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ESPECIAL

Em busca do sonho, alunos vão estudar em uma das melhores universidades do Brasil

Kaline e Geovani vão cursar Engenharia de Controle e Automação na Unicamp, em Campinas/SP

Publicada em 08/03/2022 Atualizada há 1 ano, 3 meses

Jovens se classificaram na modalidade Vagas Olímpicas, uma das possibilidades de ingresso na universidade

Muitos alunos do IFRN – destaques na produção da ciência –, mesmo com todas as dificuldades impostas pela pandemia, têm sido capazes de conciliar as adaptações ao ensino remoto (e à volta gradual da presencialidade) com o desenvolvimento de projetos de pesquisa. No Campus Natal-Zona Norte do Instituto, não tem sido diferente. 

Nesse contexto, Yasmin Kaline Carvalho e Geovani Porto, alunos do terceiro ano do Curso Técnico em Eletrônica, viajam nesta sexta-feira (11) para Campinas/SP. Na bagagem, além de roupas e utensílios pessoais, eles carregam sonhos. Há duas semanas, eles receberam a notícia que mudaria suas vidas: a aprovação para cursar Engenharia de Controle e Automação na Universidade de Campinas (Unicamp), uma das melhores universidades do Brasil no ranking mundial da consultoria britânica Times Higher Education (THE), divulgado em 2021.

Yasmin Kaline não esconde a empolgação com o novo desafio. "Estamos muito animados. Achamos que vai ser uma grande mudança na nossa vida, até de perspectivas. Já pudemos conhecer alguns colegas e, inclusive, há uma equipe de robótica lá. Com certeza vai ser bem divertido", comemora.

Até agora sem acreditar no resultado, Geovani não vê a hora de conhecer a universidade, cujas aulas começam já na próxima segunda-feira, dia 14. "Não caiu a ficha até agora de que estou indo embora, deixando aqui a minha família e os meus amigos. Apesar do apoio que recebo de todos para estudar longe, vou sentir muita falta deles. Na verdade, tenho muitas expectativas com relação à Unicamp, principalmente pelas oportunidades que vão surgir", comenta.

 

Como a vaga chegou?

A conquista veio após a classificação dos jovens na modalidade Vagas Olímpicas, uma das possibilidades de ingresso na Universidade de Campinas neste ano. Essa modalidade passou a ser adotada a partir de 2019, voltada para estudantes de escolas públicas ou privadas medalhistas ou com ótimo desempenho em competições de conhecimento do Ensino Médio. Em 2022, foram disponibilizadas apenas cinco vagas para o curso de graduação escolhido pela dupla. 

A convocação dos alunos veio a partir das pontuações obtidas nas competições olímpicas de que participaram, nesse caso, sobretudo, a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), atualmente considerada o maior evento de robótica da América Latina. Na competição, no formato virtual, eles foram os melhores da modalidade teórica, uma prova escrita preparada por uma comissão de professores e pesquisadores da própria OBR. "O nosso ótimo desempenho nessa olimpíada teve um peso maior na nossa nota e ajudou a garantir a nossa aprovação para a Unicamp", revela Geovani.

 

Onde tudo começou

Geovani admite que desde o Ensino Fundamental se sente atraído área de tecnologia e, ao entrar no IFRN, planejou aproveitar ao máximo as oportunidades. "O Campus Natal-Zona Norte me incentivou muito por meio dos cursos oferecidos, dos quais vez ou outra eu conseguia participar. O MARIA [Movimento Aberto de Robótica, Inovação e Automação – projeto de extensão que existe desde 2015 com a proposta de familiarizar estudantes dos cursos técnicos de nível médio-técnico do Campus com competições de Robótica] também ajudou bastante. Lembro inclusive uma palestra sobre Internet das Coisas, no próprio Instituto, que foi o estímulo inicial para eu estudar por conta própria".

Assim como o colega, Yasmin Kaline destaca a importância do MARIA e elogia o comprometimento de professores com o ensino da robótica. "Meu interesse pela área começou ainda no primeiro ano de Eletrônica, quando o pessoal do MARIA foi até a minha sala para incentivar principalmente as meninas a participar do projeto. A partir disso, comecei no laboratório a construir os robôs, a entender aquele mundo, mas ainda não sabia nada sobre arduino [plataforma de desenvolvimento de projetos eletrônicos]. No entanto, isso passou a mudar quando a estudante entrou em um grupo de estudos, que, mesmo voltado para alunos a partir do segundo ano, a ensinou a programar e a aplicar aquilo que aprendia no projeto. "Sou muito grata ao professor Hilário Silveira, responsável pela iniciativa. A professora Liviane Melo também foi muito importante, porque, no ano seguinte, me ajudou bastante na OBR. Tudo isso mudou minha vida", relata.

 

Competição nossa de cada dia

Engana-se quem pensa que o início dos dois foi fácil, principalmente no contexto da pandemia da Covid-19 e do isolamento social. Em 2020, ano no qual passaram a estudar robótica e programação juntos, pensaram até em desistir diante das dificuldades. "Nos primeiros meses não ganhamos prêmios e chegamos a desfazer o grupo por pouco tempo. Mas a vontade de conquistar coisas grandes e ir longe foi maior", conta a dupla.

