Reflexão e conscientização
Inclusão e capacitismo em debate no Campus Nova Cruz
Abril azul promove ações de conscientização sobre o autismo e combate ao capacitismo
Publicada por Myrtthes Almeida em 07/04/2025 ― Atualizada em 7 de Abril de 2025 às 11:51

O mês de abril tem ganhado cada vez mais visibilidade por meio da campanha Abril Azul, que busca ampliar a conscientização sobre o autismo e fortalecer a luta por inclusão e respeito à diversidade. No Campus Nova Cruz do IFRN, a campanha é marcada por ações que envolvem a comunidade acadêmica com o objetivo de fomentar o diálogo e combater o preconceito contra pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Uma das vozes que se destaca nesse movimento é a da psicopedagoga Conceição Soares, psicopedagoga do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (NAPNE) do Campus Nova Cruz. Para ela, o Abril Azul é mais do que um símbolo, é uma oportunidade concreta de transformar a realidade. “As ações realizadas nesse período fazem com que o tema alcance mais pessoas. Através de campanhas, palestras e atividades educativas, conseguimos promover conhecimento, quebrar preconceitos e contribuir para uma sociedade mais inclusiva”, afirma a profissional do NAPNE.
Conceição também reconhece avanços importantes na legislação brasileira, como a Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012), que garante direitos às pessoas com TEA e suas famílias, e a Lei Romero Mion (Lei 13.977/2020), que institui a carteira de identificação da pessoa com autismo, facilitando o acesso a serviços de saúde, educação e assistência social. No entanto, ela reforça que ainda há um longo caminho a ser percorrido. "A luta continua. Ainda enfrentamos muitas barreiras, tanto no acesso à cidadania quanto no combate ao preconceito”, destaca Conceição.
Ações em direção às práticas inclusivas
No IFRN Campus Nova Cruz, o reflexo dessas ações pode ser observado na prática. Atualmente, 15 alunos com necessidades educacionais específicas matriculados nos cursos técnicos integrados ao ensino médio, em áreas como Química, Informática e Administração. Segundo Conceição, esses estudantes contam com apoio de uma equipe interdisciplinar e têm seus direitos assegurados no ambiente educacional. Nesse sentido, a psicopedagoga afirma que "oportunizar às pessoas com necessidades específicas o acesso à educação profissional e tecnológica de qualidade também constitui um grande avanço".
Capacitações e palestras
No mês de abril, o Campus também contou com uma exposição realizada por Ana Luísa, psicopedagoga, e por Ivan Baron, influenciador potiguar e ativista anticapacitista. Durante palestra realizada na última quinta-feira, 3 de abril, Ivan abordou temas como a invisibilidade da deficiência no cotidiano escolar e a importância de um posicionamento ativo em favor da inclusão. “Incluir não é fácil. É preciso esforço, comprometimento e coragem para se posicionar. Inclusão é um movimento político. Não dá para fazer inclusão sem você se posicionar", afirmou.
Para Ivan, o cenário vem mudando, ainda que lentamente. “Anos atrás, não existiam rodas de conversa como essa em que pudéssemos falar sobre deficiência. A deficiência era tratada como palavrão, como tabu. E nós não podemos mais ter esse pensamento. Precisamos discutir a deficiência como uma importante característica da diversidade humana", frisou o ativista.
Assim, as ações desenvolvidas pelo Campus Nova Cruz durante o Abril Azul reforçam o papel da escola como um agente de transformação social. Através do diálogo, a instituição mostra que incluir não é apenas um dever legal, mas um compromisso ético com a construção de um futuro mais justo e igualitário para todos.
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