Portal IFRN

Educação, Ciência, Cultura e Tecnologia em todo o Rio Grande do Norte

Professor do Campus tem livro aprovado para publicação

Campus parabeniza o Prof. Chagas pela aprovação para publicação de seu livro "Escafandristas do Tempo: Memórias e Histórias de Vida em São Rafael/RN"

Publicada em 20/09/2011 Atualizada há 1 ano, 3 meses

Com publicação prevista para 2012, pela editora da UFRN, o livro "Escafandristas do Tempo: Memórias e Histórias de Vida em São Rafael/RN", de autoria do Prof. Francisco das Chagas Silva Souza, apresenta uma discussão sobre os efeitos do Projeto Baixo-Açu para a cidade de São Rafael.

 

Conforme lembra o autor, em fins da década de 70 do século XX, o semiárido do Rio Grande do Norte foi o cenário do Projeto Baixo-Açu, cujo ponto alto seria a construção da barragem Engº Armando Ribeiro Gonçalves, projetada para acumular 2,4 bilhões de m³ de água. Considerava-se que tal iniciativa traria desenvolvimento econômico e social para milhares de potiguares que sofriam as agruras da seca. Entretanto, a barragem atingiria várias cidades da região, chegando a cobrir totalmente uma delas: São Rafael. Em função disso, nos primeiros anos da década de 1980, próximo dali, uma nova cidade foi edificada pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS.

 

Dessa forma, o livro Escafandristas do Tempo: Memórias e Histórias de Vida em São Rafael-RN, discute como a população de São Rafael rememora esse fato que marcou as suas vidas e reconstrói a sua história por meio dos discursos orais. Tendo como centralidade a observação de Edgar Morin de que “o que não se regenera, degenera”, a obra discute como os relatos de experiências, transmitidos oralmente entre as gerações, têm potencializado uma memória coletiva e a reconstrução da história de uma cidade que sucumbiu à imensidão das águas de uma barragem há quase trinta anos.

 

Ainda segundo o Prof. Chagas, a metáfora do escafandrista, usada no título, foi inspirada numa composição musical de Chico Buarque de Hollanda, intitulada Futuros amantes, na qual esse compositor, vestido da alma do historiador, imagina uma cidade submersa – uma coincidência com a velha São Rafael – e supõe que “os escafandristas virão explorar sua casa, seu quarto, suas coisas, sua alma, desvãos”. Por sermos escafandristas do tempo,  trazemos à tona, nas nossas narrativas, retalhos de vidas que emergem nos mergulhos imaginários na antiga São Rafael. Contudo, essa memória que nos chega incompleta, visto que foi alterada e estilhaçada ao longo dos anos, não perde a sua importância, constituindo-se numa verdadeira fonte para o historiador.