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Projeto Crab no Programa Caldeirão do Huck, da TV Globo, completa 4 anos
Equipe conquistou prêmio de 30 mil reais e, desde então, segue melhorando experimento
Publicada em 26/09/2019 ― Atualizada há 1 ano, 7 meses
Desenvolvido pelos alunos do curso técnico integrado em Eletrônica Iago Souza e Maraysa Araújo, do Campus Natal-Zona Norte, e com orientação dos professores João Teixeira e Arthur Salgado, o projeto Crab (caranguejo, em inglês) ainda rende resultados satisfatórios. Após participação histórica no quadro Jovens Inventores do Programa Caldeirão do Huck, há exatos quatro anos, os alunos conquistaram o prêmio de 30 mil reais, e, desde então, toda a equipe responsável pelo experimento investiu em melhorias.
O mini-protótipo Crab foi idealizado e produzido pelos alunos como resultado de pesquisa desenvolvida na parceria do IFRN com a Universidade Petrobras, através do Programa de Formação de Recursos Humanos (PFRH). O robô, que é movido a energia solar, tem como intuito ajudar usuários de cadeiras de rodas a passearem na areia da praia. Na época, Maraysa destacou que, dali em diante, o grupo aplicaria o valor conquistado na construção do veículo em maior escala.
A princípio, o robô era dividido em três partes: estrutura (uma base, com quatro pilares que sustentam os painéis e uma rampa para o acesso do cadeirante), mecânica (os motores, a engrenagem e as esteiras que são conectadas a ela) e eletrônica (desde o painel solar à conversão da energia luminosa em energia elétrica e a alimentação dos motores). Com o dinheiro ganho no Caldeirão do Huck, foi possível adicionar mais baterias ao veículo, além de implementar seu controlador e carregador - tudo isso envolve a integração dos módulos fotovoltaicos, que vão carregar as baterias quando o sol estiver disponível.
Visando à garantia da segurança do cadeirante que for usar o veículo, João Teixeira, um dos professores orientadores do projeto, destaca também a integração dos controladores soft start (início suave, em inglês), uma vez que, caso não se trabalhe com essa ferramenta, o usuário pode cair do veículo. Desde então, nas praias da capital potiguar, cadeirantes foram convidados para testar o veículo e ficaram satisfeitos.
Nos últimos 12 meses, a equipe do Crab participou em algumas ocasiões do Projeto Praia para Todos, na Praia de Ponta Negra. Além disso, representou também a Rede Federal no Congresso da Federação Mundial de Colleges e Politécnicos (WFCP, na sigla em inglês), que reuniu líderes da educação profissional de todo o mundo em Melborne, Austrália, em novembro de 2018. Sobre o futuro, Arthur Salgado, professor orientador, comentou sobre a necessidade de incentivo financeiro e também da participação em editais para incentivo de projetos como o Crab, com mobilidade. “A gente tem divulgado também em eventos científicos nacionais e internacionais, na tentativa de mostrar o que a gente está fazendo, academicamente”, complementou.
Retorno positivo
Salgado destacou que houve muito retorno positivo no início do projeto, por parte da população, da mídia e nas redes sociais, após a veiculação no Caldeirão do Huck. Já Pedro Nogueira, graduando em Gestão Pública do Campus Natal Central, que testou o Crab, agradeceu aos envolvidos e deu um feedback extremamente emocionado e positivo: “Deixou minha cabeça ‘meio louca’, porque eu não esperava uma experiência dessas. Na verdade, eu achava meio impossível, meio dificultoso chegar na praia, no geral. Eu moro do lado da praia, mas eu quase nunca vou, pela dificuldade. Então minha cabeça está fervilhando de ideias. Eu quero escrever sobre a experiência de hoje, a partir da próxima semana eu vou começar a alinhar algumas coisas e eu já estou pensando em algo amplo, que é tratar da acessibilidade dos pontos turísticos do Rio Grande do Norte”.
