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Dia Internacional da Poesia

Tecendo poesia: a arte de ressignificar o mundo

A poesia tecida nas mãos de quem lida com a vida

Publicada por Romana Xavier em 21/03/2025 Atualizada em 21 de Março de 2025 às 22:12

Texto que pulsa, vivo, aguça memórias, emoções. Como uma canção de ninar, acarinha a alma, acalma o coração. Às vezes agita, faz gritar a dor, o amor, a revolta. Dá uma reviravolta no tempo e nos sentimentos. A poesia é algo de magia e de intangível. É sobre sentir, ainda que não faça sentido.

Assim, novos ou velhos, os poetas nunca deixam de ser quem são: artesãos de letras que se agrupam em versos, estrofes, rimas, metáforas, onomatopeias, metonímias. Tantas figuras juntas e misturadas num baile de sinfonia. Uma a uma, duas a duas, elas se emendam como se não tivessem mais sentido separadas. E assim nasce uma bela estrada, uma coreografia chamada poema, ao som da poesia.

Não é de hoje que a professora Candice Firmino dança ao som dessa melodia. O amor pelas letras vem dos tempos que elas ainda eram devaneios infantis: "Comecei a lidar com a poesia escutando a forma como minha mãe falava, um modo singular repleto de metáforas que refletiam o olhar poético diante das belezas do cariri paraibano. Ela era que me contava que a serra estava "cachimbando" quando tinha névoa provocada pelas chuvas de março. Achava aquilo lindo e a poesia me preenchia de estranhamento. Devo muito a ela e ao meu avô materno essa singularidade que a poesia oral me fazia enxergar."

Enxergar o que muitos olham e não conseguem ver. Observar o que está além do véu, escondido entre nuvens nubladas. assim os poetas aprendem desde cedo a sentir o mundo único, pleno de idiossincrasias. Com Candice, não foi diferente, a poesia a arrebatou como quem apaixona um adolescente "Ela me traz alento, me salva, muitas vezes, da mediocridade. É um alívio diante do mundo torpe que se instala e violenta nossa humanidade."

Humanidade tantas vezes sofrida que, segundo a professora Kalina Paiva, encontra refúgio
no oásis da poesia "Digamos que a poesia torna suportável a realidade. É ela que nos lembra o quão humano somos. Às vezes, estamos em um dia pesado: trabalho, trânsito engarrafado, daí você abre a janela do carro e tem alguém numa calçada recitando uma poesia… aquilo não resolve os problemas da vida, mas ameniza um dia ruim, coloca o nosso foco na beleza e no fato de que a vida vale a pena".

Vida que vale a pena e que nasce numa múltipla realidade, tocando os sentidos e se reinventado num processo de criação contínuo. A vivência da docente Kalina Paiva com a poesia veio a partir da música: "Meu amor pela poesia nasceu com a música. Foi exatamente a música que me levou pela mão até a poesia. Tive professores incríveis também que me mostravam a beleza da sonoridade intencional. Ler poesia é contemplar a língua em pura criatividade. Por trás disso, há um mundo de possibilidades porque a poesia nos mostra a palavra em ângulos-sentidos inusitados."

Autora de dois livros publicados "Cantiga de Amor e Guerra (2023) e Gatilhos Poéticos (2022), Kalina pretende publicar o infantil "A gaiola e o passarinho", voltado para o público infantil. Inspiração que busca em velhos conhecidos como Adélio Prado, Drummond, Anchella Monte, dentre outros amigos da estante.

Estante que insiste em fazer parte da vida da professora aposentada Terezinha Custódio de Queiroz ou simplesmente Tereza Custódio, para os amigos leitores. A intimidade com as palavras nasceu num tempo breve, não tão distante: "Meu primeiro poema 'Ah! Se eu fosse uma poetisa! o escrevi em 2017, no início da pandemia, um ano depois do meu primeiro romance".

A poesia é assim, não avisa quando nem como, simplesmente acontece no sertão do coração da gente, não mais que de repente. Foi assim comigo, com elas, e com você, como terá sido...eu realmente não sei, só "só sei que foi assim"...

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