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"Batuque-se” conquista certificação de propriedade intelectual

Iniciativa busca facilitar a inclusão de pessoas com deficiência auditiva em atividades musicais

Publicada em 29/04/2021 Atualizada há 1 ano

Certificação emitida pelo Inpi tem validade de 50 anos.

Em abril de 2021 o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) concedeu nova certificação a mais um trabalho de estudantes e professores do IFRN. Desta vez, do Campus Pau dos Ferros, a conquista foi de um novo registro de propriedade intelectual, que se deu a partir do desenvolvimento de programa de computador cujo projeto beneficia pessoas com deficiência auditiva, intitulado: "Batuque-se: Pulseira e Aplicativo para Auxiliar Surdos com Percussão".


O software, agora certificado, foi fruto de pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), desenvolvido por Lucas Guimarães Pessoa de Carvalho e Maria Eliza Gurgel Fernandes, estudantes (hoje egressos), sob orientação dos professores Luís Rodrigues da Silva Filho e Elenilson Vieira da Silva Filho, atualmente no Instituto Federal da Paraíba (IFPB). Segundo sua ementa, "o projeto visa facilitar a inclusão de pessoas com deficiência auditiva em atividades musicais. Em resumo, funciona de maneira a auxiliar estes deficientes a sentirem a música através de uma pulseira, que vibra a partir de sincronismo com um aplicativo móvel".


O projeto

Lucas Guimarães explica que a ideia inicial surgiu da observação de um episódio do programa “American Got Talent”, exibido na TV norte-americana. "Vi uma cantora - Mandy Harvey - que havia perdido a sua audição aos 18 anos e encontrou mecanismos para se adaptar à sua nova realidade e não deixar de expressar sua musicalidade. Depois, conversando com minha colega de equipe, Eliza, idealizamos que pessoas do nosso cotidiano também mereciam ter a oportunidade dessa vivência. Nesse ínterim, o ponto principal da participação no projeto foi justamente entender que, com inovação tecnológica, podemos transformar a realidade das pessoas ao nosso redor e possibilitar que histórias inspiradoras como a de Mandy Harvey possam fazer parte do nosso dia a dia”, explicou o estudante.


Lucas ainda acrescentou que pesquisa e suporte permitiram a superação de obstáculos para o êxito no projeto: "Os desafios principais se deram em duas vertentes: a identificação de uma forma eficaz de transmitir a experiência rítmica com percussão para não ouvintes e na obtenção de componentes eletrônicos e plugins para a execução do projeto. “O primeiro obstáculo foi superado com muitas pesquisas sobre estudos que pudessem comprovar a viabilidade do projeto, a partir dos quais pudemos constatar que deficientes auditivos podem sentir o ritmo musical a partir de vibrações e estímulos visuais; já a obtenção dos componentes necessários, em sua grande parte, foi possibilitada pelo Campus Pau dos Ferros do IFRN”, esclareceu.


Pulseira e do aplicativo móvel

O professor orientador, Elenilson Vieira, lembra que Maria Eliza e Lucas Guimarães, então no quarto ano do curso técnico Integrado em Informática, procuraram-no porque “queriam ajudar deficientes auditivos a escutar música”. Eles tiveram a ideia de fazer uma pulseira que vibrasse no ritmo da música para um estímulo físico. Aliado a isso, queriam um aplicativo móvel com umas bolinhas caindo e mudando de cor, o que causaria um estímulo visual. O instrumento musical escolhido foi o surdo, ou seja, a cada batida do surdo, a pulseira iria vibrar e as bolinhas iriam cair e mudar de cor”, exemplificou.

O docente ainda contou alguns detalhes do processo da orientação: “ficamos eu e o professor Luís Rodrigues, que é de hardware, como orientadores. Logo passamos orientações para a construção da pulseira e do aplicativo móvel, que se comunicavam via bluetooth. A música escolhida para os experimentos iniciais foi Asa Branca, de Luiz Gonzaga. Ainda fizemos experimentos com algumas pessoas, uma delas foi o comunicador do Campus Pau dos Ferros, Marcílio França” disse.


De acordo com Lucas, a relevância do projeto foi algo pensado desde as primeiras ideias sobre o tema. “Sempre tivemos a consciência de que vivemos em uma sociedade na qual a música faz parte do cotidiano. Estamos em um mundo em que a música é fator matriz de diversos aspectos, os quais vão desde o lazer à integração de um indivíduo no escopo social. Possibilitar que deficientes auditivos sintam a música e expressem a sua musicalidade é fundamental para a integração social dessas pessoas". O estudante finalizou encorajando novas pesquisas “a experiência com o “Batuque-se” foi transformadora e extremamente gratificante, espero que mais estudantes tenham a oportunidade de buscar interferir na sua realidade e inspirar e ser inspirado por pesquisas científicas”, expressou.


Certificação

O valor científico e social que o projeto possui rendeu aprovação e apresentação no  International Conference on ENTERprise Information Systems (Centeris), realizado em outubro de 2020, em Portugal.


A certificação emitida pelo Inpi tem validade de 50 anos; como ela, o  IFRN já acumula mais de 100 registros de softwares, mais de 30 de patentes, além de transferências de tecnologia.



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08/07/2020:Projeto desenvolvido no Campus que beneficia deficientes auditivos é aprovado para Conferência Internacional em Portugal.