Então, com Hanna Vitória Oliveira, colega de turma e parceira das pesquisas, eles criaram a Yume, uma ONG educacional cadastrada como projeto de pesquisa do Campus. Ela ficou responsável por compartilhar oportunidades educacionais como palestras, cursos, hackathons, olimpíadas científicas e outros eventos, contando com apoio de professores de instituições de ensino como o Instituto Federal de Roraima (IFRR) e de escolas espalhadas pelo Brasil. Assim, ao passo que divulgava as competições, o trio se inscrevia em uma disputa atrás da outra.

O primeiro prêmio em equipe só chegou quase um ano depois: o segundo lugar na Feira Brasileira de Jovens Cientistas – FBJC –, na área Ciências Exatas e da Terra, graças ao SmartLab – projeto desenvolvido pelos estudantes que usa o smartphone para realizar análises físico-químicas de maneira acessível a estudantes de escolas que não dispõem de laboratórios e equipamentos de química. A ideia, na qual os autores aplicam conhecimentos em matemática e programação para obter dados químicos a partir de imagens, foi responsável por inúmeras premiações, incluindo medalhas, credenciamentos para eventos internacionais e menções honrosas.

 

Fisicamente longe. Remotamente juntos

Segundo Hanna, a separação do time não será suficiente para interromper os estudos em equipe nem para não seguirem atuando juntos. "Mesmo eles indo para outro estado, tanto a Yume quanto o SmartLab vão continuar, pois vale lembrar que ambos os projetos começaram durante a pandemia, tudo virtualmente. Por isso, vamos seguir desenvolvendo os dois e esperamos que dê tudo certo", explica.

 

Principais eventos:

AnoEventoOrganizaçãoTipo
2020Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC)FBJCSmartLab
2020Feira de Ciência e Tecnologia da região bragantina (Bragantec)IFSPSmartLab
2020Feira de Ciência e Tecnologia de Palotina (Fecitec)UFPRSmartLab
2020Mostra Científica e Tecnológica dos Jovens Pesquisadores do Pará (Mocitec Jovem)MECIS/PASmartLab
2020Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace)USPSmartLab
2020Feira Nacional de Ciência e Tecnologia Dante Alighieri (FeNaDANTE)Colégio Dante AlighieriSmartLab
2021Feira de Ciência e Tecnologia da região bragantina (Bragantec)IFSPSmartLab
2021Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC)FBJCSmartLab
2021Feira Nacional de Ciência e Tecnologia Dante Alighieri (FeNaDANTE)Colégio Dante AlighieriSmartLab
2021Feira de Inovação e Ciências (FeCEAP)CEAP/SPSmartLab
2021Feira Nordestina de Ciências e Tecnologia (Fenecit)Academia do Saber/PE SmartLab
2021Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec Liberato)Fundação Liberato/RSSmartLab
2021Mostra de Ciência e Tecnologia da Zona Norte de Natal (Mocitec/ZN) IFRN-ZNSmartLab

 

Principais prêmios:

AnoEventoPrêmioÁrea Tipo
2020Mocitec Jovem3º lugarCiências Exatas e da Terra SmartLab
2020Fecitec Palotina3º lugarCiências Exatas e da Terra SmartLab
2020FeNaDANTE3º lugarCiências Exatas e da Terra SmartLab
2020Febrace 3º lugarCiências Exatas e da Terra SmartLab
2020FBJC2º lugarCiências Exatas e da Terra SmartLab
2021FBJC2º lugarCiências Exatas e da Terra SmartLab
2021Mocitec/ZN2º lugarCiências Exatas e da Terra SmartLab
2021Bragantec1º lugarGeral SmartLab
2021Bragantec1º lugarCiências Exatas e da Terra SmartLab
2021Fenecit1º lugarCiências Exatas e da Terra SmartLab
2021Mostratec Liberato1º lugarCiências Exatas e da Terra SmartLab
2021FeCEAP1º lugarCiências Exatas e da Terra SmartLab
2021FeNaDANTE1º lugarCiências Exatas e da Terra SmartLab

 

Credenciamentos:

AnoCredencialOrganizaçãoAno/País  Formato
2020FeNaDANTEColégio Dante Alighieri/SP2021/BrasilVirtual
2021FeNaDANTEColégio Dante Alighieri/SP2022/BrasilVirtual
2021Expo Nacional Milset BrasilMilset Brasil2021/BrasilVirtual
2021ExpocetiColégio Anglo Parque2022/BrasilA definir
2021FebraceUSP2022/BrasilVirtual
2021FenecitInstituto Academia do Saber2022/BrasilVirtual
2021Expo Science MéxicoMilset2022/MéxicoHíbrido
2021FeyncitCentro Universitario Jerome Bruner2022/MéxicoA definir

Outras premiações:

AnoEventoPremiação
2020Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC)Prêmio Estreante Destaque
2020Feira Nacional de Ciência e Tecnologia Dante Alighieri (FeNaDANTE)Prêmio de Excelência Instituto da Física da USP
2020Feira Nacional de Ciência e Tecnologia Dante Alighieri (FeNaDANTE)Prêmio Destaque Unidades da Federação: RN
2021Feira de Inovação e Ciências (FeCEAP)Prêmio de Inovação em Tecnologia
2021Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC)1º lugar da Maratona de Inovação da FBJC