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Conferencista diz que é preciso formar professores que aproximem a ciência do mundo do trabalho

Publicada em 24/11/2010 Atualizada há 1 ano, 3 meses

Discutir uma proposta de identidade para os cursos de licenciatura oferecidos pelos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Com esse objetivo, foi aberto hoje (24), no auditório do Campus Natal-Central do IFRN, com a presença de cerca de 600 profissionais da Rede, o I Fórum das Licenciaturas dos Institutos Federais.

Na conferência de abertura, o doutor em Educação, Dante Henrique Moura, professor do núcleo específico dos cursos de formação docente do IFRN/Campus Central, traçou um panorama das condições que potencializam a oferta e ampliação das licenciaturas nos Institutos Federais, suas potencialidades e debilidades.

A escassez de professores no ensino médio do país foi um dos aspectos apontados por ele como potencializador da atuação dos institutos na formação docente. Citando dados do INEP, prof. Dante afirmou que há uma demanda de 235 mil professores para essa modalidade de ensino no Brasil, sendo 55 mil só para a disciplina de física. Em contrapartida, entre 1990 e 2001, apenas 7.216 estudantes concluíram sua formação na área.

Embora reconheça a demanda, Dante Henrique argumenta que a superação das dificuldades de atuação do professor na educação básica não se restringe apenas à ampliação de vagas em licenciaturas nos institutos federais. “Nós temos um papel importante, temos uma contribuição a dar, mas temos as nossas dificuldades também. É preciso a gente ter a real dimensão da nossa capacidade, porque senão a gente fica alimentando o discurso narcisista de que somos os melhores, somos os centros de referência, as ilhas de excelência”, advertiu.

A falta de laboratórios específicos, o acervo bibliográfico insuficiente, a duração e carga-horária reduzidas das licenciaturas ministradas pelos Institutos em relação às licenciaturas tradicionais são algumas das debilidades dessa oferta na Rede Federal de Educação Profissional, segundo Dante.  “A não criação de corpo docente específico, com o professor tendo que ministrar várias disciplinas no mesmo curso, também significa precarização das licenciaturas”, opinou.

Para Dante Henrique, o desafio da construção de uma identidade para os cursos de licenciatura dos Institutos passa, principalmente, pela superação da dicotomia entre educação básica e educação profissional, pela aproximação da ciência com o mundo do trabalho. “O ensino médio, com sua função propedêutica, não discute o mundo do trabalho, as profissões, quando muito, se constitui numa ponte entre o secundário e o ensino superior. Mas a grande maioria da população não pode esperar até os 18 anos para escolher uma profissão. Não estou defendendo a formação integral aliada à educação profissional, mas é importante inserir nas disciplinas do ensino médio o diálogo com o mundo do trabalho, entre as ciências, a tecnologia e a sociedade”, defendeu.

Nessa perspectiva, ele analisa que é preciso formar professores que possam atuar no ensino médio integrado. “Nós não temos isso, ainda, mas podemos nos apropriar dessa função”.

Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2008, do INEP, a matrícula de alunos em cursos de licenciatura na Rede Federal de Educação Profissional representava 16,64% da oferta de graduação, enquanto em outras graduações, equivalia a 83,36%. Pela lei que transformou os CEFETs em Institutos, esse percentual tem que chegar a 20%.