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BOAS HISTÓRIAS

Aluna do Campus Natal Central é uma das escolhidas para carregar tocha olímpica

Mesmo depois de um acidente, Chisthiane Neves continuou treinando e ganhando medalhas

Publicada em 03/06/2016 Atualizada há 1 ano, 3 meses

Foto: arquivo pessoal

A história da aluna de Controle Ambiental, Chisthiane Neves do Nascimento, é uma verdadeira inspiração. Aos 29 anos,  ela é medalhista brasileira e mundial de jiu-jitsu, professora e futura educadora física. Criss, como é conhecida, é uma das potiguares a conduzir a Tocha Olímpica no Brasil. Mais do que uma vontade, um sonho.

As lembranças sempre fizeram parte da vida de Criss: a primeira luta, o primeiro campeonato, a primeira medalha. Na caixinha das lembranças, um grave acidente de moto também deixou marcas.

Um dia que marcou sua vida

Era noite, chovia. Ela vinha na garupa da moto com um amigo, no viaduto de Ponta Negra, quando um carro os atingiu. O amigo morreu e Criss acabou perdendo o antebraço. Perto da cicatriz, uma tatuagem reflete o que ela tanto acredita: “isso também vai passar”.

Criss já treinava jiu-jitsu há alguns anos quando perdeu o antebraço. Mesmo diante das circunstâncias, três meses depois de sair do hospital ela voltou ao tatame. Enfrentou o medo, a vontade de desistir e se tornou uma inspiração: para os amigos, para a família e para si mesma. Uma guerreira. 

“Se eu tivesse ficado em casa por causa do acidente e por causa da perda do braço eu não teria conquistado o que conquistei. Desde o começo comecei a fazer as coisas sozinhas”, recorda. 

“Pensei que não ia dar certo, mas tive apoio dos meus amigos, professores e comecei a treinar. Sabia que ia ter mais dificuldade, mas vi que ia dar certo. Fiquei frustrada no começo, mas com o tempo adequei algumas posições e logo comecei a participar dos campeonatos e a medalhar”, lembra.

Relação com os esportes: um amor antigo 

Para entender a relação de Chisthiane com a modalidade, é preciso voltar uns anos atrás. O esporte sempre esteve presente na vida dela. “Eu já treinava muay-thai há mais de 10 anos, e como o pessoal viu que eu era boa, eles começaram a me incentivar a treinar chão e entrei no jiu-jitsu”, explica.

“Comecei muay-thai por curiosidade, participei de competições, ganhei medalhas, mas o esporte que me apaixonei mesmo foi o jiu-jitsu”, acrescenta Criss que hoje é faixa azul no esporte.

Agora, a medalhista que compete com atletas convencionais - que possuem os dois braços - pensa em ir além. Há dois anos ela treina taekwondo e sonha com as olimpíadas. “Não temos jiu-jitsu nas olimpíadas por isso agora estou treinando essa nova modalidade. Hoje sou faixa verde e pretendo me esforçar para participar dos próximos jogos olímpicos”, comenta.

A tocha olímpica 

Enquanto o sonho de participar do maior evento esportivo do mundo não chega, ela vai sentir o gostinho de segurar um dos símbolos da competição: a tocha olímpica.  “Um amigo meu me indicou e foi por ele que entrei no site da Coca-Cola e contei minha história, passei pelas seletivas e fui selecionada.  Fiquei muito feliz, pois esse é um momento muito importante para um atleta e também para o estado em que ele mora”, relata.

A ansiedade é apenas um companheiro momentâneo de Criss, sua amizade mesmo é com a felicidade. A jovem, que superou um acidente e insistiu na vida de atleta, é apenas mais um exemplo de que é possível sonhar. “Sempre olhe o lado bom de algo ruim que te aconteceu. Sempre tem um lado bom e se você olhar por esse lado, você vai conseguir”, finaliza.