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Gestores do Campus emitem nota sobre situação de instabilidade social do país

Texto destaca papel do Instituto para avanços relacionados à educação no Brasil

Publicada em 21/03/2016 Atualizada há 1 ano, 3 meses

Equipe fez questão de ressaltar conquistas sociais alcançadas nos últimos anos no campo da educação

A equipe gestora do Campus emitiu, na manhã desta segunda-feira (21) uma nota de posicionamento sobre a atual situação de instabilidade social do país.

Segue o texto na íntegra, assinado pelos professores Valdemberg Magno Pessoa (diretor-geral), Agamenon Tavares (diretor acadêmico), Benjamim Severo (diretor de Administração), Roberto Lima, (coordenador de Pesquisa) e Fábio Alexandre Santos (coordenador de Extensão):

 

“Nós, gestores do Campus Natal-Zona Norte do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, posicionamo-nos em relação ao clima de grave enfrentamento político nacional e por uma melhor qualidade na Educação do Brasil.

Diante da realidade conjuntural vivida por nosso país nos últimos meses, pronunciamo-nos, externando a nossa preocupação com o clima de intolerância política e instabilidade social, defendendo que, no campo da Educação, não há possibilidade de comparação entre os últimos três governos nacionais e seus antecedentes.

Permanecemos conscientes de que houve posturas inflexíveis do Governo Federal, mas acreditamos no equilíbrio necessário à governabilidade, como caminho seguro para a manutenção do Estado Democrático de Direito, estabelecido pela nossa Constituição Federal.

Para nós, a instalação de escolas de reconhecido padrão de infraestrutura, corpo docente e técnico altamente qualificado e investimento em atividades de pesquisa e extensão desde o Ensino Médio, caso dos Institutos Federais, em áreas socialmente vulneráveis, saindo, como no caso do IFRN, de duas para vinte e uma unidades em dez anos, saindo de cerca de quatro mil estudantes para quase trinta mil, de cerca trezentos professores para quase mil e quinhentos, de pouco mais de duzentos técnicos administrativos para aproximadamente mil e cem, denota os muitos avanços sociais no campo da Educação, ainda que se precise de muito mais.

Nós, do Campus Natal-Zona Norte do IFRN, construímos um histórico de compartilhamento de responsabilidades e abertura democrática, com bases sólidas, valorizando o debate no plano das ideias como diferencial que nos orgulha profundamente. Em nossa percepção, este momento grave e crítico que estamos passando não tardará em reafirmar a necessidade de reforçar a nossa identidade coletiva, não sendo esta apenas uma característica de unidade de servidores e comunidade acadêmica, mas uma conquista do processo democrático a ser preservada e alimentada por todos, independentemente de temporários posicionamentos divergentes, já que todos os nossos segmentos – docentes, técnicos administrativos, estudantes, terceirizados, pais e comunidade em geral – compartilhamos nossos sonhos de ver efetivamente estabelecido um Ensino Público, laico, gratuito e de qualidade para o país, o RN e a Zona Norte de Natal, seguindo as concepções e indicações do Projeto Político-Pedagógico, que assume a função social de “ofertar educação profissional e tecnológica – de qualidade referenciada socialmente e de arquitetura político-pedagógica capaz de articular ciência, cultura, trabalho e tecnologia – comprometida com a formação humana integral, com o exercício da cidadania e com a produção e a socialização do conhecimento, visando, sobretudo, à transformação da realidade na perspectiva da igualdade e da justiça social”.

Diante de tudo isso, reconhecendo que a interpretação da situação social atual é, efetivamente, uma questão ampla, mesmo com divergência de opiniões, à qual todos temos direito, sem buscar a prerrogativa da razão inconteste, avaliamos a condição da realidade que vivenciamos como cidadãos e da história que acessamos em nossa peculiar localidade, ao longo dessa nossa luta de sempre. Em nosso ponto de vista, não acreditamos na ausência de intencionalidade de nenhum lado, mas optamos pelo lado das conquistas sociais alcançadas nos últimos anos, em detrimento de 500 anos de ações comandadas por tantos que não entendem necessidades de camadas desfavorecidas socialmente, tantos que veem, na meritocracia, a justiça.

Como sempre fizemos, deixamos clara a nossa posição no cenário atual, com a convicção de que as ideias que defendemos são opostas a figuras retrógradas, que sempre estiveram na condição de melhorar a realidade nacional, mas só pensaram nos próprios ganhos, sejam políticos, econômicos ou de qualquer ordem, locupletando-se historicamente com as benesses políticas governamentais, com a exploração das classes socialmente sofridas e, ainda mais, convencendo-os de que os privilegiados fazem o "favor" de acolher os desprivilegiados (pobres) em suas “ofertas de empregos”.

Nos últimos dez anos, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, a partir da expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, inseriu considerável margem da população potiguar em níveis educacionais antes não voltados aos mais recônditos pontos do nosso estado. Também por isso, manifestamos exacerbada preocupação com o que percebemos na nossa sociedade, em nosso país como um todo, avaliando um alto risco ao importantíssimo processo de consolidação dos avanços que percebemos na Educação Pública, nos seus mais diversos níveis, em particular no ensino Técnico e Tecnológico, além do Ensino Superior.

Nosso anseio sincero é de que haja investigação, processo, julgamento e tudo que é garantia constitucional para o Estado Democrático de Direito, com condução ética e impessoal, baseada na Lei vigente, que a Justiça seja igualmente dura, republicana e apolítica, evitando pré-julgamentos e influências exclusivamente partidárias.

Que saibamos manter o equilíbrio, a maturidade e a disposição para o bom debate, para a busca por soluções de forma ética e sem subterfúgios puramente políticos (ainda que entendamos a presença da política em todas as relações humanas e sociais).

Finalizamos buscando o apoio da maior parte da comunidade em que nos inserimos, entendendo que a posição de gestor, em situações delicadas como a atual, é de somar forças com a população, que pode e deve se posicionar de forma livre em relação ao momento, estabelecendo como pontos indiscutíveis que devemos estar unidos por um propósito maior, qual seja, a valorização da rede federal de ensino para uma melhor qualidade da educação deste país”.