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Paraolimpíadas

Divisor de águas: João Felipe e o caminho vitorioso da natação

Resiliência e determinação foram as molas motoras para os desafios

Publicada por Romana Xavier em 07/07/2023 Atualizada há 1 ano, 5 meses

O atleta e aluno do Campus Natal-Central do IFRN, João Felipe Alves de Souza, de 20 anos, tem ganhado cada vez mais notoriedade nas competições profissionais de natação. Mas não foi sempre assim. Portador da Síndrome de Poland, a natação foi uma divisor de águas na sua vida: "Eu comecei a fazer natação basicamente como trabalho de terapia, aos 4 anos, a partir de recomendação médica para resolver o problema de asma e fortalecer a musculatura. Eu ia à força mesmo. Comecei a competir quando tinha 10 anos, depois dei uma parada e com 12 para 13 anos voltei para a natação e, em seguida, para as competições. Aí comecei a ganhar destaque".

Destaque que, progressivamente, foi se tornando motivação de seus treinos, cada vez mais profissionais: "Fui ouro nas competições estaduais e aí fui convocado para representar o RN no maior evento paraolimpíco escolar do mundo. O evento chama mais de mil atletas estudantes do Brasil inteiro. A partir do momento em que comecei a ganhar destaque, fui pré-convidado para o parapanamericano de jovens que aconteceu no ano seguinte, em São Paulo. Então, comecei a querer ser o melhor naquilo que eu fazia. Trabalho duro e de muita resiliência."

E assim, com treino árduo e resiliente, João Felipe foi avançando etapas e subindo, degrau por degrau: "Competir em alto rendimento foi o foco. Nesse período, eu passei por vários treinadores. O treinador de agora é o Iarom Marques. Eu treino de segunda a sexta, aqui no IF e no Sesi clube. Fui chamado para participar com a seleção brasileira do "Jovens Sub 20", que ocorreu em maio de 2023, em São Paulo, no Centro Paraolímpico Brasileiro".

Segundo o jovem atleta, a água faz transbordar nele uma sensação de liberdade que o permite uma total integração, como se já não existisse divisão entre seu corpo e o ambiente: "Quando estou na água, não sinto limites, sinto-me confortável como se fosse meu habitat natural. Lá, tento superar as minhas adversidades, buscando ser a minha melhor versão".

Versão que não constrói sozinho. De acordo com ele, são muitos os colaboradores: "Na vida, ninguém consegue nada sozinho. Tive inúmeras pessoas que me ajudaram: meu treinador, minha família e a professora Bete daqui do CNAT, que também tem me auxiliado muito com os treinamentos aqui nas nossas instalações". De acordo com a professora Bete Paiva, do Campus Natal-Central, treinar João Felipe é um aprendizado constante, pela lição de perseverança e foco que ele ensina diariamente com seu exemplo de vida e determinação.

Determinação que o leva em não parar. Para a próxima etapa, o atleta tem se preparado para o Norte/Nordeste que será no dia 24 de setembro, em Fortaleza. A competição servirá de seletiva para o Circuito Nacional Loterias Caixa e para o Open da Argentina.

Assim, com sonhos que o levam além das fronteiras e o fazem elevar os olhos para longe, o atleta busca incessantemente novos caminhos: "A vida é uma constante busca de ser feliz, não olhe para as adversidades e enxergue o quanto você quer aquilo. Errar uma vez e insistir como se fosse a vez. Não é a primeira vez, nem segunda, são várias. Nada vem da noite para o dia".

E assim João Felipe segue o fluxo da água, de braçada em braçada, sem nunca parar : "Eu não vou parar, isso é para a vida. A minha vida toda sofri bullying por causa da deficiência. São características do nosso corpo. Quando eu era criança eu me questionava muito e, a partir disso, comecei a ser quem eu sou. Eu estou num processo de aceitação do meu próprio corpo e está em construção".

Construção que ele não faz sozinho e que, nesse caminho, desconstrói paradigmas e barreiras antes intransponíveis.

Palavras-chave:
Superação Paraolimpíadas CNAT-IFRN Natação

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