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"Falas e Pantomimas": quando o teatro reencontra a própria voz

Pesquisa revive 32 anos de história do primeiro grupo teatral oficial da Instituição

Publicada por Romana Xavier em 29/09/2025 Atualizada em 29 de Setembro de 2025 às 11:28

Algumas histórias parecem adormecer, mas nunca desaparecem. Esperam apenas o instante certo para serem recontadas. Assim é a trajetória do grupo "Falas e Pantomimas", primeiro grupo teatral do IFRN, criado em 1993, quando o atual Campus Natal-Central do IFRN ainda atendia pelo nome de Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte. Entre aplausos, intervalos e retornos, sua memória agora se levanta como quem abre o pano de boca de um palco esquecido, por meio do projeto de pesquisa Mise-en-scène da memória: a trajetória do grupo Falas e Pantomimas do IFRN (1993 a 2025).

A investigação, aprovada no Edital nº 04/2025 – DIPEQ/CNAT/IFRN, nasceu de um estranhamento da professora Kalina Paiva, coordenadora do Nuarte e ex-integrante da primeira formação do grupo. “Quando Arthur de Araújo, atual coordenador, perguntou pela história do Falas e Pantomimas, respondi instintivamente que estava no Portal do IFRN. Mas, ao buscar, encontrei apenas um parágrafo sobre o grupo cuja trajetória é significativa na Instituição. Aquilo me incomodou muito, sobretudo a ausência de registros dos dois anos iniciais de funcionamento. Era como olhar para um palco vazio onde tantas cenas já haviam sido encenadas. Foi ali que ela entendeu que era urgente devolver ao grupo a memória que lhe pertence.

A costura da memória

Para devolver corpo e voz a esse enredo, o projeto reúne professores que também já pisaram no palco do Falas: Abraão Lincoln Rosendo Frazão (IFRN – João Câmara), André Luiz Rodrigues Bezerra (IFRN – Lajes) e Ana Luiza Palhano Campos Silva (IFRN – Santa Cruz). Juntos, eles compartilham lembranças que se somam ao olhar técnico de Josenildo Rufino da Costa (IFRN – Zona Leste) e à energia dos discentes-pesquisadores Joaquim Soares Fontes Neres (curso técnico em Geologia) e Sandoval Artur da Silva Junior (graduação em Letras – Português/Espanhol).

O método combina o rigor do histórico documental com a delicadeza da história oral, transformando papéis, fotografias e relatos em um mosaico vivo. O objetivo: entregar uma publicação que registre cronologia, entrevistas, imagens e memórias, para que o Falas e Pantomimas não se perca nos bastidores do tempo.

Atores, atos e pausas

Do levantamento, emerge um roteiro de três décadas, repleto de protagonistas:

  • 1993–1995: Artemilson Lima assume a coordenação, a pedido de Francisco Farias de Carvalho;
  • 1995–2003: a cena é conduzida pela professora Maria Isabel;
  • 2004–2006: sob direção de Abraão Lincoln, o grupo segue em atividade;
  • 2007–2012: breve passagem de Márcio Rodrigues, sucedida por Marinalva Nicácio de Moura;
  • 2013–2017: silêncio — o grupo fica inativo;
  • 2018–2020: retorno com Cleber Lima;
  • 2021–2022: novo hiato, imposto pela pandemia;
  • 2023–2024: reativação conduzida por Joelma Silfer;
  • 2025: início de nova fase com Arthur de Araújo Pereira.

O futuro encenado

Mais do que resgatar lembranças, a pesquisa reabre um caminho para o presente e o futuro das artes cênicas no IFRN. Cada entrevista, cada registro encontrado, é como um foco de luz que ilumina a força do teatro na formação cultural e humana da Instituição.

Segundo a professora Kalina Paiva, a condução da pesquisa é um erguer de palco onde a memória se torna ato. O "Falas e Pantomimas" não é apenas passado: é um legado vivo que mostra como a arte atravessa gerações e constrói identidades no IFRN.

Assim, a pesquisa transforma o silêncio em aplauso, devolvendo ao grupo a visibilidade que sempre lhe pertenceu. O "Falas e Pantomimas" volta à cena — não apenas como lembrança, mas como patrimônio cultural da Instituição e de toda a comunidade.

Palavras-chave:
Pesquisa Falas e Pantomimas IFRN Campus Natal-Central Teatro Arte