COVID-19
Comitê divulga dados do Censo da Saúde
Ação, pioneira no estado, identificou contaminados e condições de saúde da comunidade acadêmica
Publicada em 28/08/2020 ― Atualizada há 1 ano, 8 meses
Em meio às discussões sobre a retomada das aulas presenciais no Rio Grande do Norte, muitas iniciativas têm sido realizadas para identificar melhor o perfil dos públicos e, assim, subsidiar as decisões quanto a um possível. O Comitê de Enfrentamento à Covid-19, que orienta o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), lançou-se nessa empreitada: decidiu que precisava compreender melhor qual o perfil da sua comunidade e investigar qual percentual já havia tido contato com o novo coronavírus. O resultado envolve dados de estudantes, servidores e trabalhadores de empresas terceirizadas em 22 campi, distribuídos em 18 municípios do RN, totalizando mais de 40 mil pessoas.
A iniciativa, que é pioneira no estado, foi realizada em parceria com o Núcleo Avançado de Inovação Tecnológica (Navi) do IFRN, que desenvolveu um sistema para a coleta dos dados entre os públicos e, ainda, uma plataforma para notificação de novos casos. “Entendemos que temos uma comunidade com perfil muito diverso. São centenas de estudantes em situação de vulnerabilidade, circulando entre municípios no estado e isso pode fazer a diferença no cenário de controle da pandemia. Precisávamos compreender melhor a dinâmica da Instituição e foi isso que fomos buscar”, explicou Thiago Raulino, presidente do Comitê do IFRN.
A análise da situação da saúde do Instituto foi planejada para ocorrer em duas etapas. A primeira, já finalizada, levantou os dados de pouco mais de 40% da comunidade acadêmica do Instituto. Esses dados agora estão sendo analisados pelo Comitê – e pelas comissões constituídas nos campi da Instituição – e vão orientar elaboração dos planos de contingenciamento locais nas 22 unidades e na Reitoria, seguindo diretrizes do Plano de Contingência do IFRN, aprovado no mês de junho pelo Conselho Superior (Consup) da Instituição. A segunda etapa deverá ser realizada somente quando houver sinalização de condições para um retorno presencial das atividades escolares, sem data prevista.
Dados percentuais
Os dados, que foram levantados entre junho e julho, revelam que um percentual muito pequeno da população da Instituição havia sido contaminado e diagnosticado pelo novo coronavírus, pouco mais de 1,7%. No entanto, um percentual superior, aproximadamente 12%, apresentou sintomas sugestivos para a doença. “Acreditamos que esses percentuais são reflexos de dois aspectos. Primeiro, o maior isolamento dos estudantes em razão da suspensão das atividades presenciais e depois do número pequeno de testes que ainda eram realizados quando a coleta de dados foi realizada. Como sabemos, o Brasil é um dos países que menos testa para a Covid-19”, destacou Dalyanne Morais, representante do Comitê.
Mesmo com um público formado predominantemente por adolescentes e adultos, 9,6% da comunidade acadêmica do IFRN compõe o grupo de risco. Isso em razão da presença de comorbidades como hipertensão, diabetes, doenças crônicas, entre outras. Outro fator que precisou ser considerado, por causa do perfil dos indivíduos que formam o IFRN, foi a residência com pessoas que compõem o grupo de risco. Nesse quesito, 61,4% dos respondentes afirmou residir com integrantes desse grupo, o que acende um alerta, já que a transmissão do vírus entre os habitantes de uma mesma moradia é facilitada pela convivência no mesmo espaço.
“Isso nos levou a investigar também as condições de moradia e identificamos que mais de 74% dos respondentes reside com mais de 3 pessoas. Desse percentual, quase 20% reside com 5 pessoas ou mais. Nesse contexto, falar de isolamento para contaminados é um desafio”, destaca Valéria Oliveira, assistente social do IFRN. Os desafios aumentam ainda mais quando se leva em consideração o perfil socioeconômico dos estudantes do Instituto, que possuem renda per capita inferior a meio salário-mínimo.
Deslocamento
Os dados da pesquisa evidenciaram a realidade da comunidade institucional em relação ao deslocamento diário: praticamente metade das pessoas que frequentam os campi da Instituição residem em outros municípios. Desses, mais de 80% circulam entre os municípios diferentes diariamente. “Olhando para os dados da taxa de transmissibilidade hoje, por exemplo, temos campi em municípios considerados da zona segura, mas que têm estudantes de municípios em zona de perigo. Institucionalmente, temos um cenário muito complexo, o que será levado em consideração no momento oportuno ao retorno de atividades presenciais”, destaca Thiago Raulino.
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