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Dias de confinamento: o que fazer para manter o equilíbrio físico e mental

Reaprendendo a viver o cotidiano em tempos de quarentena

Publicada em 13/04/2020 Atualizada há 1 ano

Professor Levi  Rodrigues de Miranda busca preecher os dias de confinamento também através de pequenos consertos em casa
A pandemia do Coronavírus alterou profundamente o cotidiano da comunidade interna do IFRN e de toda a sociedade. Alunos e servidores viram seus hábitos transformados repentinamente, diante da ameaça da contaminação pelo Coronavírus. Dias de confinamento, recomendado por especialistas, são um desafio à manutenção do equilíbrio físico e mental.
 
O que fazer quando se tem todo tempo do mundo em um único lugar? De repente, sua casa, para muitos, o melhor destino de todos, pode se transformar em um ambiente onde prevalecem o estresse e a ansiedade, se não houver escolhas sensatas e busca por bem-estar. De acordo com a psicóloga Juliana Castro Teixeira, "A pandemia do novo Coronavírus nos coloca diante de um momento delicado, em que a população se vê tomada de incertezas, medo e preocupações. Lutar contra um inimigo invisível não é fácil. Diante do contexto atual, nos vemos também buscando controlar o que está, em parte, fora do nosso controle. É preciso dedicar-se ao que é possível e cabível, para que tal missão não se torne impossível ou bastante exaustiva", pondera a profissional.
 
Segundo a psicóloga da Diretoria de Ensino do Campus Natal-Central do IFRN (DE-CNAT-IFRN), Andrezza Marreiros,"O isolamento social interfere no bem-estar, na medida em que favorece ao aumento dos níveis de ansiedade, individual e coletiva, e alterações no humor. A quarentena impôs mudanças de grande porte na rotina das pessoas, tanto na forma de se relacionar com os outros, como na organização das atividades cotidianas individuais, com o agravante da imprevisibilidade do fim deste momento. A exigência da reorganização rápida da vida, em todos os aspectos (trabalho, família, amigos, cuidados pessoais, entre outros), sem um planejamento prévio, impacta na saúde mental e torna imprescindível um cuidado especial com ela, nessa circunstância". Em um contexto assim, as consequências podem ir do simples tédio ao adoecimento físico e mental das pessoas, mais ainda daquelas que já tinham tendência. Na visão da psiquiatra pela UNIFESP, Ana Patrícia de Queiroz Dantas, professora  do curso de Medicina da UFRN e doutoranda em Saúde Coletiva pela UFRN, a pandemia do Coronavírus tem gerado repercussão na saúde mental: "Os medos, as incertezas, as preocupações acerca do futuro desencadeiam e agravam quadros de ansiedade, depressão, insônia, estresse agudo, entre outros".
 
Diante da nova realidade, é necessário fazer escolhas e ajustes para que a vida na quarentena não seja um trampolim para o adoecimento. Medidas simples podem fazer a diferença. Segundo a psicóloga Andrezza Marreiros, "para administrar a ansiedade e a alteração do humor, são imprescindíveis: o estabelecimento de rotina, ou seja, estipular horários e sequência das atividades que estão sendo desenvolvidas em casa, regulação do sono, o uso razoável dos eletrônicos, a prática de atividade física diariamente e a busca por momentos de lazer e prazer, dentro das possibilidades". A psiquiatra Ana Patrícia Dantas reforça a necessidade de manter uma rotina e alerta para diminuir o aporte de informações diárias: "Devemos manter uma rotina, dormir bem, ter uma alimentação saudável e nas horas certas, fazer atividade física regular, procurar manter os laços sociais (mesmo através de mecanismos virtuais), diminuir o aporte de informações diárias sobre o Covid-19 e realizar técnicas de relaxamento, além de se envolver em alguma atividade prazerosa durante o confinamento".
 
