COVID-19
Enfrentamento à pandemia leva à suspensão do calendário acadêmico
No retorno das atividades, cronograma será redefinido e encaminhado para aprovação do Consup
Publicada em 23/03/2020 ― Atualizada há 1 ano, 8 meses
Com a publicação da Portaria 530/2020, o IFRN decidiu, na última sexta-feira (20), pela suspensão do calendário acadêmico em todos os seus campi, com exceção do Campus Natal-Zona Leste, responsável pelos cursos a distância. O grupo gestor do Campus Zona Leste fará avaliações quinzenais sobre a situação para novas tomadas de decisão.
Em relação aos cronogramas suspensos, no retorno das atividades, a proposta de atualização dos calendários será discutida pelo Comitê de Ensino (Coen) para posterior encaminhamento ao Conselho Superior (Consup). Isso quer dizer, com o retorno das atividades presenciais, as aulas e o ano letivo serão retomados.
A decisão pela suspensão dos calendários levou em consideração, principalmente, a falta de acesso de grande parte dos estudantes às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), o que impede a aplicação de ferramentas de ensino a distância a todos. A análise partiu do relato dos gestores no âmbito dos seus campi, a partir da realidade percebida, quanto ao acesso à internet.
Os relatos são reforçados pelos dados disponibilizados no questionário socioeconômico aplicado pela Instituição no momento da matrícula. De acordo com esses dados, aproximadamente 64% dos estudantes afirmam não possuir computador de mesa (desktop) em casa, enquanto 43% afirmam que não possuem notebook. Além disso, 36% deles afirmam não ter acesso à internet diariamente.
No caso dos cursos ofertados pelo Campus Natal-Zona Leste, os estudantes já se inscrevem sabendo que vão realizar os estudos a distância. Ainda assim, o Campus vai avaliar quinzenalmente a decisão porque parte das aulas acontecia presencialmente. Além disso, alguns dos matriculados dependiam dos polos de ensino a distância para utilizar o computador, explicou o diretor-geral, o professor José Roberto Oliveira.
Com 22 campi distribuídos pelo Rio Grande do Norte, o momento aponta para uma reflexão social sobre a necessidade de democratização do ensino e das Tecnologias de Informação e Comunicação, como pontua o diretor de Gestão em Tecnologia da Informação, André Duarte.
Os dados do questionário socioeconômico evidenciam que o acesso à internet por parte dos estudantes ocorre, principalmente, pelo smartphone. “A utilização somente do smartphone não é o cenário ideal para o acompanhamento de conteúdos e atividades para estudo a distância”, declarou André. Uma parcela de aproximadamente 6% de estudantes declarou ainda não possuir sequer aparelho celular e ficaria totalmente desassistida.
“A democratização do ensino passa, essencialmente, por dar aos nossos alunos condições de igualdade para que possam avançar em seu processo de ensino-aprendizagem”, afirmou a pró-reitora de Ensino do IFRN, Ticiana Coutinho.
O reitor Wyllys Farkatt acrescentou: “especialmente no interior do estado, a realidade de acesso à internet, principalmente em comunidades rurais, é bem diversa. O sinal é fraco e não queremos expor os nossos estudantes a precisarem sair do isolamemento para acompanhar os conteúdos ou prejudicá-los pela falta de condições técnicas para tal”.
A pró-reitora destaca ainda que, mesmo se houvesse acesso de todos os estudantes às TICs, seria necessário ao menos um período de adaptação dos currículos dos cursos presenciais para as aulas não presenciais. De acordo com o diretor do Campus Natal-Zona Leste, a Educação a Distância é uma importante modalidade de ensino, mas tem suas metodologias próprias e precisa ser bem planejada para ser bem aplicada.