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Dias de confinamento: o que fazer para manter o equilíbrio físico e mental

Reaprendendo a viver o cotidiano em tempos de quarentena

Publicada em 13/04/2020 Atualizada em 29 de Março de 2023 às 22:36

Professor Levi  Rodrigues de Miranda busca preecher os dias de confinamento também através de pequenos consertos em casa
Professor Levi Rodrigues de Miranda busca preecher os dias de confinamento também através de pequenos consertos em casa
A pandemia do Coronavírus alterou profundamente o cotidiano da comunidade interna do IFRN e de toda a sociedade. Alunos e servidores viram seus hábitos transformados repentinamente, diante da ameaça da contaminação pelo Coronavírus. Dias de confinamento, recomendado por especialistas, são um desafio à manutenção do equilíbrio físico e mental.
 
O que fazer quando se tem todo tempo do mundo em um único lugar? De repente, sua casa, para muitos, o melhor destino de todos, pode se transformar em um ambiente onde prevalecem o estresse e a ansiedade, se não houver escolhas sensatas e busca por bem-estar. De acordo com a psicóloga Juliana Castro Teixeira, "A pandemia do novo Coronavírus nos coloca diante de um momento delicado, em que a população se vê tomada de incertezas, medo e preocupações. Lutar contra um inimigo invisível não é fácil. Diante do contexto atual, nos vemos também buscando controlar o que está, em parte, fora do nosso controle. É preciso dedicar-se ao que é possível e cabível, para que tal missão não se torne impossível ou bastante exaustiva", pondera a profissional.
 
Segundo a psicóloga da Diretoria de Ensino do Campus Natal-Central do IFRN (DE-CNAT-IFRN), Andrezza Marreiros,"O isolamento social interfere no bem-estar, na medida em que favorece ao aumento dos níveis de ansiedade, individual e coletiva, e alterações no humor. A quarentena impôs mudanças de grande porte na rotina das pessoas, tanto na forma de se relacionar com os outros, como na organização das atividades cotidianas individuais, com o agravante da imprevisibilidade do fim deste momento. A exigência da reorganização rápida da vida, em todos os aspectos (trabalho, família, amigos, cuidados pessoais, entre outros), sem um planejamento prévio, impacta na saúde mental e torna imprescindível um cuidado especial com ela, nessa circunstância". Em um contexto assim, as consequências podem ir do simples tédio ao adoecimento físico e mental das pessoas, mais ainda daquelas que já tinham tendência. Na visão da psiquiatra pela UNIFESP, Ana Patrícia de Queiroz Dantas, professora  do curso de Medicina da UFRN e doutoranda em Saúde Coletiva pela UFRN, a pandemia do Coronavírus tem gerado repercussão na saúde mental: "Os medos, as incertezas, as preocupações acerca do futuro desencadeiam e agravam quadros de ansiedade, depressão, insônia, estresse agudo, entre outros".
 
Diante da nova realidade, é necessário fazer escolhas e ajustes para que a vida na quarentena não seja um trampolim para o adoecimento. Medidas simples podem fazer a diferença. Segundo a psicóloga Andrezza Marreiros, "para administrar a ansiedade e a alteração do humor, são imprescindíveis: o estabelecimento de rotina, ou seja, estipular horários e sequência das atividades que estão sendo desenvolvidas em casa, regulação do sono, o uso razoável dos eletrônicos, a prática de atividade física diariamente e a busca por momentos de lazer e prazer, dentro das possibilidades". A psiquiatra Ana Patrícia Dantas reforça a necessidade de manter uma rotina e alerta para diminuir o aporte de informações diárias: "Devemos manter uma rotina, dormir bem, ter uma alimentação saudável e nas horas certas, fazer atividade física regular, procurar manter os laços sociais (mesmo através de mecanismos virtuais), diminuir o aporte de informações diárias sobre o Covid-19 e realizar técnicas de relaxamento, além de se envolver em alguma atividade prazerosa durante o confinamento".
 
