Pesquisa
Professor de Geografia do IFRN Cnat divulga pesquisa sobre o aumento de temperatura em Natal
De acordo com os dados coletados, a perda de boa parte da cobertura vegetal da cidade contribuiu para o aumento da sensação de calor
Publicada por Tania Silva em 09/04/2024 ― Atualizada há 7 meses
O professor e pesquisador da Licenciatura em Geografia do Campus Natal-Central do IFRN, Dr. Malco Jeiel de Oliveira Alexandre, concedeu entrevista para os principais canais de comunicação do estado do Rio Grande do Norte, para divulgar os dados resultantes de sua pesquisa acerca do aumento de 1,5°C na temperatura de Natal ao longo de 30 anos. A pesquisa do professor Malco compilou dados de 1984 a 2013 e segue em revisão. Ele é doutor em Climatologia e professor de Geografia do IFRN.
De acordo com a pesquisa, um dos principais fatores foi a diminuição da cobertura vegetal, isto é, a “área verde” do município. As zonas verdes de Natal reduziram-se em cerca de 50% no período observado pela pesquisa.
Segundo o professor, "houve um acréscimo de 0,9°C chegando até 2°C, fazendo a média de 1,5°C. O crescimento da cidade, a horizontalidade, o crescimento da área urbana, e o crescimento vertical, trouxe a sua consequência, que é justamente o aumento da temperatura".
Ainda de acordo com o professor, o aquecimento da cidade não é um fenômeno exclusivo de Natal, mas de todas as grandes e médias áreas urbanas em crescimento, por fatores como aumento do número de construções e a impermeabilização do solo.
Também é apontado por ele, em sua pesquisa, que embora a cidade conte com muitas árvores, elas estão concentradas em zonas de proteção, como é o caso do Parque das Dunas e do Parque da Cidade, entre outras. Natal também conta, por outro lado, com ilhas de calor, ou seja, grandes trechos sem cobertura vegetal. Uma única árvore consegue reduzir em até 3°C a área sombreada por ela, em comparação com outro trecho asfaltado, mas sem a cobertura de qualquer planta.
Em 2024, Natal também enfrenta, para além dessas mudanças climatológicas registradas ao longo de décadas, uma situação meteorológica que deixou a cidade mais quente que o normal. A sensação térmica no momento tem estado 2°C maior do que a média, de 1,5°C.
Segundo o setor de Meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária (Emparn), mesmo durante o período das chuvas, o calor acima da média deve permanecer na cidade pelos próximos meses, a partir de abril.
O meteorologista Gilmar Bristot, da Emparn afirma que essa atual onda de calor na cidade teria relação com o aquecimento das águas superficiais no Oceano Atlântico, próximas ao litoral, o que interfere na umidade do ar, que se encontra, no momento, acima do normal.