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Escola não pode estar alheia ao cultivo da sensibilidade

Afirmação é de professor da UFCG em palestra no campus Caicó

Publicada em 16/04/2011 Atualizada há 1 ano, 3 meses


Por André Alves

 

Poesia dá camisa? Essa pergunta, à queima-roupa, teve comoresposta uma das palestras mais livres, leves e soltas que o auditório docampus Caicó jamais vira. As respostas foram amplas, dadas por um apaixonadopelos versos, o professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG),José Hélder Pinheiro Alves, que falou sobre o assunto na manhã deste sábado,durante as comemorações do Dia da Poesia.

Poesia pode até, aparentemente, servir para nada, nadamesmo. Mas ler um poema, lembrou o professor Hélder, é convidar as pessoas arefletir sobre a existência e as mais diversas situações que o ser humanoenfrenta. “Serve para nos alegrar, nos fazer sonhar, refletir; é essencial paraa vida, mas está na contramão de muita coisa”, apontou.

“A poesia não está só na grande cidade, no grandeacontecimento, pode estar na sua cozinha, no e-mail que você passa, na conversacom os amigos”, arrematou o palestrante diante de um auditório lotado composto,em ampla maioria, por alunos atentos. A conversa é uma necessidade e a poesiase encontra no cotidiano. Para ilustrar essas afirmações, o professor Hélderbuscou a poetisa mineira Adélia Prado. Antes, já havia trazido o cariocaVinícius de Moraes. Também tiveram vez Arnaldo Cipriano, Patativa do Assaré eManuel Bandeira.

Referindo-se ao cearense Patativa do Assaré, HélderPinheiro afirmou que se abrirmos livros de história da literatura brasileira,dificilmente serão encontrados poetas populares. Há necessidade de mudar essequadro e a escola é lugar de oferta dessa diversidade poética. Se a poesia é ummodo de sentir o mundo, a escola não pode estar alheia ao cultivo dasensibilidade, item essencial principalmente em instituições de ensino técnico.“A poesia dá à gente um grãozinho de racionalidade todo dia”, acrescentou.

Cearense, membro de família numerosa (tem 10 irmãos e 26sobrinhos), o professor Hélder passou por salas de aula do ensino primário aomédio, até chegar ao magistério universitário e já conta 18 anos de UFCG. Éautor de Pesquisa em literatura (Bagagem,2001), Poesia na sala de aula(Bagagem, 2007) e Pássaros e bichos navoz de poetas populares (Bagagem, 2004), além de outras obras.

“A vida oferece milhões de possibilidades”,disse Hélder à plateia, “o perder agora é um ganhar de possibilidades no futuro”.Diante de tal afirmação, podemos trazer a pergunta inicial, feita antes dapalestra: “Poesia dá camisa?”. A resposta também podem ser versos de um autorcujo nome se perdeu no vento: “Poesia não dá camisa / mas o poeta quando temuma musa / vive de brisa.”