Em 22 de setembro se comemora o Dia do Paratleta Olímpico e do Campus São Gonçalo do Amarante vem uma história para celebrar a data. 

Por Sirley Fonseca

Quem de nós não deseja a intervenção de um anjo quando estamos diante de algo que parece impossível? Na semana em que se comemora o Dia do Paratleta Olímpico (22 de setembro), temos o prazer de contar a história de Leonardo Rodrigues do Nascimento.

Estudante de Tecnologia em Logística do Campus São Gonçalo do Amarante do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Leonardo, 32 anos, é casado e tem dois filhos. Oriundo de escola pública, sua história com nosso Campus começa em 2018, quando foi aprovado por meio de cotas para deficiente.

Uma dura rotina

Atualmente residindo em Extremoz/RN, a cerca de 20 quilômetros do Campus, Leonardo segue uma dura jornada para conciliar a rotina de estudos e treinos. Ele conta que precisa acordar às 4h30, preparar marmita e sair cedo para conseguir pegar o ônibus às 5h. Cumpre expediente de trabalho entre 7h e 15h20, e de lá vai para Lagoa Nova, onde realiza a prática esportiva do atletismo. Antes da pandemia, enfrentava ainda o caminho até São Gonçalo para cumprir o horário de aulas. A volta para casa só acontecia por volta de meia-noite. Poucas horas de descanso, e repetir tudo no dia seguinte. De segunda a sexta.

“Fui convocado para competir nas Paralimpíadas Universitárias 2021. O processo de preparação não foi fácil. Não faz muito tempo que eu sou atleta paralímpico. Então, treinei por alguns meses com o professor, mas veio a pandemia e tive que dar uma parada. Durante esse tempo, treinei em casa mesmo. Somente nos últimos meses, voltamos ao centro de treinamento. Acredito que a maioria dos atletas sentiu a mesma dificuldade na preparação”, esclarece.

Os treinamentos (arremesso de peso, lançamento de dardo e disco) acontecem na Sociedade Amigos do Deficiente Físico do Rio Grande do Norte (Sadef-RN). Localizada no CAIC Lagoa Nova, a entidade civil sem fins econômicos apoia atletas na prática de esporte de alto rendimento.

Valioso apoio

Leonardo conta que ficou muito feliz quando soube da classificação. Porém, havia um obstáculo. Aqui entra em cena um anjo chamado Ana Kamily, a professora de Educação Física do Campus São Gonçalo.

"Recebemos um e-mail do aluno com as informações sobre o evento e uma solicitação de apoio para sua participação, e o Diretor Acadêmico do Campus, Marcus Assunção, consultou-me sobre a possibilidade de darmos andamento à demanda. Como eu nunca havia vivenciado a experiência de participação em um evento desse porte externo ao IFRN com o custeio da instituição, contatei a Coordenação de Atividades Estudantis (Coaes) do Campus e a Diretoria de Gestão de Atividades Estudantis (Digae/IFRN) para buscar orientações sobre os trâmites a seguir. Considerando que a organização do evento oferecia hospedagem e alimentação aos competidores, os inscritos só precisariam arcar com as despesas de transporte. Assim, conforme os direcionamentos recebidos, fiz uma cotação dos valores das passagens aéreas, e, com base nisso, abri em seguida o processo solicitando o auxílio financeiro”, relata a professora.

Uma vez que o Campus não dispunha dos valores necessários, foi aberto processo junto à Digae, que concedeu o pagamento de auxílio financeiro no valor de R$ 3.304,00 (três mil, trezentos e quatro reais) para comprar as passagens para São Paulo, ida e volta.

Esforço recompensado

Atleta paralímpico há pouco tempo, esta foi a primeira experiência em campeonato para Leonardo, um dos três representantes do IFRN no evento 2021. No Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, ele disputou três provas na modalidade atletismo. Na sexta-feira (17), Leonardo realizou prova de arremesso de peso, na qual garantiu o segundo lugar. No sábado (18) foi a vez das duas provas de lançamento de disco, porém sem pódio.

“Eu estou muito feliz com essa medalha de prata. Foi minha primeira competição, não esperava que eu fosse obter esse resultado. E o IFRN foi fundamental nessa conquista. Sem a ajuda da instituição no custeio das passagens, essa medalha não teria sido possível. Só tenho a agradecer”, finaliza.

Leonardo já está se preparando para participar de mais uma competição: em dezembro, Natal sediará o Meeting Paralímpico Loterias Caixa, evento idealizado e criado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

O anjo dessa história também comemora o resultado. “Em virtude dos trâmites burocráticos necessários para o andamento do processo, foram alguns dias de expectativa até que obtivéssemos a informação que o IFRN iria custear na íntegra a passagem do estudante, garantindo sua participação no evento. Sinto que valeu todo o nosso empenho. Dessa forma, a Instituição assumiu mais uma vez seu papel social, investindo no esporte e na inclusão”, ressalta a professora.

Paralimpíadas Universitárias

As Paralimpíadas Universitárias 2021 são uma realização do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU) e do Ministério da Cidadania por meio da Secretaria Especial do Esporte, com apoio do Governo do Estado de São Paulo e do Conselho Federal de Educação Física (Confef). Têm por finalidade estimular a participação dos estudantes universitários com deficiência física, visual e intelectual em atividades esportivas de todas as Instituições de Ensino Superior (IES) do território nacional, promovendo ampla mobilização em torno do esporte. Este ano, o evento contou com 382 atletas inscritos, representando 180 instituições de ensino superior nas disputas de sete modalidades.
Fonte: Assessoria de Comunicação do Comitê Paralímpico Brasileiro (imp@cpb.org.br)

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Paralimpíadas Universitárias - Boletim Final