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Educação Étnico-Racial

Antropologia e Experiência Negra: professor do IFRN integra comitiva brasileira em evento no Senegal

Gilson Rodrigues Jr, assessor de Educação Étnico-Racial do Instituto, participou de conferências e discutiu articulações com instituições africanas e estadunidenses

Publicada por Jose Nascimento em 20/05/2025 Atualizada em 20 de Maio de 2025 às 12:14

O Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) esteve representado em um evento internacional realizado no Senegal, entre os dias 14 e 18 de maio de 2025. O professor Gilson Rodrigues Jr, assessor de Educação Étnico-Racial do Instituto, participou do encontro "Antropologia e a Experiência Negra", realizado no Musée des Civilisations Noires, em Dacar. A programação reuniu pesquisadores e pesquisadoras negras e negros do Brasil, dos Estados Unidos e do Senegal para discutir os desafios contemporâneos da antropologia negra global.

Participações e discussões

Imagem de divulgação
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Na quinta-feira, 15 de maio, o professor Gilson integrou uma das sessões simultâneas da conferência, moderada por Christen Smith, da Universidade de Yale (EUA). Na mesa intitulada "New Black Brazilian Anthropology", ele apresentou a comunicação "Entre o Pequeno Príncipe e Baobás: Contribuições para uma Crítica Racial do Antropoceno a partir de Ações Humanitárias do Brasil no Senegal".

Além da participação nas sessões temáticas, o professor também esteve presente na Reunião de Planejamento Executivo: Antropologia e a Experiência Negra Global, realizada no sábado, 17 de maio. O encontro contou com a presença de representantes da Association of Black Anthropologists (ABA), dos Estados Unidos; da Unité de Recherche en Ingénierie Culturelle et en Anthropologie (Urica), do Senegal; e da Associação Brasileira de Antropologia Negra, representada por pesquisadores de diversas instituições brasileiras, como a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Museu Nacional (UFRJ) e o IFRN.

Gilson frisou que um dos pontos debatidos tratou da nomeação “americanos” e “estadunidenses”: “Falou-se sobre a importância de parar de chamar a população dos EUA de “americanos” e usar o termo “estadunidenses”. Isso se dá por uma compreensão crítica de que a América é composta por diversos países e povos, e os Estados Unidos historicamente se apropriaram da identidade americana como se fosse exclusiva. Entre os intelectuais negros dos Estados Unidos, essa prática de nomear corretamente já vem sendo adotada como algo extremamente importante e, portanto, relevante.

Cooperação

Imagem de divulgação
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Durante o evento, tiveram início as tratativas para construção de uma cooperação entre o IFRN e a Université Cheikh Anta Diop (Ucad), instituição anfitriã da conferência. Fundada em 1957 e renomeada em 1987 em homenagem ao pensador senegalês Cheikh Anta Diop, a Ucad é uma das mais relevantes universidades da África Ocidental, com forte atuação nas áreas de ciências humanas, sociais, exatas, da saúde e tecnológicas. A universidade se destaca pela produção acadêmica e pelo compromisso com a valorização das culturas africanas. A cooperação com a Ucad visa o estabelecimento de relações mais intensas, de pesquisa e de parceria entre os dois países.

A estada do professor Gilson Rodrigues Jr no Senegal foi encerrada com a conferência intitulada “O Espelho, de Machado de Assis, como crítica ao racismo epistémico da modernidade”. A atividade foi promovida pelo Centro de Língua Portuguesa, vinculado ao Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, de Portugal, e pelo Département de Langues Romanes, da Faculdade de Letras e Ciências Humanas da Ucad e aconteceu na segunda, 19 de maio.

No último dia, 20/5, às 10h, ocorreu uma nova reunião entre o grupo de participantes do Brasil e de representantes da Verne Gray Foundation — fundação que tem investido em pesquisas antropológicas com foco em grupos minorizados, como a população negra e as mulheres.

Desdobramentos

Imagem de divulgação
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Segundo o professor Gilson, o evento marcou um momento significativo por ser a primeira vez que a Association of Black Anthropologists realizou uma iniciativa independente da Associação Americana de Antropologia, “sinalizando maior autonomia e novas possibilidades de financiamento e parcerias — inclusive com o Brasil. A participação brasileira foi expressiva, favorecida por investimentos que abrem caminhos para intercâmbios entre antropólogos e instituições dos Estados Unidos, Brasil e Senegal”, disse. Ele ainda destacou ainda o compromisso de atuar para que o IFRN se torne uma ponte nesse processo de cooperação internacional.

Com informações do Portal da Ucad.

Palavras-chave:
Senegal Antropologia e Experiência Negra Educação Étnico-Racial