CULTURA
Apesar da pandemia, turmas de Produção Cultural idealizam e desenvolvem oito projetos
Quatro deles foram contemplados pela Lei Aldir Blanc
Publicada em 06/05/2021 ― Atualizada há 1 ano, 8 meses
O Curso Superior de Tecnologia em Produção Cultural do Campus Natal - Cidade Alta possui duas disciplinas que funcionam como Projeto Integrador do Curso. “Elaboração de Projeto Cultural: Editais e Leis de Incentivo” é pré-requisito para a disciplina “Desenvolvimento de Projetos Culturais”. Desta forma, no decorrer do semestre 2020.1 a turma elaborou ideias dos projetos culturais e os inscreveu em editais com intenção de captar recursos externos. No período seguinte, mesmo com pandemia de covid-19 dificultando o processo, os estudantes conseguiram concretizar a execução de todos esses projetos, sendo quatro deles contemplados pela Lei Aldir Blanc, do estado do Rio Grande do Norte.
Quem fala um pouco sobre essa adaptação é o estudante Klecio Arthur de Moura, responsável pelo Festival Casa Tomada: “Esse período pandêmico foi muito desafiador tanto para a gente, enquanto produtor cultural, que tivemos que reinventar nossos projetos para o modo virtual, quanto para o público, que teve que se adaptar a consumir esses produtos culturais de modo online. Ao mesmo tempo em que a internet e a tecnologia são facilitadoras, elas trazem suas limitações. Mas a gente corre atrás, aprende e se adapta, para continuarmos produzindo nesses novos tempos. Não podemos parar!”
Carlos Henrique de Araújo, responsável pela segunda temporada do projeto Papo Cultural, está de acordo com essa constatação. Ele diz que “são muitos os desafios diante dessa pandemia, principalmente diante da realidade que aflige nosso país: sem vacinas, sem Ministério da Cultura. Mas o que seria de nós sem a arte e os artistas? Isso nos leva a lutar em prol da melhoria da qualidade de vida através do acesso, mesmo remoto, à cultura. O que seria de nossa sociedade, nesse período, sem ela? A Produção Cultural se adapta, se reinventa, para superar mais esse desafio.”
As professoras Analwik Lima e Nara Pessoa foram as orientadoras dos alunos e seus projetos. A disciplina também contou com a participação da professora Ana Cirne, que apresentou aos estudantes a plataforma de organização Trello; o professor Fellipe Câmara, que deu uma aula sobre socialização nas redes; também contaram com a presença de Leonardo Galvão, do Projeto Ribeira Boêmia; e de Talyta Yohana, aluna do curso e já atuante no cenário de produção cultural da cidade, que falaram sobre suas próprias experiências de adaptação de projetos para o contexto pandêmico.
Ao final da disciplina, a professora Analwik se diz muito feliz e satisfeita com o resultado alcançado por seus alunos. “Ao avaliarmos os projetos culturais desenvolvidos e a própria disciplina, observamos o quanto nossos alunos vão se preparando para enfrentar os desafios da profissão ‘produtor cultural’ e da própria vida neste novo contexto. Os projetos desenvolvidos mostram um panorama diverso em que a arte se reinventa durante a pandemia, assim como a própria turma e o curso reinventam sua forma de pensar, ser e agir neste novo contexto.”
Conhecendo os projetos
DiverCidade Potiguar: A inclusão pela arte-cultura
Aluna/Produtora: Marcelle Janine
Esse projeto aconteceu no formato de uma sessão-debate online, com acesso gratuito pelo YouTube. Foi exibida a gravação em vídeo do espetáculo teatral Auto Um Cordel de Natal, que foi seguida por uma roda de conversa com membros da direção, roteiro e elenco. A peça foi produzida por artistas potiguares do teatro e da literatura de cordel junto a pessoas com deficiência e sofrimento mental que frequentam o Centro de Convivência e Cultura de Natal (um serviço da rede de atenção psicossocial do município). Projeto realizado com recursos da Lei Aldir Blanc.
Papo Cultural: ‘Cultura, Raízes e Resistência’ - 2ª temporada
Auno/Produtor: Carlos Henrique de Araújo
O projeto trouxe 8 personalidades do universo cultural potiguar, divididos em 4 episódios em formato de lives, que focaram na troca de saberes e no compartilhamento da arte neste período de pandemia. As transmissões foram realizadas com interação do público nesse contato com as artes visuais, produtores culturais, atores, músicos, ativistas do movimento negro, de tradições afro-ameríndias e jornalistas. Produzido por Carlos Henrique de Araújo, da PaCHa Produções, em parceria com o coletivo Goto Seco Movimento Alternativo. O projeto, disponível no YouTube, foi realizado com recursos da Lei Aldir Blanc.
