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SOLENIDADE

Colação de Grau 2014.1

Sábado (20) foi a vez dos concluintes das áreas de Informática e Construção Civil

Publicada em 18/12/2014 Atualizada há 1 ano, 3 meses

Judá Fernandes Teixeira, orador das turmas concluintes. Foto: Pedro Jotha

No sábado 20/12, o Campus Natal Central fez última cerimônia de colação de grau do semestre 2014.1. Dessa vez foram os alunos dos cursos superiores de Gestão Pública, Comércio Exterior, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Redes de Computadores e Construção de Edifícios. 

Foram mais de 42 tecnólogos que o campus formou para o mercado de trabalho. A solenidade aconteceu no Auditório Pedro Silveira e Sá Leitão, às 18h. As turmas concluintes também foram acolhidas pelos familiares, amigos e convidados especiais que puderam vivenciar um belíssimo cordel na voz do orador da turma, o aluno Judá Fernandes Teixeira, do curso de Redes de Computadores, que transcrevemos a seguir:

“Mininos sabidos”
(Por: Judá Teixeira)

Desde criança, quando morava no interior, eu via os adultos se orgulharem dos seus filhos, da inteligência deles. Diziam: “Esse menino é sabido, vai ser doutor”. Levávamos uma vida simples, alunos de escola pública.
Eu via os mais velhos terminarem o chamado “primeiro grau” e seguir o mesmo caminho dos demais. Meninos outrora “sabidos”, com potencial, mas sem oportunidade, cresciam e esqueciam o sonho.
Entretanto, minha geração viveu algo diferente, tivemos um rumo melhor que o dos nossos pais e avós.
É algo difícil explicar em uma fala monótona. Pensando nisso, para não ser chato, escrevi de forma diferente. Fiz uma poesia simples, em forma de cordel, chamado “Mininos sabidos”.

/1
Encerrada essa luta,
É tempo de festejar
Mas também de refletir
Pensar, se orientar
Avaliar o caminho
Que passou e que vem vindo
Pra “calibrar o andar”
/2
Refletindo desta forma
Comecei a matutar
Quanta coisa intrigante
Digna de registrar
Pois então daqui pra o céu
Nas linhas deste cordel
Vou tentar me expressar
/3
Vejo diante de mim
Uns “mininos” diferentes
Daqueles que meu pai via
Lá na UFRN
Onde ele era pedreiro
E batalhava no canteiro
Quando eu nem era gente
/4
Agora tá diferente
Quanta coisa mudou
Pai contou que no seu tempo
Só podia ser doutor
O “minino” bem nascido,
De rosto corado e nutrido
Filho de médico e de promotor
/5
Já o “minino” do pobre
Da favela, do interior
O filho da costureira,
Do gari, do agricultor
Tinha é que trabalhar
Para o pão não faltar
Estudar? Não “sinhô”!
/6
Com problemas de saúde,
Mulher e três filhos pra criar
Pai deixou de ser pedreiro
Foi pra terra campinar
Mudamos pro interior
Com fé em nosso “sinhô”
Uma nova vida tentar
/7
A gente virou sem-terra
Lutar pra poder produzir
Uma história parecida
Com a de muitos aqui
Portanto vou nem me estender
Basta me fazer entender
Àqueles que têm pedigree
/8
É preciso esclarecer
Que o trabalho duro da gente
Nossa força de vontade
Nem sempre é suficiente
Porque sem oportunidade,
Sem vaga na faculdade
“Minino” não vira gente
/9
Esses “mininos” aqui
Agora, doutores formados
Temos todos em comum
A prova do resultado
De dar oportunidade
E ensino de qualidade
A um nordestino invocado
/10
Foi isso que aconteceu
Quando a maré virou
Pai hoje tem terra própria
Vai comprar até trator
Mãe é microempresária
Eu também, na minha área
A nossa vida mudou
/11
Todos aqui tivemos
A grande oportunidade
Que “mininos” de outros tempos
Não tiveram nessa idade
Estudo e emprego ao alcance
Para todos a mesma chance
Para todos, Dignidade
/12
Somos os “mininos” sabidos
Questionadores, conscientes
Somos o novo Brasil
Católico, judeu, ateu, crente
Branco, negro, velho e novo
Somos o poder pra o povo
Somos corações valentes
/13
Somos os “mininos” sabidos
Filhos de trabalhador
Somos a prova viva
Sabemos bem de cor
Que agora nessa terra
Até filho de sem-terra
Também pode ser doutor
/14
Aqui no IFRN
Mostramos merecimento
Muito estudo, pouco sono
Prova, estágio, tormento
Miojo, “lizeira” e fome
“Minino” já virou homem
Chegou o nosso momento
/15
E agora já formados
Temos a obrigação
De honrar os nossos mestres
Produzir, gerar tostão
Gerar emprego pra mil
Crescer mais nosso Brasil
Sermos nós a Revolução.
/
Muito obrigado!

Palavras-chave:
ensino

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