Escolhas como essas são as que tem feito Sofia Hazin Pires Falcão manter o bem-estar durante a quarentena: "Em tempos de isolamento social, é muito importante cuidar de si. O que tenho feito é delimitar intervalos de tempo no meu dia destinados à cada atividade: colocar os estudos em dia, jogar com minha família, assistir a filmes, ler livros, dentre outras. Ter uma rotina mais ou menos estabelecida pode ajudar bastante a ter controle do tempo e conciliar atividades práticas com momentos de descontração, ambos muito importantes. Além disso, é importante manter-se informado por fontes confiáveis. Infelizmente, muitas fake news e sites duvidosos estão circulando pelas redes e, por isso, é bom tomar cuidado. Afinal, o excesso de informação pode causar bastante ansiedade e, nesse cenário, que nos pegou tão de surpresa, é importante cuidar da saúde mental".
 
De acordo com a psicóloga Juliana de Castro Teixeira, especialista em Psicologia da Saúde pela UFRN e Mestre em Psicologia Clínica pela UNICAP, é preciso atentar aos sintomas: "Apesar de essas circunstâncias afetarem a todos, é preciso considerar também as particularidades de cada um, isto é, a sintomatologia como ansiedade, pânico, depressão. Cada sujeito tende a enfrentar essa situação, de acordo com seus modos de funcionamento e suas defesas. Para quem já apresentava alguma dificuldade em ficar só ou já sentia a solidão, tal sentimento pode ser agravado com a medida. Em tal circunstância, deve-se buscar pessoas que as deixem à vontade para compartilhar estes sentimentos. Alguém com quem se tenha um bom vínculo, mesmo que esse contato seja realizado virtualmente. Se necessário, deve-se procurar também suporte emocional nos atendimentos online". A psiquiatra Ana Patrícia Medeiros enfatiza que, em alguns casos, deve-se procurar ajudar profissional: "Em quadros mais leves, sugere-se acompanhamento psicoterápico. Caso os sintomas passem a interferir no dia-a-dia, talvez haja necessidade do uso de alguma medicação, e, neste caso, deve-se procurar um psiquiatra para avaliação"
 
Para os estudantes, as mudanças têm sido bem mais difíceis do que uma semana de avaliações na escola, e a estratégia para Júlia Rosas tem sido preencher o dia: "Devo admitir que não é o melhor sentimento do mundo. Eu estou acostumada a sair de casa de manhã cedo e só chegar à noite, e eu gosto disso. Ficar em casa durante todo esse tempo, por mais que seja necessário, não me agrada. Mas eu tenho conseguido lidar com a situação, tenho tentado me ocupar. Testando receitas novas, assistindo séries e filmes, que sempre quis assistir e não tinha tempo, e jogando com minha família...", contou Júlia, aluna do 4º ano de MIneração, do Campus Natal-Central do IFRN. Não é diferente com Adriane Moreira Nunes, do 4º ano do curso Integrado de Mecânica: "Eu tenho mantido uma rotina, mesmo dentro de casa, para me sentir ativa durante o período. Eu costumo manter um horário para acordar, ler, estudar e até para passar o tempo com os meus amigos. Acredito que essa rotina é o que mais contribui para eu saber lidar com o isolamento, porque simplesmente se eu me achasse inativa dentro de casa poderia me dar brechas para aumentar a ansiedade de estar presa em casa". É em casa também que o professor Levi Rodrigues de Miranda tem buscado ocupar o seu dia, dedicando-se ao trabalho e às demandas domésticas: "Aqui estou de "castigo", em casa, fazendo várias atividades, aproveitando para consertar alguns penduricalhos caseiros, como também atualizando os diários de classe e outros pequenos serviços, como substituir os suportes das prateleiras dos armários da sala de estudo".
 
Assim, cada um, do seu jeito, tem procurado equilibrar as atividades e a alimentação, para preencher o cotidiano na quarentena, e se prevenir do mal que está além do Coronavírus em si: o desequilíbrio físico e mental que a ameaça dele pode causar.
Palavras-chave:
ensino
extensao
servidores

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