Escolhas como essas são as que tem feito Sofia Hazin Pires Falcão manter o bem-estar durante a quarentena: "Em tempos de isolamento social, é muito importante cuidar de si. O que tenho feito é delimitar intervalos de tempo no meu dia destinados à cada atividade: colocar os estudos em dia, jogar com minha família, assistir a filmes, ler livros, dentre outras. Ter uma rotina mais ou menos estabelecida pode ajudar bastante a ter controle do tempo e conciliar atividades práticas com momentos de descontração, ambos muito importantes. Além disso, é importante manter-se informado por fontes confiáveis. Infelizmente, muitas fake news e sites duvidosos estão circulando pelas redes e, por isso, é bom tomar cuidado. Afinal, o excesso de informação pode causar bastante ansiedade e, nesse cenário, que nos pegou tão de surpresa, é importante cuidar da saúde mental".
 
De acordo com a psicóloga Juliana de Castro Teixeira, especialista em Psicologia da Saúde pela UFRN e Mestre em Psicologia Clínica pela UNICAP, é preciso atentar aos sintomas: "Apesar de essas circunstâncias afetarem a todos, é preciso considerar também as particularidades de cada um, isto é, a sintomatologia como ansiedade, pânico, depressão. Cada sujeito tende a enfrentar essa situação, de acordo com seus modos de funcionamento e suas defesas. Para quem já apresentava alguma dificuldade em ficar só ou já sentia a solidão, tal sentimento pode ser agravado com a medida. Em tal circunstância, deve-se buscar pessoas que as deixem à vontade para compartilhar estes sentimentos. Alguém com quem se tenha um bom vínculo, mesmo que esse contato seja realizado virtualmente. Se necessário, deve-se procurar também suporte emocional nos atendimentos online". A psiquiatra Ana Patrícia Medeiros enfatiza que, em alguns casos, deve-se procurar ajudar profissional: "Em quadros mais leves, sugere-se acompanhamento psicoterápico. Caso os sintomas passem a interferir no dia-a-dia, talvez haja necessidade do uso de alguma medicação, e, neste caso, deve-se procurar um psiquiatra para avaliação"
 
Para os estudantes, as mudanças têm sido bem mais difíceis do que uma semana de avaliações na escola, e a estratégia para Júlia Rosas tem sido preencher o dia: "Devo admitir que não é o melhor sentimento do mundo. Eu estou acostumada a sair de casa de manhã cedo e só chegar à noite, e eu gosto disso. Ficar em casa durante todo esse tempo, por mais que seja necessário, não me agrada. Mas eu tenho conseguido lidar com a situação, tenho tentado me ocupar. Testando receitas novas, assistindo séries e filmes, que sempre quis assistir e não tinha tempo, e jogando com minha família...", contou Júlia, aluna do 4º ano de MIneração, do Campus Natal-Central do IFRN. Não é diferente com Adriane Moreira Nunes, do 4º ano do curso Integrado de Mecânica: "Eu tenho mantido uma rotina, mesmo dentro de casa, para me sentir ativa durante o período. Eu costumo manter um horário para acordar, ler, estudar e até para passar o tempo com os meus amigos. Acredito que essa rotina é o que mais contribui para eu saber lidar com o isolamento, porque simplesmente se eu me achasse inativa dentro de casa poderia me dar brechas para aumentar a ansiedade de estar presa em casa". É em casa também que o professor Levi Rodrigues de Miranda tem buscado ocupar o seu dia, dedicando-se ao trabalho e às demandas domésticas: "Aqui estou de "castigo", em casa, fazendo várias atividades, aproveitando para consertar alguns penduricalhos caseiros, como também atualizando os diários de classe e outros pequenos serviços, como substituir os suportes das prateleiras dos armários da sala de estudo".
 
Assim, cada um, do seu jeito, tem procurado equilibrar as atividades e a alimentação, para preencher o cotidiano na quarentena, e se prevenir do mal que está além do Coronavírus em si: o desequilíbrio físico e mental que a ameaça dele pode causar.
Palavras-chave:
ensino extensao servidores

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