Festival Casa Tomada - Edição Dança Caseira
Aluno/Produtor: Klecio Arthur de Moura
A 8ª edição da Mostra Casa Tomada é um projeto de exibição de obras cênicas acessível, em formato de festival, que busca atuar no fomento e na difusão da dança; na interação e no diálogo entre as poéticas e as estéticas contemporâneas; na formação de público; na recepção e fruição da obra de arte; e na criação de novas redes de relação envolvendo artistas, produtores, pesquisadores e público. O festival, iniciativa do Coletivo Independente Dependente de Artistas (Cida), foi realizado em formato virtual e acessível e contou com recursos da Lei Aldir Blanc.
Sarau das Minas - Online
Alunas/Produtoras: Gabriel Costa, Gessyka Santos e Jessiane Oliveira
O projeto surgiu em 2018 a partir de uma necessidade de mais espaços de divulgação e reconhecimento das mulheres poetas do Rio Grande do Norte. Em sua quarta edição, postergada em razão da pandemia, o Sarau retornou pensando novas possibilidades de coletividade e divulgação da poesia potiguar. O evento foi realizado de forma online, em três dias de março, cada dia contando com duração média de 2 horas. A programação contou com entrevistas das poetas Ana Souza, Gaby Adaayo, Amandinha Simpatia, Olga Hawes, Jani Gomes e Fabiane Marques, além de momentos de microfone aberto com os espectadores das lives. Este projeto também foi contemplado pela Lei Aldir Blanc.
Projeto Memória Rendeira
Alunas/Produtoras: Ana Beatriz Martins, Geniluce Araújo e Heliana Pinheiro
O projeto promoveu a catalogação e a edição do acervo de moldes digitalizados das rendas de bilro da Associação das Rendeiras de Bilro da Vila de Ponta Negra, contribuindo para sua preservação e otimização de uso. A arte de rendar em bilros, tradicionalmente realizada por mulheres, é uma fonte de renda para muitas das associadas, e sua continuidade depende da manutenção dos moldes que são usados como guia para a confecção das peças. Estes moldes guardam os padrões de renda criados há anos e são extremamente importantes para o processo. A preservação e manutenção deste acervo são essenciais para a economia da Vila de Ponta Negra, em Natal/RN, e ainda é uma forte referência sociocultural na identidade da vila.
Catálogo Renda de Bilro 2021
Alunas/Produtoras: Bruna Karla e Émille Araújo
O projeto, em sua primeira edição, é realizado pelas alunas Bruna Karla e Émille Araújo, com o apoio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), por meio do Curso Superior de Tecnologia em Produção Cultural e da Associação das Rendeiras de Bilro da Vila de Ponta Negra. A publicação apresenta a renda de bilro potiguar com toda a sua beleza, delicadeza e exuberância, com o objetivo de potencializar e valorizar a rica tradição artesanal da renda de bilro.
“As vozes de Vênus” e as múltiplas faces da arte feminina
Alunas/Produtoras: Ângela França e Raiane Marques
Projeto que tem como intuito a divulgação do trabalho de mulheres potiguares do campo das artes visuais. Na plataforma do Instagram, as artistas são apresentadas em postagens que trazem suas obras, histórias e entrevistas. O projeto surgiu através de debates e questões levantadas entre as idealizadoras da proposta sobre a representatividade feminina no meio artístico, como também sobre as dificuldades encontradas por mulheres artistas nessa área. De acordo com as produtoras, Raiane Marques e Ângela França, o projeto objetiva “criar um espaço para conhecer novas artistas, além de levar para o público discussões sobre representatividade e o lugar das mulheres no mundo das artes”.
Potiguararte Ensaios
Alunos/Produtores: Arthur Jacques, Thácito Regies e Victor Augusto
O projeto é uma série audiovisual, no formato de vídeos ensaio, sobre a temática da produção artística potiguar, que foi desenvolvido pelos alunos do Curso Superior de Tecnologia em Produção Cultural do IFRN, Arthur Jacques, Thácito Regies e Victor Augusto. A equipe realizou uma edição piloto do projeto com duas produções: o primeiro vídeo, publicado em 16 de abril, foi um ensaio sobre o livro Sombra Fria, de Christi Rochetô, artista natural da cidade de Jardim do Seridó, interior do Rio Grande do Norte; e o segundo, no dia 23 de abril, foi sobre o projeto “Uma canção por dia” do artista Sávio Araújo. Ambos estão disponíveis no canal do YouTube.
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