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Alunos conquistam prêmio de 30 mil reais no Programa Caldeirão do Huck

Valor deve ser investido na formação dos jovens e em projeto de responsabilidade social

Publicada em 29/09/2015 Atualizada há 1 ano

Maraysa e Iago foram destaque na TV graças a projeto de responsabilidade social. (Imagem: Reprodução/TV Globo)

Os alunos do curso técnico em Eletrônica Iago Souza e Maraysa Araújo conquistaram o prêmio de 30 mil reais no quadro Jovens Inventores do Programa Caldeirão do Huck. A participação histórica da dupla foi exibida pela TV Globo na tarde do último sábado (26).

No quadro, os jovens foram avaliados por uma banca de três jurados, responsáveis por atribuir notas de 1 a 10 ao "Crab" (caranguejo, em inglês), robô movido a energia solar criado pelos alunos, sob orientação dos professores Arthur Salgado e João Teixeira, para ajudar usuários de cadeiras de rodas a passearem na areia da praia. Para felicidade da equipe, o mini-protótipo recebeu nota máxima dos avaliadores.

Agora, a ideia do grupo é investir o valor no projeto e na própria formação. "Esse dinheiro vai ser fundamental para construir o veículo em maior escala", explicou Maraysa.

O sucesso tão rápido do projeto foi surpresa para Iago, que passou o final de semana respondendo mensagens de amigos e familiares nas redes sociais. "Foi bem legal receber o pessoal lá em casa para assistir ao programa e ver todo mundo nos parabenizando pelo resultado do nosso trabalho", comemorou.

 

O Projeto

Inconformados com a história de um colega cadeirante do Campus, que lamentava a falta de acessibilidade na areia da praia, a dupla começou a pensar em uma solução para o problema. Foi então que surgiu a ideia de criar um carrinho com esteiras adaptado para pessoas com mobilidade reduzida.

Para fazer o protótipo, os jovens optaram por utilizar uma estrutura de madeira e fizeram a medição, o corte e a pintura do robô. "O Crab é dividido em três partes: estrutura, mecânica e eletrônica. A estrutura é uma base, com quatro pilares que sustentam os painéis e uma rampa para o acesso do cadeirante; a parte mecânica diz respeito aos motores, à engrenagem e às esteiras que são conectadas a ela; já a parte eletrônica envolve desde o painel solar à conversão da energia luminosa em energia elétrica e a alimentação dos motores", explicou Iago.

O veículo foi idealizado e produzido como resultado de uma pesquisa desenvolvida graças à parceria do IFRN com a Universidade Petrobras, através do Programa de Formação de Recursos Humanos (PFRH).


Iago e Maraysa: história

Quando criança, Iago adorava a oficina do avô: "Desde pequeno, eu via aquele lugar como um mundo de oportunidades, onde eu podia construir um monte de coisa. Como eu gostava de inventar e entender o funcionamento das coisas, levava para lá os carrinhos de brinquedo e tentava fazê-los em madeira", revelou o estudante.

Assim como o colega de turma, Maraysa sempre gostou de estudar. "Eu deixava de sair para brincar na rua para fazer as atividades da escola em casa", contou. 

Para chegar até o quadro Jovens Inventores, o grupo acumulou premiações por onde passou. O primeiro prêmio veio com o quarto lugar em uma das principais mostras científicas do Brasil, a Mostratec, realizada em outubro do ano passado em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Dias depois, a equipe conquistou o primeiro lugar da categoria Engenharia na Mostra de Ciência e Tecnologia da Zona Norte de Natal, a MOCITECZN, promovida pelo Campus Natal - Zona Norte do IFRN. "Foi onde realmente a gente viu que o nosso projeto tinha tudo para dar certo", disse Iago.

A primeira colocação na mostra local rendeu aos alunos o credenciamento para a IX edição do Concurso Latino-Americano de Projetos de Computação, realizado no mês de março na Universidade Autônoma de Guadalajara, no México. Na exposição obtiveram o primeiro lugar da categoria Robótica e outro credenciamento, desta vez para a Infomatrix, mostra tecnológica que será realizada na Romênia em 2016. 

 

Avaliação dos jurados

Antonio Luís Campos Mariani, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP

"A gente percebe que eles pesquisaram o que existia antes e uma forma de dar continuidade ao protótipo. Saber que esses jovens buscaram entender o problema da mobilidade a partir do próprio cadeirante e dos desafios que eles enfrentam é realmente muito bacana".

 

Sônia Bridi, jornalista e correspondente internacional da TV Globo

"O projeto só se tornou realidade porque havia um professor preparado para coordenar, orientar, e fazer com que os alunos seguissem todos os passos do processo científico. Além disso, ideias como essa fazem a gente imaginar quantos milhões de crianças e adolescentes no Brasil nunca conseguem desenvolver o seu potencial porque não têm acesso à educação. Isso torna esses alunos especiais, principalmente, porque vemos uma característica do povo brasileiro tão bem expressada neles que é a capacidade de olhar para outras pessoas e doar o seu tempo para resolver o problema do outro. A iniciativa deles é sensacional".

 

Ricardo González, criador do projeto "Praia para Todos"

"Essa sensibilidade que eles tiveram é muito bonita. Embora não seja um problema que vivenciem diretamente, eles decidiram arregaçar as mangas e com tanta dedicação chegaram a um evento desse que impacta diretamente milhões de pessoas. Além disso tem a questão ambiental, pois o projeto utiliza energia renovável".

Para ver a participação completa dos alunos no quadro, clique aqui.