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CAPACITAÇÃO

Lutando o bom combate: capacitação promove evento sobre enfrentamento à violência de gênero, raça e sexualidade

IFRN, Ufersa e outras entidades e instituições uniram forças em evento formativo online

Publicada em 22/12/2020 Atualizada há 1 ano

Socorro Silva, professora do CNAT e integrante do NEGEDI, foi uma das organizadoras do evento virtual

Em uma época onde nunca se consumiu e se processou tanta informação, onde o acesso à academia nunca foi tão diversificado e em um momento histórico onde tantas conquistas sociais foram alcançadas após séculos de luta contra a barbárie e a ignorância, ainda é preciso lutar. A batalha contra a violência continua se fazendo necessária, especialmente porque as agressões, em suas diversas formas, são historicamente mais severas contra grupos de maior vulnerabilidade. E para mudar esse quadro, é preciso fazer uso de uma das principais ferramentas de transformação social: a educação.

Tendo em vista essa triste realidade, servidores e estudantes do IFRN e da Universidade Federal do Semi-Árido (Ufersa), por meio do Núcleo de Estudos em Educação, Gênero e Diversidade do IFRN (NEGEDI) e do projeto de extensão Desconstruindo Amélia, além de outras entidades, como a Rede de Grêmios do IFRN e o Coletivo Marielle Franco, de Macau, realizaram a capacitação “Enfrentamento às violências de gênero, raça e sexualidade nas instituições educacionais: construindo fundamentos e procedimentos”. Os eventos ocorreram nos dias 9, 15 e 18 de dezembro, através de conferências pela internet. O encontro reuniu professores, estudantes, servidores administrativos e outros interessados na temática discutida.

No início do ano, algumas estudantes do IFRN procuraram a equipe do Desconstruindo Amélia, que presta assistência jurídica e auxílio psicossocial a mulheres vítimas de violência, para receberem orientações de como procederem em casos recorrentes de violência sexual e racial. "O NEGEDI tomou a iniciativa de contactar a Ufersa, por meio da extensão", contou a professora Socorro Silva, do IFRN. "A gente conversou no sentido de somar esforços numa ação que seja mais efetiva e sistêmica, em que, no IFRN, ele se dará por meio do NEGEDI e, na Ufersa, através do projeto Desconstruindo Amélia. Foi aí que optamos fazer essa capacitação em dezembro junto com os 16 Dias de Ativismo", destacou Socorro. O período mencionado faz referência aos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, que é uma campanha global, iniciada em 1991, que acontece anualmente entre novembro e dezembro, coordenada anualmente pelo Centro para Liderança Global das Mulheres.

Para Ana Lucas, professora da Ufersa e coordenadora do Desconstruindo Amélia, uma experiência determinante para que a capacitação acontecesse foi sua experiência como gestora no Centro de Referência em Direitos Humanos da própria universidade: "Acompanhei diversos relatos de situações de agressão contados pelas estudantes, que foram vítimas de violência sexual, moral e psicológica", conta. Ana descreve que mesmo o ambiente acadêmico não está livre dessa cultura violenta. "Nós, professoras, vivenciamos situações de machismo e misoginia nas relações com nossos colegas de trabalho", lamenta.

Entre as estudantes participantes está Ana Camilly, que cursa o quarto ano do curso integrado em Equipamentos Biomédicos no IFRN - Ceará-Mirim: "Eu entrei no IFRN quando eu tinha acabado de fazer 15 anos, então, não tinha muita experiência com militância e ativismo. Com o passar do tempo, isso foi mudando", ela explica. Já no segundo ano, ela ingressou no Grêmio Estudantil Madalena Antunes, do Campus Ceará-Mirim. Na sequência, em 2019, foi criado o coletivo AME, um grupo formado para dar assistência às mulheres estudantes. "Quando o AME nasceu, minha história com tudo isso nasceu junto, para dar apoio às colegas que sofreram assédio sexual e moral. Quando percebi que amigas minhas passaram por isso, eu tomei a dor. E se formou uma união, uma rede de apoio", contou Camilly. Ela já participou de vários eventos como integrante do grupo, que conta atualmente com 7 meninas.

O evento trouxe aos participantes informações sobre os aspectos jurídicos e normativas institucionais e ações de combate à violência de gênero, raça e sexualidade: "Pensamos juntos em estratégias, como a de criar campanhas formativas em 2021, explicando o que é assédio e violência de gênero e indicando como combatê-los, além de desenvolver cartilhas, cursos de extensão, culminando com um projeto de pesquisa sobre o nível de violência e as ações nas nossas instituições pelo enfrentamento às violências", explicou a professora Socorro, que integra a equipe organizadora da capacitação. Esse foi o primeiro passo na construção de uma frente com várias instituições, como o IFRN, a UERN, e a Ufersa, para pensarmos estratégias de mitigarmos as violências, a partir do envolvimento dos três segmentos de pessoas: docentes, servidores administrativos e estudantes.

 

 

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