A segunda noite da Mostra de Teatro 2015.2, do Campus Natal Central do IFRN, foi um sucesso. Auditório lotado, alegria no olhar, expectativa atrás do palco. Observadores ansiosos confirmavam que o evento é um dos mais esperados do ano. No total, três companhias teatrais fizeram suas apresentações no Auditório Pedro Silveira e Sá Leitão.

No palco, a primeira Cia a exibir os resultados dos meses de ensaio foi a Teatral Desconsolados, trazendo uma obra baseada na Revolução Francesa. A encenação da peça " Marat/Sade: orates da revolução" foi um dos destaques da noite.

“Escolhemos ela pelo peso político, da relação burguesia-proletariado e, principalmente, pelo impacto que isso traz para nós. A peça gira em torno de um revolucionário, que foi muito importante na Revolução Francesa. Ele foi morto por uma partidária. Ela o assassinou em sua casa, dentro de uma banheira, da maneira que retratamos na peça”, explicou a produtora Isabelly Araújo.

A companhia, formada por 16 alunos do curso técnico de Informática para Internet, passou três meses ensaiando. “A maior dificuldade foi concentrar todos os atores e fazer com que eles conseguissem interpretar e entender o jogo de cena. Aprender a conviver com as pessoas foi outra dificuldade. Mas, me sinto orgulhosa pelo o que fizemos, valeu a pena cada esforço”, ressaltou Isabelly.

A segunda Cia a se apresentar na noite desta quarta-feira foi a Teatral Evoe, composta por 13 alunos do curso integrado de Manutenção e Suporte em Informática. O produtor da peça "Cabaré Valentim", Marco Reis, explicou sobre a escolha da encenação. “Essa é uma livre adaptação, baseada na obra de Cal Valentim. Queríamos um texto que não fosse uma comédia normal e que viesse como uma crítica. Queríamos uma comédia que não fosse apelativa”, relatou.

O produtor também falou das dificuldades enfrentadas pela companhia. “A maior delas foi saber o que seria engraçado ou não, como fazer as piadas, as pausas e como deixar fluir. O professor foi muito importante nesse aspecto. Outra dificuldade foi aprendermos a encenar direito para tudo ficar de maneira boa”, salientou.

Segundo ele, o aprendizado nas aulas foi a maior herança. “Não sabia que teatro era isso tudo que conheci. Agora pretendo ficar mais próximo disso. O teatro é muito longe do Brasil na atualidade e isso foi uma das críticas que fizemos na peça: Por que as pessoas não vêm para o teatro? Acho que a partir de agora todo mundo vai querer saber um pouco mais, e isso é ótimo”, comentou o aluno. 

Para encerrar a noite, espectadores contaram com a peça "O Cavaleiro da Triste Figura", da Cia Infortúnio. A companhia, composta por 10 pessoas, venceu as dificuldades e encerrou a noite de apresentações. 

“A preparação começou em janeiro. Nos preparamos de uma maneira diferente das outras companhias porque tínhamos que fazer uma companhia teatral com 10 pessoas – formadas por alunos do curso de Manutenção e Suporte em Informática. Geralmente as Cias têm 20 pessoas. A nossa, em especial, foi totalmente diferente do que costumamos ver aqui no IF”, destacou o produtor Júnior Moreira. 

“Muita gente teve que assumir mais de uma função e a responsabilidade para cada um foi maior, e essa foi a maior barreira que enfrentamos. Mas, estamos aqui e esperando que dê tudo certo. Eu achava que era impossível fazer uma Cia com 10 pessoas, mas mudei de pensamento depois dessa experiência. É possível. Esperamos que a plateia entenda a peça e saia daqui de forma diferente”, completou. 

Sobre a obra, o produtor esclareceu que ela é baseada em Dom Quixote e foi escolhida pela afinidade do grupo e indicação do professor. “A regionalizamos e trouxemos um Dom Quixote antigo, porém, nordestino”, explicou. 

De acordo com Júnior Moreira, os ensinamentos foram além do esperado. “Aprendi que temos que nos esforçar. Não devemos esperar dos outros, mas nós mesmos devemos saber. Evoluí muito com isso tudo. Assumi responsabilidade e cresci bastante”, concluiu.

A Mostra de Teatro 2015.2 segue até a próxima sexta-feira (11).