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Acontece julgamento de Capitu

Um CAPÍTUlo à parte no IFRN.

Publicada em 12/07/2011 Atualizada há 1 ano, 3 meses

          A tarde do dia 08/07/2011 foi propícia a mudanças: o Auditório Thomé Filgueira, do IFRN - Campus João Câmara, transformou-se num tribunal para julgar a ré Capitu, personagem da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis; os alunos do 2º A e 2º B, do curso de Informática, assumiram papéis como advogados, juiz, promotor, testemunhas.

        Como, na atualidade, o adultério foi descriminalizado, para tornar possível o julgamento, os alunos basearam-se na lei do Código Penal de 16 de dezembro de 1830, art. 250, que diz: “A mulher casada, que cometer adultério, será punida com a pena de prisão com trabalho por um a três anos”. Essa lei funcionou como norte jurídico, pois além de o romance se passar entre os anos de 1857 e 1875, para compor o quadro de testemunhas, os alunos tiveram que considerar personagens da obra bem como especialistas (médicos, cientistas sociais, etc.) da época.

         Os alunos mergulharam na leitura machadiana e, a partir dela, puderam experimentar a prática argumentativa oral com planejamento prévio, para compor o tribunal de júri, negociando pontos de vista, estabelecendo contratos discursivos, respeitando as falas dos colegas/atores do discurso. Além disso, foram levados à reflexão sobre o tratamento conferido à mulher no século XIX.

        Para a professora responsável, Kalina Paiva, “em se tratando de argumentação, era muito importante que os alunos sentissem, na prática, que existe a hora de falar, de calar, de protestar contra a manipulação do discurso, enfim, queria que eles entendessem que há um jogo de interesses revelado ou implícito no discurso”.

       De fato, o objetivo foi cumprido quando o auditório assistiu à performance dos advogados Maria da Glória (acusação) e Allyson (defesa). Enquanto a defesa teceu uma tese de que Bentinho sofria de ciúme patológico, segundo o testemunho de um psiquiatra, sua contraparte mostrou uma Capitu dissimulada e manipuladora, capaz de enganar o próprio marido, criando uma linha argumentativa que levou até mesmo o cientista Gregor Mendel como testemunha. O embate entre os advogados deu-se desde os discursos de abertura, cujos protestos de ambos os lados tentavam quebrar as teses bem elaboradas. Capitu foi condenada por 5 votos a 3. Terminado o julgamento, a turma permaneceu unida. Ainda bem que as rivalidades ficaram no século XIX!