenção no ambiente laboral”, disse. Finalizando o Colóquio, a psicóloga Elaine Macêdo explicou algumas demandas de alunos ligados ao Napne, narrou contribuições do Instituto na percepção de necessidades especiais, sejam elas algum tipo de deficiência ou não. Elaine falou ainda sobre a formação de servidores para o acolhimento desses alunos e encerrou mostrando que “o espaço de diálogo é fator primordial para o desenvolvimento da diversidade e acolhimento, o que gera, sempre, um compartilhamento de experiências”.

Para conferir todos os detalhes desse evento, acesse:

Vídeo do 1º dia do evento

Vídeo do 2º dia do evento

Palavras-chave:
ensino
extensao
pesquisa
servidores

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