Reflexões sobre produção cultural
Matéria publicada no jornal Tribuna do Norte
Publicada em 21/03/2012 ― Atualizada há 1 ano, 8 meses
A segunda edição do evento Diálogos em Produção Cultural, realizado por alunos do curso de Tecnologia em Produção Cultural do IFRN-Cidade Alta, movimentou o prédio histórico na av. Rio Branco entre 8 e 10 de março, com intensa programação formada por oficinas, mostra de vídeo, exposições, feira de artesanato, debates e apresentações artísticas. A profissionalização do segmento cultural foi o tema norteador das atividades, que amplificaram reflexões sobre o 'fazer cultural' contextualizado com a realidade local.
Apesar do clima chuvoso, não houve interferência na programação e a participação do público foi considerada pelos organizadores como um dos pontos altos. "Os assuntos abordados deveriam ter atraído mais artistas, e espero que no próximo 'Diálogos', com mais divulgação, essa presença seja ampliada", observou o estudante Arthur Morais Dantas. "O importante é que o objetivo foi alcançado", emendou Deyvid Aquino.
Como o intuito era articular ensino teórico com a prática de mercado, os participantes puderam enxergar o circuito cultural sob diversos aspectos: "Além de contribuir com a profissionalização do setor, o evento também buscou refletir sobre o papel social do produtor cultural", disse a estudante Janaína Karla de Souza.
A oficina de Marketing Cultural, ministrada pelo professor Sérgio Baena, foi um dos destaque do primeiro dia de atividades (quinta-feira, 8) ao repassar dicas preciosas para superar a difícil tarefa de captar recursos. "A dinâmica da Oficina de Marketing Cultural foi importante pela forma pragmática da abordagem, onde o olhar esteve voltado para a viabilização de projetos e seus resultados", disse Denise Medeiros Dantas.
Durante o evento, o público também foi apresentado ao 'papirofone' (espécie de xilofone artesanal que utiliza tubos de metal revestidos com papelão para adquirir sonoridade aveludada) na oficina de Construção de Instrumentos Musicais do professor Arlindo Ricarte; teve contato com noções de malabares e acrobacias aéreas com o grupo Trupe Viva; e conferiu performances do grupo Pau e Lata mais a intervenção poética "Aviso da Lua que menstrua" (texto de Elisa Lucinda) em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.
Exposições de quadros, máscaras em couro e ensaio fotográfico criados pelos próprios alunos do IFRN-Cidade Alta completaram a gama de atrações. "O mix de crítica, atividade cultural e arte, refletidos na programação, tornaram calorosos os debates sobre conceitos e ideias, conferindo oportunidade de repensar as políticas culturais, analisar dificuldades e possibilidades para viabilizar atividades culturais", verificou a professora Mára Mattos.
O debate entre a professora Isabel Dantas e o produtor cultural Josenilton Tavares refletiu sobre "A atuação de Produtor Cultural do RN", e abriu brechas para se rediscutir paradigmas e dissecar as diferentes vertentes filosóficas e perspectivas históricas do 'fazer cultural'. Temas como mercado, público, processo de criação, distribuição e apreciação foram abordados. "O Diálogos proporcionou uma visão ampla sobre a realidade do mercado cultural ao abordar suas dificuldades, acertos e imprevistos, e conferiu experiência prática como a elaboração e execução de projetos", Jonathan Francioli.
Para a mestre em Administração Maria Luísa Medeiros, que circulou no Diálogos, o "IFRN-Cidade Alta é um celeiro importante e necessário ao desenvolvimento do segmento no RN, à compreensão da produção cultural como atividade profissional, suas dimensões e as transformações sociais que ela proporciona. Assuntos fomentados a partir de iniciativas calcadas na colaboração e no conhecimento." Vale salientar que o evento atraiu não só pessoas ligadas à área de produção cultural como também de Publicidade, Jornalismo e Turismo, entre outras. "É de suma importância iniciativas como essa para estreitar as relações entre sociedade e meio acadêmico", aposta Wecsley Mariano, ator e produtor cultural.
O resultado positivo da iniciativa pode ser traduzido pela experiência da coreógrafa Acácia Batista de Oliveira: "Em uma das oficinas de dança foram trabalhadas técnicas em que o sujeito perceber-se no espaço, as conexões ao seu redor e como essa percepção influência diretamente no movimento", entendimento que transcende a dança e se estende para outras áreas. "O Diálogos em Produção Cultural possibilitou o exercício prático do que vem sendo aprendido na teoria", concluiu o estudante Victor Ferreira.
(*) Texto construído coletivamente por participantes da oficina de Jornalismo Cultural. Mais informações sobre o evento na ágina eletrônica www.dialogosproducao.com.br.