A Associação Norte-riograndense de Astronomia (ANRA), fundada em 1956 e que funciona no Campus Natal-Central do IFRN, comemora o final de 2009, o Ano Internacional da Astronomia, e torna público aos curiosos de fenômenos astronômicos um fenômeno raro no céu da capital norte-riograndense. Na quinta-feira, dia 31, pontualmente às 19h12min, surgirá do Oceano Atlântico a Lua Azul.

No entanto, se alguém pensa que vai ver a Lua com a coloração azul no céu está completamente enganado.  Nosso satélite, tal qual os planetas, não têm luz própria, eles refletem a luz solar que recebe do Sol. Assim, a luz que recebemos de cada planeta, de cada satélite, inclusive de nossa companheira Lua é, indiretamente, a luz do Sol. É pelo fenômeno da reflexão da luz solar que visualizamos os objetos iluminados.

O professor de física Antônio Araújo Sobrinho, que também é presidente da ANRA, explica que a luz do Sol é a chamada luz branca. “Todavia, do espaço nosso planeta é visto azul por causa da composição química de nossa atmosfera. O nitrogênio em nossa atmosfera absorve a maioria dos comprimentos de onda das outras cores refletindo o céu azulado. Já o planeta Marte reflete mais o vermelho e, assim, o céu visto em Marte é avermelhado. Assim, a cor de cada planeta caracteriza os elementos químicos que o compõe”, explica.

Mas, e o fenômeno da Lua Azul? “Nossa Lua não tem atmosfera, sua superfície é composta praticamente de basalto e rochas sedimentadas apresentando muitas crateras criadas a partir de impactos de meteoritos. Naturalmente a vemos na coloração branca acinzentada ou um pouco prateada”, prossegue o professor. “O período de revolução da Lua em torno da Terra é de 29 dias e meio. Assim, é possível que se tivermos uma Lua cheia no início de mês, nos dias 1 e 2, teremos uma nova Lua cheia no final do mesmo mês. É exatamente isso que observaremos agora no dia 31. Essa segunda Lua cheia no mês é chamada de Lua Azul”.

De onde vem a Lua Azul

De acordo com alguns historiadores, o nome Lua Azul foi criado no século XVI por algumas pessoas que, observando a Lua, a viam azulada. Outras, no entanto, a percebiam cinza. Muitas discussões ocorreram até concluir-se que era impossível a Lua ser azul. Ainda assim, esse fato criou uma espécie de expressão linguística, e "Lua Azul" passou a ser sinônimo de algo impossível ou muito difícil de acontecer, como o fenômeno que encerra o Ano Internacional da Astronomia.

O termo ganhou força principalmente nos Estados Unidos e algumas frases como "só me caso com você se a lua estiver azul" se popularizaram rapidamente. “Foi com esse significado de ‘nunca’ ou ‘raro’, que o termo foi usado para designar as duas luas cheias que ocorrem no mesmo mês, uma coisa que não acontece sempre”, justifica o professor do IFRN.

A Lua já foi vista azulada

O fenômeno do fia 31 não significa que veremos a nosso satélite na coloração azulada, porém isso já aconteceu. Existem alguns registros raros onde a coloração do nosso satélite foi realmente alterada. Um desses registros remonta ao ano de 1883, era a segunda Lua cheia do ano, quando uma violenta erupção no vulcão Krakatoa, na Ilha de Java, Indonésia, lançou ao espaço milhões de toneladas de gases e poeira, fazendo com que a Lua, quando observada próxima ao horizonte, fosse vista em tons azulados. De acordo com os relatos, isso durou aproximadamente dois anos e foi testemunhado em todo o planeta.

Em 1951, um grande incêndio nas florestas canadenses produziu o mesmo efeito que o Krakatoa, mas só pôde ser observado na América do Norte.

Para dar mais encanto ao fenômeno, também no dia 31 haverá um eclipse parcial da Lua. O eclipse, no entanto, será pouco visível no Rio Grande do Norte. Aproveitando o fenômeno e o encerramento do Ano Internacional de Astronomia, a ANRA, que funciona no prédio do Núcleo de Incubação Tecnológica, deseja boas festas. “Nós que fazemos a Associação Norte-Riograndense de Astronomia desejamos que a primeira Lua cheia do ano possa encher de felicidade todo o ano de 2010”, finaliza.