Era uma vez uma terra. Silenciosa, discreta, esquecida na pressa dos passos. Até que alguém decidiu ouvi-la. Assim começa o enredo do projeto de extensão “Histórias da Terra: Uma Viagem pela Geodiversidade nas Escolas Públicas de Natal”, que transforma o conhecimento científico em histórias capazes de encantar crianças e revelar segredos escondidos sob nossos pés.

Coordenado pela professora Anna Paula Lima Costa, o projeto reúne uma equipe de 16 integrantes – entre bolsistas e voluntários – que se dedicam a reinventar a maneira de ensinar Geodiversidade. O público-alvo são estudantes do Ensino Fundamental I, mas a proposta ultrapassa as fronteiras da sala de aula: ela desperta professores, mobiliza escolas e planta na sociedade uma nova percepção sobre a importância do patrimônio natural.

O caminho da narrativa

A metodologia se desenha em quatro capítulos. No primeiro, os membros da equipe mergulham em livros didáticos e referências científicas, buscando os temas que servirão de fio condutor para as histórias. No segundo, aprendem, em um curso online, as técnicas de contar histórias que brilham nos olhos infantis. No terceiro, personagens populares ganham novos cenários: o rio que fala, a pedra que guarda memórias, a montanha que observa o tempo — todos agora dialogam com a Geodiversidade. E, no último capítulo, os professores recebem materiais digitais e encontros presenciais, conectando pesquisa e prática pedagógica em uma ponte viva entre escola e natureza.

Entre o lúdico e o científico

O diferencial do projeto é dar voz ao que normalmente não fala. Se a água, as rochas e os solos são tratados muitas vezes como coadjuvantes no currículo escolar, aqui eles viram protagonistas. A contação de histórias não apenas diverte: ela ensina, provoca reflexão e constrói consciência ambiental. Para as crianças, é um convite ao encantamento. Para os professores, um recurso inovador. Para a sociedade, uma oportunidade de formar cidadãos mais atentos e comprometidos com o futuro do planeta.

Assim, cada conto narrado em sala de aula não termina com “e viveram felizes para sempre”, mas com um reticências a viver: cuidar da Terra, porque ela também conta histórias – dessas que precisamos aprender a ouvir.