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ENSINO

Levantamento revela condições dos alunos do Campus durante a pandemia

Dificuldade de acesso a internet e fatores ambientais são desafios dos estudantes e do IFRN

Publicada em 25/08/2020 Atualizada há 1 ano, 3 meses

Aulas presenciais foram suspensas no mês de março por causa do risco de contágio pelo novo coronavírus no ambiente escolar

Há cinco meses e meio com o calendário acadêmico suspenso, em razão da pandemia do novo coronavírus, a rotina dos estudantes escolar ganhou contornos diferentes. Com corredores e salas de aula vazias e sem condições sanitárias para garantir um retorno presencial seguro às atividades acadêmicas, gestores, professores e técnicos do Campus estudam formas de garantir um retorno as atividades remotas, sem deixar ninguém para trás. 

A preocupação da equipe do Campus nasce do conhecimento sobre a realidade de boa parte dos alunos, que já se encontrava em situação de vulnerabilidade antes do começo da pandemia, e, ainda, dos números apresentados após o levantamento realizado com os estudantes sobre o acesso às tecnologias educacionais e condições de estudo em suas casas.

A pesquisa, que tem como objetivo o acesso a todos os 1.181 estudantes regularmente matriculados no Campus, conseguiu até o dia 24 de agosto contactar cerca de 98% dos estudantes. "Os 2% dos alunos que não responderam a enquete, utilizada para mapear os meios tecnológicos à sua disposição e as condições de estudo de cada estudante, não serão serão desconsiderados: provavelmente apresentam problemas de conectividade. Estamos considerando essa dificuldade no planejamento em desenvolvimento", destaca a diretora acadêmica Fabrícia Abrantes.

O resultado parcial do estudo, divulgado nesta segunda-feira (24), deixa claro que os dados coletados até agora evidenciam as dificuldades que precisarão ser resolvidas antes de um retorno remoto dos alunos, a fim de que a população mais vulnerável não seja ainda mais penalizada. Cerca de 7% dos respondentes afirmaram que não possuem internet em casa. Dos que possuem internet em casa, 11% acredita que a internet que possuem não permita um acesso adequado a vídeos e plataformas de aprendizagem.

Além disso, menos da metade dos estudantes conta com um computador, notebook ou netbook. A maioria, 67%, dispõe somente de smartphone ou tablet para acessar a internet. Somam-se aos desafios as condições ambientais para os estudantes, já que quase 70% dos respondentes alegou não possuir um espaço silencioso, individual ou específico para o estudo. "Toda relação de ensino-aprendizagem que gera resultado satisfatório e de qualidade carece de uma série de pré-requisitos. No formato remoto, as necessidades são semelhantes. Nesse modelo que está sendo pensando pela primeira vez, temos como desafio aprender a participar dele mantendo a garantia desse ensino-aprendizagem com qualidade. Sim, a existência de um local silencioso seria o ideal, mas, se não é possível garanti-lo, precisamos capacitar alunos e professores para considerar que é essa a nova realidade que enfrentamos", explica Margareth Pinheiro, psicóloga escolar do Campus.

Segundo a profissional, isso deve ser feito sem desistir da tarefa de ensinar e aprender, dentro da realidade de cada um. "O modelo de ensino virtual vai precisar ser repensado e adaptado durante sua execução, e aos alunos deverá ser oferecido apoio psicológico e pedagógico constantemente. Todos teremos que aprender esse novo formato", conclui.

Outra questão que preocupa é como se dará o atendimento aos estudantes com necessidades especificas do Campus. Atualmente, 30 estudantes são acompanhados por possuírem condições transitórias ou definitivas que impactam em seus processos de aprendizagem, como deficiências físicas, visuais ou transtornos de aprendizagem. Nesse contexto, os desafios que precisam ser assumidos para o retorno passam pela promoção das condições de acesso aos alunos. 

A falta de diretrizes e soluções para os problemas dos estudantes do IFRN preocupa também os alunos. Ailton Costa, estudante do quarto ano de Informática para Internet, explica que está incluído no percentual de estudantes que possuem acesso a internet em casa, contudo ele ainda acredita que não tem boas condições para estudar. "Desde pequeno eu tenho dificuldade em prestar atenção nas aulas, mas com o tempo fui superando isso e melhorando minha capacidade de absorver o conteúdo. Mas, quando a atividade é para casa, eu acabo me distraindo com facilidade e concluindo a tarefa na própria escola. Será que outros alunos não têm a mesma dificuldade?", questiona.


Apoio será fundamental para a retomada

O destaque positivo no levantamento das informações é o percentual de alunos que afirmou que tem apoio familiar ou de amigos para estudar em casa que chega a 77% e dos estudantes que afirmaram que contam com pelo menos quatro horas disponíveis para estudar, que são aproximadamente 60% dos respondentes. “Essa pesquisa apresenta um diagnóstico muito importante para o Campus, porque conseguimos ouvir praticamente todos os nossos alunos matriculados sobre suas condições de acesso e de estudos nesse período. Esse trabalho foi abraçado por toda a equipe da escola desde o início por acreditarmos ser o ponto base para poder construir um retorno das aulas verdadeiramente inclusivo, uma vez que só após mapear as condições dos nossos estudantes podemos planejar soluções para os problemas encontrados", explica o diretor-geral Edmilson Campos.

Acesse o resultado completo da enquete direcionada ao alunos aqui.