“A gente vê que o projeto tem caminhado bem, tem evoluído”, contou Arthur. “Esperamos que tenha no futuro resultados ainda melhores, porque a gente espera realmente que isso vá às praias e que consigamos complementar o veículo para que possa ser utilizado”, concluiu.
O Projeto
Inconformados com a história de um colega cadeirante do Campus, que lamentava a falta de acessibilidade na areia da praia, a dupla começou a pensar em uma solução para o problema. Foi então que surgiu a ideia de criar um carrinho com esteiras adaptado para pessoas com mobilidade reduzida.
Para fazer o protótipo, os jovens optaram por utilizar uma estrutura de madeira e fizeram a medição, o corte e a pintura do robô. "O Crab é dividido em três partes: estrutura, mecânica e eletrônica. A estrutura é uma base, com quatro pilares que sustentam os painéis e uma rampa para o acesso do cadeirante; a parte mecânica diz respeito aos motores, à engrenagem e às esteiras que são conectadas a ela; já a parte eletrônica envolve desde o painel solar à conversão da energia luminosa em energia elétrica e a alimentação dos motores", explicou Iago.
Iago e Maraysa: história
Quando criança, Iago adorava a oficina do avô: "Desde pequeno, eu via aquele lugar como um mundo de oportunidades, onde eu podia construir um monte de coisa. Como eu gostava de inventar e entender o funcionamento das coisas, levava para lá os carrinhos de brinquedo e tentava fazê-los em madeira", revelou o estudante.
Assim como o colega de turma, Maraysa sempre gostou de estudar. "Eu deixava de sair para brincar na rua para fazer as atividades da escola em casa", contou.
Para chegar até o quadro Jovens Inventores, o grupo acumulou premiações por onde passou. O primeiro prêmio veio com o quarto lugar em uma das principais mostras científicas do Brasil, a Mostratec, realizada em 2014 em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Dias depois, a equipe conquistou o primeiro lugar da categoria Engenharia na Mostra de Ciência e Tecnologia da Zona Norte de Natal, a MOCITECZN, promovida pelo Campus Natal - Zona Norte do IFRN. "Foi onde realmente a gente viu que o nosso projeto tinha tudo para dar certo", disse Iago.
A primeira colocação na mostra local rendeu aos alunos o credenciamento para a IX edição do Concurso Latino-Americano de Projetos de Computação, realizado no mês de março na Universidade Autônoma de Guadalajara, no México. Na exposição obtiveram o primeiro lugar da categoria Robótica e outro credenciamento, desta vez para a Infomatrix, mostra tecnológica realizada na Romênia em 2016.
Avaliação dos jurados
Antonio Luís Campos Mariani, professor do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP
"A gente percebe que eles pesquisaram o que existia antes e uma forma de dar continuidade ao protótipo. Saber que esses jovens buscaram entender o problema da mobilidade a partir do próprio cadeirante e dos desafios que eles enfrentam é realmente muito bacana".
Sônia Bridi, jornalista e correspondente internacional da TV Globo
"O projeto só se tornou realidade porque havia um professor preparado para coordenar, orientar, e fazer com que os alunos seguissem todos os passos do processo científico. Além disso, ideias como essa fazem a gente imaginar quantos milhões de crianças e adolescentes no Brasil nunca conseguem desenvolver o seu potencial porque não têm acesso à educação. Isso torna esses alunos especiais, principalmente, porque vemos uma característica do povo brasileiro tão bem expressada neles que é a capacidade de olhar para outras pessoas e doar o seu tempo para resolver o problema do outro. A iniciativa deles é sensacional".
Ricardo González, criador do projeto "Praia para Todos"
"Essa sensibilidade que eles tiveram é muito bonita. Embora não seja um problema que vivenciem diretamente, eles decidiram arregaçar as mangas e com tanta dedicação chegaram a um evento desse que impacta diretamente milhões de pessoas. Além disso tem a questão ambiental, pois o projeto utiliza energia renovável".
Assista:
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