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Homenagem

Docente recebe Medalha de Honra ao Mérito em virtude do trabalho educacional prestado à Penitenciária Federal

“Muitos não acreditam na ressocialização. Eu, particularmente, acho que é um processo lento, gradual e até difícil de acontecer, mas acredito que seja possível, sim! Enfatiza Lúcia Lima.

Publicada em 16/09/2015 Atualizada há 1 ano

A Coordenadora do Pronatec do IFRN – Campus Mossoró, Lúcia Maria de Lima Nascimento, foi homenageada na solenidade de posse do novo Diretor da Penitenciária Federal em Mossoró/RN, Nilton Soares de Azevedo, ao receber uma medalha de Honra ao Mérito, como forma de reconhecimento pelo trabalho educacional que ela, em nome do Instituto Federal, por meio do Pronatec, desenvolve na Penitenciária, desde 2012.

A respeito dessa homenagem, Lúcia Lima assim se expressa: “Foi, realmente, uma surpresa para mim, pois não sabia de nada. Uma atitude generosa da Penitenciária Federal para conosco. Na ocasião, a Coordenadora estava representando o Campus. Ela é membro suplente do Conselho da Comunidade na Penitenciária, sendo o Diretor-Geral do Campus, Jailton Barbosa dos Santos, o conselheiro titular. “Tínhamos de prestigiar a posse de Azevedo. Com certeza, esse é um momento importante em sua carreira profissional. Tenho muito carinho por ele. Para mim, Azevedo é como um filho”, frisa a Coordenadora.

“O reconhecimento do trabalho da professora Lúcia pela Direção da Penitenciária Federal legitima a atuação do IFRN/MO na referida instituição e coroa a atuação dela como excelente pessoa e profissional”, reconhece Jailton Barbosa.

O Campus Mossoró desenvolve uma parceria educacional com a Penitenciária Federal de Mossoró. O objetivo é oferecer ensino técnico, por meio do Pronatec, aos internos, como forma de proporcionar a cada um deles novas oportunidades, horizontes e esperança.

Mediante essa parceria, "a Professora Lúcia Lima vem participando dos projetos de extensão na Penitenciária Federal, desde 2011, quando iniciamos o primeiro convênio IFRN/DEPEN/Penitenciária Federal. Hoje, ela coordena os cursos do PRONATEC, que, desde o início do programa, são demandados pela Penitenciaria Federal”, explica Jailton Barbosa.

O trabalho da Professora Lúcia com os internos da PFMOS é de suma importância para o IFRN/MO, “uma vez que o projeto concretiza aquilo que está no nosso Projeto Político Pedagógico – PPP (2012), no que concerne às concepções filosóficas de seres humanos, sociedade, educação, cultura e trabalho. Especialmente, quanto à concepção de educação inclusiva, quando assumimos o compromisso de preservarmos uma educação pautada na concepção de direitos iguais para todos, direcionando uma atenção especial aos que, devido a questões de pertencimento, de condições físicas, cognitivas, motoras, econômicas e sociais, dentre outras, estão mais vulneráveis a processos de exclusão ou de segregação social”, esclarece o Diretor-Geral, Jailton Barbosa.

A educação proporciona ao ser humano a oportunidade de mudar de vida, pois ela abre portas nunca imaginadas aos que não se preparam. “Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra,” afirma Anísio Teixeira. Literalmente, educar é crescer, é vida, pois a formação oportuniza ao aprendiz chances de lutar pelos próprios ideais de forma mais justa e igualitária. Isso pode acontecer mesmo quando esse aprendiz é um interno.

Por isso, também, vale a pena investir em educação por trás dos muros penitenciários, pois, apesar de essas pessoas “já” estarem descartadas e desacreditadas socialmente, elas podem, perfeitamente, encontrar força, por meio da educação, para mudarem de vida. Mas, para que isso possa acontecer, faz-se necessário haver quem acredite e invista nessa mudança, desenvolvendo projetos educacionais. Somente assim, o sonho de mudar poderá se tornar realidade na vida dos internos.  “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”, diz Paulo Freire.

Desenvolver e apoiar projetos que levam educação aos que estão por trás dos muros, às penitenciárias, é um ato de fé na mudança humana. Investir e acreditar, diretamente, na ressocialização são atitudes de pessoas nobres que tentam compreender e não apenas julgar. “Muitos não acreditam na ressocialização. Eu, particularmente, acho que é um processo lento, gradual e até difícil de acontecer, mas acredito que seja possível, sim! Geralmente, organizamos turmas com 13 internos. Se, dentre eles, um resolver mudar, transformando, assim, a sua vida, o nosso trabalho já é considerado válido, pois é uma vida e tem o seu valor particular! Acredito que vários internos tenham mudado de vida por meio da educação. Como profissionais, passamos por momentos gratificantes, que já compensaram os nossos esforços e dedicação à frente do trabalho educativo na Penitenciária Federal”, revela Lúcia Lima.

Encerramos essa matéria, que trata de reconhecimento e de ressocialização, duas bases sólidas e essenciais para a formação coerente do caráter humano, com as palavras de agradecimento da Coordenadora do Pronatec: “Quero agradecer à direção do IFRN/MO por haver confiado essa missão a mim, por acreditar no meu trabalho e por proporcionar condições de trabalho para podermos desenvolver nossos projetos educacionais na PFMOS, de forma eficaz. Se toda essa confiança não fosse creditada a nós, tudo quanto já foi realizado não teria sido possível. Por isso, divido com o Campus Mossoró e com a direção esse mérito. Aproveito, também, para agradecer aos organizadores que compõem a Penitenciária Federal de Mossoró, especialmente, ao atual Diretor, Azevedo, pelas lembrança e gentileza que tiveram para conosco”, finaliza Lúcia Lima.

O Campus Mossoró, por meio do Diretor-Geral, Jailton Barbosa dos Santos, e do Diretor Acadêmico, Hélio Henrique Cunha Pinheiro, parabeniza o excelente trabalho desempenhado pela Professora e Coordenadora do Pronatec, Lúcia Maria de Lima Nascimento, na Penitenciária Federal, em Mossoró/RN.

Certamente, o resultado desse trabalho oportunizador de mudanças de vida já pode ser observado no olhar de esperança de cada aluno recluso, que outrora estava, literalmente, desacreditado socialmente. “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou sua construção”, ressalta Paulo Freire.

 O que é o Pronatec?

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) foi criado pelo Governo Federal, em 2011, por meio da Lei 11.513/2011, com o objetivo de expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica no país, além de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino médio público.

O Pronatec busca ampliar as oportunidades educacionais e de formação profissional qualificada aos jovens, trabalhadores e beneficiários de programas de transferência de renda.

Os cursos, financiados pelo Governo Federal, são ofertados de forma gratuita por instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e das redes estaduais, distritais e municipais de educação profissional e tecnológica.

De 2011 a 2014, por meio do Pronatec, foram realizadas mais de 8 milhões de matrículas, entre cursos técnicos e de formação inicial e continuada.

Fontes: Lúcia Lima, Jailton Barbosa, Site oficial do Pronatec